ÍNDIA (Parte I)

A Índia (भारत गणराज्य), oficialmente República da Índia ou ainda Bhārat Gaṇarājya, é o sétimo maior país em área geográfica, o segundo mais populoso e a democracia mais populosa do mundo.

Delimitado ao sul pelo Oceano Índico, a oeste pelo mar da Arábia e a leste pela Baía de Bengala, tem uma costa com 7.517 km, o país é ainda delimitado a oeste pelo Paquistão; a norte pela República Popular da China, Nepal e Butão e a leste pelo Bangladesh e Mianmar.




A decisão de visitar a Índia foi completamente circunstancial… não era um país que estivesse nos meus top 5, mas a vida tem destas coisas e às vezes vai-se mesmo é para onde a vida nos leva e pronto… é como aquela história do “não faças planos para a vida para não estragares os planos que a vida tem para ti”... ahaha. Na verdade a Índia foi tanto uma boa como uma má surpresa, é que apesar de muitos encantos tem também muito de pouco encantador, mas valeu muito a pena pelo que vivi e pelo que aprendi.

Mas falando das circunstâncias: se tivesse cumprido os meus planos iniciais teria ido para a
América do Sul, nada a ver, não é? Pois… quando a vida troca as voltas troca-as mesmo… Tinha combinado com a Filipa Matos que era desta que nos íamos aventurar à séria pelas Américas, a Pipa estava desejosa de conhecer a Argentina e a Amazónia e eu confesso que havia poucas alternativas à Patagónia que me fizessem mudar de ideias… Entretanto o Rui Bom, que vive em Shanghai (que já conhecem da minha viagem à China e Malásia) tinha-me também falado em mergulhar no Belize. O plano compunha-se, já que ia estar “por ali” ir ter com o Rui para uma semana de mergulho, a seguir a viajar um pouco pelas Américas, pareceu-me um bom plano…

Mas… aí vem o mas… lá pelo meio a Filipa diz que já não vai poder ir, o Rui diz que afinal vai ficar pela ásia e sugere como alternativa de mergulho nas ilhas Andamans (Índia) e a Marta Danhis diz-me que se eu for para a ásia também vai (embora depois tenha acabado por não ir)… De qualquer forma, entre ir sozinha para as Américas e deixar a Filipa verde de inveja (ahaha) ou poder passar uns tempos a viajar nas boas companhias tanto da Marta como do Rui a escolha era óbvia… Ásia seria… Comecei a pensar em países como Tibete, Nepal, Myanmar, Sri Lanka que tinham todos em comum o estarem mesmo ao lado da Índia, que por isso independentemente dos planos acabaria por visitar este país (achava que ir à Índia só pela Índia nunca iria por isso mais valia aproveitar ahah)… Entretanto o Rui sugere visitarmos juntos o Rajastão e foi assim que a Índia entrou definitivamente mais à séria nos meus planos asiáticos…

Acabei por visitar a Índia quase toda (exagero) e como dizia acima aprendi muito. Quem me conhece bem sabe que eu não resisto a um bom desafio filosófico, mental ou até espiritual e conhecer melhor a cultura deste país foi uma delícia e um privilégio! Obrigada vida, por me trocares as voltas! ahahah

1. De KATHMANDU a BIRGANJ (Nepal)

Bem, quem tenha tido a paciência de ler as palavras que escrevi acima, sabe só contava visitar a Índia se isso implicasse conhecer outros países à volta … A minha onda era mais: “vou ao Nepal ou ao Tibete ou a Myanmar ou algo assim mais exótico e já que estou “por ali” claro que também vou querer ir à Índia…” E assim foi… por isso vão entender porque começo a minha viagem com o percurso desde Kathmandu no Nepal até ao ponto de encontro com o Rui em Agra…

Este trajecto foi um filme… à conta do menino Rui… ahah a minha ideia era ir ter com o Rui a Varanasi dai seguíamos para Agra, Delhi e Rajastão… seguindo esta linha não deixaria nada para trás do que queria visitar… Até aqui tudo bem… mas… e lá vêm os “mas”… o Rui diz-me que afinal vai sair de Varanasi dois dias antes do previsto… conclusão tive de acelarar tudo para conseguir chegar a horas ao encontro dele que assim possivelmente já não seria Varanasi mas Agra…

Para conseguir chegar a tempo onde quer que fosse ia ter de improvisar e com a ajuda do meu guia nepalês lá descobrimos uns jeeps que fariam o caminho até à fronteira com a Índia com a fronteira em 5 horas em vez das habituais 8 (leia-se 10 ou 12)…

O Jeep era um susto mas o importante era estar a caminho e na verdade não era um Jeep com mau aspecto que me iria transtornar… e enquanto houvesse paisagens giras para disfrutar, estaria mais atenta ao exterior ou perdida em pensamentos, que ao próprio carro.





Vou aproveitar a viagem para falar um pouco da Índia…

O Subcontinente indiano, lar da Civilização do Vale do Indo, (os gregos clássicos referiam-se aos indianos como Indoi - povos do Indus - de onde derivou o nome Índia), foi lar de rotas comerciais históricas e de vastos impérios ao longo de grande parte da sua história…
A importância da Índia é clara se virmos a influência que a sua cultura, economia e política exerceram ao longo de milénios na história e na cultura dos países do sudeste asiático, do centro e leste da Ásia, como Indonésia, Cambodja, Tailândia, China, Tibete, Afeganistão, Irão e Turquestão e até do resto do mundo.





Os primeiros agrupamentos permanentes conhecidos na região apareceram há mais de nove mil anos e evoluíram gradualmente para a civilização do vale do Indus. Seguiu-se o período Védico, que criou as fundações do hinduísmo e outros aspectos culturais da primitiva sociedade indiana. Por volta de 550 a. C., muitos reinos e repúblicas independentes conhecidos como os Mahajanapadas foram estabelecidos ao longo do país. No século III a.C., a maior parte do sul da Ásia foi unida no império de Maurya e floresceu sob Ashoka, o grande. Desde o século III d. C., a dinastia de Gupta dominou o período referido pelos antigos como a "Idade dourada da Índia"; impérios no sul da Índia incluíram o Chalukyas, o Cholas e o império de Vijayanagara. A ciência, a engenharia, a arte, a literatura, a astronomia, e a filosofia floresceram sob o patrocínio destes reis.






Às incursões, nos séculos VIII e XIII, dos exércitos árabes e centro-asiáticos em busca da lendária riqueza indiana, seguiram-se as de comerciantes da Europa a partir da chegada de Vasco da Gama. A Companhia Inglesa das Índias Orientais foi fundada em 1600 e iniciou, desde 1757, a colonização de partes da Índia. No final do século XVIII, o Império Britânico incorpora a Índia (a "Jóia da Coroa").
A resistência não-violenta ao colonialismo britânico, chefiada por Mahatma Gandhi, Vallabhbhai Patel e Jawaharlal Nehru, levou à independência frente ao Reino Unido em 1947. O subcontinente foi partilhado entre a República da Índia, secular e democrática, e a República Islâmica do Paquistão. Como resultado de uma guerra entre aqueles dois países em 1971, o Paquistão Oriental tornou-se o Estado independente do Bangladesh.

Antes de passarmos à frente, reparem nas estradas que estamos a percorrer… ainda bem que vos estou a manter distraídos com a história… não é? Sorte a minha que já não ligo muito a estes stresses, sei de um par de pessoas que prefeririam ir a pé que a seguir neste Jeep por estas estradas… ahahha Não é que não ache perigoso mas não sofro muito por antecipação confesso…





Após uma saga de viagem e agora que já estamos em terra mais firme… vou continuar a interromper a história para vos contar um pouco mais da viagem…

A chegada à fronteira foi longa… acima de tudo porque demorámos quase uma hora a fazer os últimos quilómetros… eu não me importo com jeeps a cair aos bocados (exagero), com estradas sinuosas e precipícios ameaçadores… agora trânsito?? Trânsito é que não!! Os meus companheiros de Jeep devem ter estranhado que agora depois de passados os perigos é que eu só queria sair do carro para fora! Ahaha

Foi nesta altura, em conversa com um casal indiano que vivia perto da fronteira que tentei informar-me de quais as minhas opções do lado indiano… o guia nepalês só me sabia pôr na fronteira o resto seria comigo… a minha ideia era ir da fronteira até a uma linha de comboio que fizesse ligação com Varanasi… ainda contava apanhar o Rui quanto mais não fosse à saída de Varanasi…

O casal que iria ter um motorista do lado indiano, ofereceu-se para procurar comigo um transporte para Patna, onde apanharia o comboio…


2. DE RAXUAL A AGRA (Bihar e Uttar Pradesh, Índia)

Desta vez lá me lembrei de procurar pelos dois postos de fronteira, como já tinha falado no post do Nepal, estas fronteiras terrestres são simples estradas com edifícios indistintos dos dois lados e se não formos atentos corremos o risco de sair ou entrar nos países sem os devidos carimbos ou vistos nos passaportes…

Enquanto o casal esperava paciente por mim lá entrei e sai dos dois postos, primeiro no de saída do nepal e em segundo, no de entrada na Índia… Neste senhor que era uma simpatia e extremamente culto fez-me uma série de perguntas mais de cortesia que outra coisa, mas imaginem a minha situação… por um lado tinha o casal e a fila pequena à minha espera, por outro não podia deixar de responder às perguntas do guarda de fronteira ou ainda me negava a entrada… uma daquelas situações… lá lhe pedi-lhe indicações para seguir para Patna explicando que tinha um casal que me aguardava e indicou-me uma estação de autocarros… Mas não estão mesmo a ver a situação… foi sai do Jeep, entra no carro, sai do carro a correr para o primeiro posto, não era ali, entra no carro, sai do carro a correr para o primeiro posto segunda tentativa, entra no carro, sai do carro a correr para o segundo posto, e depois aparentando calma ainda fico à conversa com o guarda com os senhores à espera… ahaha

Bem mas lá me deixaram no autocarro que partiria dentro de 1 ou 2h para Patna, onde chegaria de madrugada…




Cheguei a Patna penso que seriam umas 4 da manhã… por esta altura estava a viajar há 15h… Só queria entrar num comboio e chegar a qualquer ao meu destino… Mas apanhar o comboio para Varanasi não foi nada fácil… a estação era uma confusão pegada, várias bilheteiras muito longe umas das outras, filas intermináveis de gente acampada pelo chão, etc… e dirigi-me à primeira bilheteira que encontrei mais vazia, era só para mulheres, mas o acotovelanso era tanto que achei melhor ir para uma das outras… aí mandaram-me para qualquer lado… mas não entendi nada do que diziam, apenas percebi que não me iam vender um bilhete para um comboio tão depressa quanto queria… o que se passa é que há classes e classes dentro dos comboios e normalmente não se vendem bilhetes dos piores a turistas…por esta altura ainda não estava muito familiarizada com estas coisas e só queria um bilhete de comboio… Um indiano que assistiu e que falava inglês ofereceu-se para ajudar e comprou o bilhete por mim…

Conclusão… quando chego ao comboio e entro na carruagem que me era destinada só pensei que agora é que a saga ia mesmo começar… imaginem o que é estarem a viajar há mais de 15h e quando pensam que vão ter um pouco de descanso e sossego, entram na própria da feira… gente pelo chão, nos bancos, nos corredores, nos beliches, a comer, a falar, muitos descalços, bébés ao colo, deitados em bancos, vendedores que abriam caminho a gritar chai chai, xamussi, xamussi e tudo a olhar para mim com um ar espantado… enfim eu só pensei … … … - pronto demorei um pouco até conseguir pensar alguma coisa… - pensei, (a penny for my thoughts?): “não posso sair senão isto arranca e fico na plataforma e sabe Deus quando consigo apanhar outro comboio, portanto até à próxima paragem, pelo menos, vou ter de ficar aqui… mas onde me vou sentar???

Acreditem que havia lá de tudo...



Lá me arranjaram um “lugar” (10cm*10cm) num banco onde estavam 10 no lugar de 6… De resto, isto é como tudo, o cansaço e a inércia têm a sua voz e acharam que naquele comboio não ia haver alternativa e trocar de comboio estava fora de questão… (mais 1h de voltas nas bilheteiras para me dizerem que só tinham lugar nessa tarde… não!) pelo que, decidimos, eu o cansaço e a inércia, que se arranjássemos um encosto, iriamos ficar… Convenci um rapaz a emprestar-me o lugar da janela… ele não se importou e lá continuei viagem…

Uma coisa fantástica nos indianos é este despreendimento que pelo “seu” e pelo ego que se nota neste tipo de coisas, eles cedem lugares, encolhem-se para sentar mais um, levam cotoveladas e nunca fazem aquele ar de “ai não me toques” que eu faria se me fizessem metade das coisas… confesso que visitei muito a minha consciência enquanto estive na Índia…

Bem mas agora à janela e encostada, enchi-me de novo vigor para o que estava a mostrar ser uma looonnngggaaa viagem, é que além de tudo aquele comboio era leeennnnttttooo demais!








Vamos voltar de novo à história da Índia para nos distrairmos um pouco da confusão que nos rodeia…

A Índia é uma república composta por 28 estados e sete territórios e tem uma democracia parlamentar. As reformas económicas feitas desde 1991, transformaram o país numa das economias de mais rápido crescimento do mundo. Apesar disto, devido à imensa população de mais de 1,1 bilhão de pessoas ( e deviam estar todas naquele comboio), a renda per capita é consideravelmente baixa. Aliás apesar da existência de uma classe média grande e crescente de 300 milhões de pessoas, mais de 25 por cento da população vive abaixo da linha de pobreza.

Os maiores problemas que se vivem na Índia prendem-se com uma infra-estrutura insuficiente (eu que o diga…), uma burocracia pesada, altas taxas de juros e uma "dívida social" elevada - pobreza rural, sub-nutrição, analfabetismo residual, sistema de castas, corrupção, etc..

Ah, mas olhem agora pela janela, penso que estamos a passar o Ganges… isto já depois de umas boas 6h de comboio… (devem ter sido pelas minhas contas… devo ter adormecido em pé a certa altura ou então vinha em transe porque agora quando olho para trás não consigo imaginar que estive naquele comboio entre as 7 da manhã mais hora menos hora e as 7 da tarde (mais hora menos hora, já não me lembro mas sei que entrei no comboio de manhazinha e só sai já ao cair da noite…) Bem mas lembro-me que por esta altura decidi ou decidiu a inércia, que iria directa a Agra, agora só pararia num sítio onde fosse para passar a noite!





Mas continuando a falar da Índia... É uma sociedade pluralista, multilingue e multi-étnica onde quatro grandes religiões, Hinduísmo, Budismo, Jainismo e Sikhismo se originaram, e outras que ali chegaram como o Zoroastrismo (religião antiga do irão), o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo moldaram a diversidade cultural da região… que é de facto fabulosa…

As paisagens do caminho, oscilavam entre os bonitos e vastos campos e as cidades degradadas e estações imundas a cada paragem do comboio…






Apesar de tudo, na verdade a Índia possui lugares históricos e culturais impressionantes e é também é o lar de uma grande diversidade de animais selvagens e de habitats protegidos. E são os palácios dos marajás, os desertos, as praias, e as fantásticas paisagens, etc., os motivos mais que suficientes para visitar este país.




3. AGRA (Uttar Pradesh)

Cheguei a Agra ao cair da noite, fui directa para o hotel, tomei um bom banho, comi e fui dormir… depois de uma viagem de 30 e tal horas, era só o que queria!

Na manhã seguinte o Rui chegaria a Agra e tinha ficado de me encontrar com ele bem cedo…

Agra situa-se nas margens do rio Yamuna. Foi fundada em 1566 pelo sultão Akbar e tem cerca de 1.400.000 habitantes... O famoso Taj Mahal é o principal tesouro artístico da cidade.

Ainda estava a dormir ou a acordar quando o Rui me ligou a dizer que tinha chegado mais cedo… e ainda com pouco descanso, lá tive de andar na correria para ir ter com ele ao Taj Mahal…

O Taj Mahal ताज महल é um dos monumentos mais famosos do país e em 1993, foi eleito como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO. Visto do terraço do hotel ou de algum sítio onde almoçámos depois parece uma miragem na paisagem…

O complexo está limitado por três lados por um muro em pedra encarnada com diversas entradas e foi por uma dessas portas que entrei...




Lá dentro encontrei-me com o Rui e com um guia local que ele tinha arranjado e lá fomos visitar o complexo.

O imperador Shah Jahan mandou-o construir em memória da sua esposa favorita, Aryumand Banu Begam, a quem chamava de Mumtaz Mahal ("A jóia do palácio") e que morreu após dar à luz o 14º filho. O imperador, desolado, iniciou quase de seguida a construção do Taj como oferta póstuma. A obra foi feita entre 1630 e 1652 com a força de cerca de 20 mil homens, sendo considerada a maior prova de amor do mundo. Todos os pormenores do edifício mostram a sua natureza romântica e o conjunto promove uma estética esplêndida.

A fotografia da praxe à chegada, há qualquer coisa de surreal quando se olha para o Taj Mahal, é como se se estivesse a olhar para uma projecção, algo incorpóreo…





O Taj Mahal incorpora e amplia as tradições idílicas do Islão, da Pérsia, da Índia e da arquitectura mogol antiga que sob o mecenato de Shah Jahan, alcançou novos níveis de refinamento. Antes do Taj Mahal era habitual edificar com pedra encarnada, mas o imperador promoveu o uso de mármore branco com incrustações de pedras semipreciosas.

O foco visual do complexo do Taj Mahal, é o famoso mausoléu de mármore branco, com uma altura aproximada de 60 metros cuja cúpula principal tem 20 metros de diâmetro e 25 de altura. Como a maioria dos edifícios funerários mogóis, os elementos básicos são de origem persa, como este Iwan, uma espaço abobadado com um portal de acesso chamado de pishtaq decorado com faixas de caligrafia e desenhos geométricos.

Cada minarete foi construído levemente inclinado para fora do conjunto. Desta maneira, em caso de queda, algo não tão improvável nesse tempo para construções de semelhante altura, o material iria cair longe do templo.






O edifício consiste numa grande superfície dividida em múltiplas salas, das quais a central alberga o cenotáfio de Muntaz e do próprio Shah Jahan. A tradição muçulmana proíbe a decoração elaborada das campas, pelo que os corpos de Mumtaz e Shah Jahan descansam numa câmara relativamente simples debaixo da sala principal do Taj Mahal. Estão sepultados segundo um eixo norte-sul, com os rostos inclinados para a direita, em direcção a Meca.



Supõe-se que o imperador pretendesse fazer para ele próprio uma réplica do Taj Mahal original, em mármore preto, na outra margem do rio, seria a o "Mahtab Bagh", ou seja, "Jardim de Luz da Lua". Mas a pouco tempo do término da obra do Taj Mahal, Shah Jahan adoeceu gravemente e o seu filho Shah Shuja declarou-se imperador em Bengala, enquanto Murad, com o apoio do seu irmão Aurangzeb, fazia o mesmo em Gujarat. Apesar deste golpe, foi permitido a Shah Jahan continuar a viver exilado no forte de Agra.

A lenda conta que passou o resto dos seus dias observando pela janela o Taj Mahal. Depois da sua morte em 1666 o seu filho sepultou-o neste mausoléu lado a lado com Muntaz em vez de lhe construir um mausoléu próprio como era característico para os imperadores. Isto criou uma ruptura na simetria da sala como se pode ver na fotografia. Esta atitude é atribuída à malícia ou à indiferença do filho que já tinha afastado o pai do poder, mas na verdade o Islão evita todo o tipo de ostentação, especialmente no aspecto funerário, por exemplo era normal usarem simplesmente um sudário para sepultar os mortos. Já os pais de Shah tinham sido sepultados do mesmo modo. Os livros islâmicos descrevem a sepultura em ataúdes como "um gasto inútil, que poderia ser melhor utilizado para alimentar o faminto ou ajudar o necessitado".






O principal material empregue para a construção foi o mármore branco trazido em carros puxados por bois, búfalos, elefantes e camelos desde as pedreiras de Makrana, no Rajastão, a mais de 300 km de distância. O segundo material mais utilizado foi a pedra arenisca rochosa utilizada em combinação com o mármore negro. Praticamente toda a superfície do complexo foi ornamentada refinada e detalhada. O Taj Mahal inclui outros materiais trazidos de toda a Ásia - mais 1.000 elefantes transportaram materiais de construção dos confins do continente. O jaspe foi importado do Punjab, e o cristal e o jade, da China. Do Tibete trouxeram-se turquesas e do Afeganistão, o lápis-lazúli, enquanto as safiras provieram de Ceilão e os quartzos da Península arábica. No total utilizaram-se 28 tipos de gemas e pedras semipreciosas para fazer as incrustações no mármore.

É interessante ver de perto os pormenores deste edifício que só ao longe já é uma autêntica maravilha… de certa forma, ao perto até parece perder aquele encanto mágico, é que de facto vimos que afinal é real e isso de certa forma desilude-nos…





Os elementos decorativos, em forma de pintura ou estuque, incrustação de pedras ou esculturas, uma vez que a religião islâmica proíbe a representação da figura humana, compõem-se apenas de: escrita, elementos geométricos abstractos, e flores. A técnica da incrustação sobre as placas de mármore apresenta tal perfeição que mal se distinguem as juntas, e uma flor, de apenas sete centímetros quadrados pode ter 60 incrustações diferentes. As passagens do Corão foram criadas pelo calígrafo persa da corte mogol Amanat Khan e a sua assinatura surge em vários painéis. Referem temas de justiça, de inferno para os incrédulos e de promessa de paraíso para os fiéis. As letras estão incrustadas com quartzo opaco sobre painéis de mármore branco. Os painéis superiores estão escritos com caligrafia proporcionada para compensar a distorção visual ao observá-los desde baixo. A sua cúpula está costurada com fios de ouro.




Alguns elementos perderam-se ao longo do tempo, entre eles: Os portões de prata do forte de acesso; as folhas douradas que cobriam as juntas metálicas das cantarias de mármore em torno dos cenotáfios; numerosas tapeçarias que cobriam os interiores do mausoléu; e as lâmpadas esmaltadas do interior. Entre as falsas perdas mais difundidas, destacam-se: As folhas de ouro, que supostamente cobriam toda a parte da cúpula principal; os diamantes, supostamente incrustados nos cenotáfios; e o tecido de pérolas, que segundo alguns cobria o cenotáfio de Mumtaz.




A entrada principal do complexo, a "darwaza", é um edifício monumental construído também em pedra encarnada. As suas arcadas repetem as formas do mausoléu, e incorporam a mesma caligrafia decorativa. Originalmente a entrada fechava-se com duas grandes portas de prata, que foram desmontadas e fundidas pelos jats em 1764.

Uma coisa que vão ver repetidamente neste post são fotografias minhas com estranhos que ia encontrando pelo caminho... Pediram-me imensas vezes para tirarem fotografias comigo e nunca recusei, apenas aproveitei para tirar uma também com a minha máquina… Na verdade se gostavam de ter uma fotografia com a turista também a turista achava graça ter uma fotografia com eles…





No complexo existem vários mausoléus secundários, incluindo os das demais viúvas de Shah Jahan e do servente favorito de Mumtaz e junto ao mausoléu principal erguem-se dois grandes edifícios laterais paralelos aos muros este e oeste. Ambos são fiéis ao reflexo um do outro. O edifício ocidental é uma mesquita para 569 fiéis e o seu oposto é cujo sentido original era balancear a composição arquitectónica e crê-se ter sido usado como hospedaria e não tem minarete.




Os amplos jardins divididos em quadrados mediante a cruz formada pelos canais e incluem canteiros de flores, caminhos elevados, avenidas de árvores, fontes e cursos de água que reflectem a imagem dos edifícios, produzindo um efeito adicional de simetria.

Nos textos místicos do Islão no período mogol, o paraíso é descrito como um jardim ideal, pleno de abundância, referem quatro rios que surgem de uma fonte central, constituída por montanhas, e que dividem o Éden em quatro partes segundo os pontos cardeais, por isso a maioria dos jardins mogóis são de forma rectangular, com um pavilhão central. O Taj Mahal é invulgar neste sentido, já que situa o edifício principal, o mausoléu, num dos extremos fundamentando as teses da intenção de SXXX continuar a construção do complexo do ouro lado do rio.

A água para o Taj Mahal provinha de uma complexa infra-estrutura que incluía uma série de mecanismos movidos por animais que a levavam a grandes cisternas, onde, mediante outros mecanismos similares, era elevada a um grande tanque de distribuição. As descrições mais antigas do jardim mencionam sua profunda vegetação, com abundância de rosas, narcisos e árvores de fruto. Com o declínio do império mogol também decresceu a manutenção, e quando os britânicos assumiram o controle do Taj Mahal, introduziram modificações paisagísticas que reflectissem melhor o estilo dos jardins de Londres.






Curiosidades: Uma história frequentemente repetida narra que Lord William Bentinck (governador da Índia na década de 1830) pensou em demolir o Taj Mahal e vender o mármore. Em algumas versões do mito, a demolição esteve iminente, mas não começou porque Bentinck foi incapaz de criar uma projecto viável do ponto de vista financeiro. Não há provas da época sobre tal plano, que pode ter sido difundido no final do século XIX quando Bentinck era criticado pelo seu insistente utilitarismo e Lord Curzon (responsável pela restauração) enfatizava a negligência em que haviam incorrido os anteriores responsáveis do monumento, apresentando-se a si mesmo como um salvador do património indiano.

O monumento tem sido protegido ao longo do tempo… Em 1942 o governo construiu um andaime gigantesco para cobrir a cúpula, prevendo um ataque aéreo da força aérea alemã e, posteriormente, da força aérea japonesa. Esta protecção voltou a erguer-se durante as guerras indo-paquistanesas, de 1965 a 1971. Desde 1984 que as visitas em noites de luar tinham sido proibidas por receio de atentados da rebelião Sikh. Hoje em dia as autoridades de Agra permitem novamente essas visitas onde se pode comprovar que o mármore branco apresenta características de fluorescência sob a luz da Lua.





Recentemente, alguns sectores sunitas reclamaram para si a propriedade do edifício, baseando-se de que se trata do mausoléu de uma mulher desposada por um membro deste culto islâmico. O governo indiano rejeitou a reclamação considerando-a mal fundamentada, afirmando que o Taj Mahal é propriedade de toda a nação indiana.

As ameaças mais recentes ao complexo provêm da poluição ambiental nas ribeiras do rio Yamuna e da chuva ácida causada pela refinaria de Mathura. Ambos os problemas têm sido objecto de vários recursos ante a Corte Suprema da Justiça da Índia. Ordens judiciais levaram ao fim da circulação de veículos motorizados em redor do complexo e as alternativas não tardaram a surgir...
Desde 1985 também se tem vindo a notar instabilidade na estrutura do mausoléu, incluindo a inclinação progressiva dos altos minaretes.






Agra tem mais para ver, nomeadamente o Forte de Agra, mas optámos por seguir viagem o nosso objectivo era passar alguns dias no Rajastão e diziam que mais valia a pena visitarmos o Red Fort em Delhi...

Aproveito para mostrar algumas fotografias da viagem de comboio, agora de Agra a Delhi e outras do estado em que ficou o meu casaco outrora branco, depois da viagem desde Kathmandu…





Passámos um ou dois dias em Delhi antes de seguirmos para o Rajastão mas como voltei a Delhi antes de regressar a Portugal e foi nessa altura que visitei melhor a cidade, vou deixar Delhi para o fim e vou seguir já com a narrativa para Jaipur…

4. JAIPUR (Rajasthan)

Jaipur foi fundada em 1727 pelo Maharaja (Marajá) Sawai Jai Singh II. Até aí a capital do reino era Amber a 11 km de distância, mas com o aumento da população e a crescente escassez de água o Marajá sentiu a necessidade de construir uma nova capital.

O Marajá era um amante da astronomia, matemática e astrofísica, consultou vários livros sobre arquitectura e arquitectos, antes de fazer o layout de Jaipur e procurou o conselho de Vidyadhar Bhattacharya, um estudioso brâmane de Bengala, para ajudá-lo a projectar a cidade.

Umas fotografias da guest house onde ficámos, muito engraçada, e os donos eram uma simpatia.




Os quartos também eram giros faziam lembrar aquelas cenas das mil e uma noites… mas não tenho fotografias... ooooh.. Rui, tiraste?

Jaipur foi construída em quatro anos seguindo os princípios de Shilpa Shastra que são vários textos hindus que descrevem artes manuais, as normas para a iconografia religiosa hindu, etc. Enumeram 64 artes ou ofícios, “bahya-kala” ou artes práticas, incluindo a carpintaria, arquitectura, joalharia, representação, dança, música, medicina, poesia, etc, e 64 abhyantara-kala ou "ciências ocultas" ', que incluem "as artes eróticas", como beijos, abraços, etc. Englobam, num espantoso Vaastu Shasta (tratado de arquitectura), as regras da arquitectura hindu para o conforto e prosperidade dos cidadãos...

O Vaastu Shasta, tem semelhanças com o Feng Shui chinês, ambos tem como premissa o viver em harmonia e equilíbrio com o ambiente, embora tenham grandes diferenças na maneira de operar, provavelmente devido ao facto de terem origens diferentes.

O Vaastu Shastra considera a Terra como uma entidade viva que impulsiona a vida dos outros seres vivos. O que torna a vida possível no nosso planeta é a presença em equilíbrio dos cinco elementos da natureza (Panchmahabhuutas) dos quais se deve tirar proveito para criar um ambiente de vida e trabalho agradáveis, facilitando assim o bem-estar espiritual e abrindo caminho para a saúde melhorada, riqueza, prosperidade e felicidade. Embora no Feng Shui se fale em madeira, fogo, terra, metal e água, os cinco elementos do Vasstu Shastra são - Prithvi (terra), Agni (fogo), Tej (luz) Vayu (vento) e Akasha (espaço) que oferece abrigo a todos os elementos acima e é também considerado o condutor primário de todas as fontes de energia dentro do contexto universal: as energias físicas, tais como som e luz, as energias sociais, como a psicológica e emocional e as energias cognitivas, tais como o intelecto e a intuição.

Outras regras do Vaastu Shasta são atribuídas às considerações cosmológicas - o caminho do sol, a rotação da Terra, o campo magnético, etc. O sol da manhã por exemplo, é considerado especialmente benéfico e purificante e portanto, o leste é uma direcção estimada. Outra consideração do Vaastu Shastra ou Feng Shui… não sei bem… tem a ver com o corpo ser considerado como um íman com a cabeça, a parte mais pesada e mais importante, o pólo norte e os pés, o pólo sul, daí ser considerarem nocivo dormir com a cabeça direccionada norte por se acreditar que isso cria uma força de repulsão magnética com o Norte da Terra. Não tenho bem a certeza se isto é verdade ou não, mas a verdade é que a minha cabeceira está virada a norte e à parte de algumas manias, até sou bastante normal ahhah

O Vaastu Shastra apresenta vários modelos óptimos para estruturar os espaços de acordo com o tipo de utilização que vão ter. Estes modelos são feitos em forma de mandalas quadradas divididas em blocos iguais de 9x9, 8x8, 3x3 etc. Também é feita uma relação do espaço com as diversas divindades e respectivos significados. A parte central é chamada Brahmasthanam (relativo à divindade Brahma), ponto de energia vital em que nada deveria ser construído de modo a que haja contacto com o Akasha (espaço). Neste espaço apenas devem ser realizadas cerimónias religiosas e eventos culturais, espectáculos de música e dança e casamentos.






Jaipur esta dividida em nove blocos como os nove planetas do antigo zodíaco astrológico, dos quais dois abrigavam os edifícios do Estado e Palácios, os sete restantes foram distribuídos à população. As direcções de cada rua e de mercado são de leste a oeste e norte a sul. O Marajá estava interessado no aspecto de segurança da cidade e apesar de fazer por manter relações pacíficas com o império Mughal, devido ao historial de batalhas com os reinos vizinhos cercou-a de fortes muralhas com diversos portões. O portão oriental é chamado Suraj Pol, Portão do Sol, enquanto o portão ocidental é chamado Chand Pol, Portão da Lua. Há três portões virados para o Leste, Oeste e Norte, este último (conhecido como Zorawar Gate Singh) está voltado para a antiga capital Amber. As portas eram fechadas ao pôr-do-sol e abertas ao nascer.






Em 1853, quando o Príncipe de Gales visitou Jaipur, a cidade inteira foi pintada de rosa para recebê-lo. Ainda hoje, as avenidas continuam pintadas dessa cor, explicando a designação usada para Jaipur de a “cidade rosa”.




Um lugar a não perder em Jaipur é o Hawa Mahal हवा महल, "palácio dos ventos" foi construído em 1799 pelo Marajá Sawai Pratap Singh, e desenhado na forma do coroa o deus hindu Krishna.

Construído em arenito vermelho e rosa, o palácio está situado na rua principal no coração do centro empresarial de Jaipur. Faz parte do Palácio da Cidade, e estende-se até as câmaras do harém. É particularmente impressionante quando visto no início da manhã, iluminado com a luz dourada do nascer do sol.

O seu exterior de cinco andares é parecido com uma colmeia com as suas 953 pequenas janelas decoradas com treliças intrincadas chamadas jharokhas. A intenção original deste desenho foi permitir às senhoras reais observarem a vida quotidiana na rua abaixo sem serem vistas, uma vez que tinham de observar "purdah" estrito (cobrir o rosto).

É de facto impressionante…






A arquitectura da cidade era muito avançada para a época, e certamente a melhor no subcontinente indiano. Quase todas as cidades do Norte da Índia desse período (ahaha e deste…), apresentavam um quadro caótico das vias estreitas e tortuosas, uma confusão de fortes, templos, palácios e barracos temporários que não tinha qualquer semelhança com os princípios estabelecidos nos manuais de arquitectura hindu que exigem planeamento geométricas rigorosas.

A cidade actual expandiu-se a partir do exterior das paredes da cidade original e apesar de talvez ser um pouco mais ordenada continua a ser a típica cidade indiana…





Outro lugar que aconselho e que fica também no centro da cidade antiga, é o Jantar Mantar de Jaipur. É um complexo que alberga um conjunto arquitectónico de instrumentos astronómicos, construído por Marajá Jai Singh II. 

Este marajá construiu 5 observatórios semelhantes em diferentes locais mas o de Jaipur é o maior e mais bem preservado. Foi inscrito na Lista do Património Mundial como "uma expressão das habilidades e conceitos astronómicos e cosmológicos da corte de um príncipe académico no final do período Mughal” e pode-se dizer que o observatório é a única obra mais representativa do pensamento védico que ainda sobrevive, além dos textos.

O nome Jantar Mantal significa literalmente "instrumento de cálculo”. Este observatório também tem um significado religioso pois a astrologia tem uma faceta importante na vida corrente e religiosa de muitos hindus.





Uma excursão através Jantar Jai Singh constitui a experiência única de caminhar através da geometria sólida e encontrar um sistema avassalador de instrumentos astronómicos projectados para sondar os céus. O observatório é composto por 17 dispositivos geométricos para medir o tempo, prever eclipses, rastrear a localização das estrelas à medida que a Terra orbita em torno do sol, apurar as declinações dos planetas e determinar as alturas celestes e efemérides relacionadas.
A maioria dos instrumentos foi construída com pedra local e mármore e contêm escalas astronómicas, geralmente marcadas no revestimento de mármore. Mas também foram usados instrumentos de Bronze, extraordinariamente precisos. Cada um fixo e "focado" de modo a dar a leitura exacta.



Os instrumentos incluem:

O Samrat Yantra, que é um relógio de sol. Pode ser usado para contar o tempo com uma precisão de cerca de dois segundos, hora local em Jaipur, é o maior relógio de sol do mundo, com uma altura de 27 metros. A sombra da rampa inclinada a 27º (a latitude de Jaipur) e virada para o norte geográfico, move-se visivelmente cerca de 1 mm por segundo ou aproximadamente um palmo (6 cm) a cada minuto, sobre as divisões de uma escala curva, o que é interessantíssimo de ver. A escala é curva para que as horas sejam espaçadas igualmente ao contrário do que aconteceria se fosse planas




Os dispositivos são, em muitos casos, grandes estruturas. A escala a que foram construídos teve como objectivo aumentar a sua precisão. Apesar de os astrónomos locais ainda os usarem para prever o clima para os agricultores, a sua autoridade está a tornar cada vez mais questionável. Por exemplo há quem defenda que a penumbra do sol pode ser tão extensa como 30 mm, o que torna os incrementos de 1mm do relógio Samrat Yantra desprovidos de grande significado prático. Além disso, defendem que os pedreiros que construíram os instrumentos não tinham experiência suficiente com a construção nessa escala, e que o afundamento das fundações os tornou desalinhados. Uma coisa é certa que nos pareceu tudo muito certo, pareceu…

O Laghu Samrat Yantra é um outro relógio de sol com um funcionamento semelhante ao anterior…


O Narivalaya Yantra é também um relógio de sol equatorial que desempenha a mesma função dos Samrat Yantra, mas de forma diferente. Na verdade, existem dois instrumentos pares, um para uso no Inverno quando o sol está no hemisfério sul e outro para uso no Verão, quando o sol está no hemisfério norte. O instrumento consiste de uma circunferência que no centro contém uma haste fixa na perpendicular. O mostrador está impresso na circunferência que está alinhada com o plano do equador, para dar a hora local de Jaipur, e os pontos da haste apontam para o pólo sul no instrumento de Inverno e para o pólo norte no de Verão. O tempo solar local é lido a partir da posição angular da sombra da haste sobre a marcação… Muito interessante, não é?




Devido à intensidade do sol só conseguimos ver as estrelas e planetas à noite. Mas como seria o céu se pudéssemos ver tudo, o sol, lua, planetas e estrelas, durante o dia? Essa é a ideia básica por trás Kapali Yantra, e na verdade por trás da maioria astronomia observacional antes da invenção do telescópio. O Kapali Yantra consiste num hemisfério interior (taça) mostrando as posições e movimentos dos vários corpos celestes ao longo do ano. Como funciona?!... Dois fios estão dispostos de modo a se cruzarem acima da superfície da taça. A sombra da sua intersecção projectada no mapa celeste gravado na taça, dá a posição do sol. Isso permite ao observador determinar a posição do sol em relação aos planetas do zodíaco em qualquer época do ano, para uso em horóscopos e outros cálculos astronómicos.




Ter estas informações é importante para saber que constelações estão visíveis em determinado lugar e momento. Note-se que no senso comum, uma Constelação é um grupo de estrelas que aparecem próximas umas das outras no céu e que quando são ligadas formam uma imagem de um animal, objecto ou seres fictícios… Mas para a Astronomia, constelação é uma região do céu. Nesse conceito astronómico, pertencem a uma constelação não somente estrelas, mas qualquer objecto celeste que, visto a partir da Terra, esteja contido na mesma região, mesmo sem qualquer ligação astrofísica, na verdade, normalmente até estão bastante distantes uns dos outros a ligação vem apenas da aparência vista da Terra. Há 88 constelações, que podem ser classificadas em Boreais, que “ se localizam” no hemisfério celeste norte, Austrais, que “se localizam” no hemisfério celeste sul, e Zodiacais, que são cortadas pela eclíptica, ou equador celeste, e são visíveis no céu, próximas dos limites entre os hemisférios norte e sul celestes.

Esta representação abaixo, reúne todas as constelações visíveis desde o hemisfério Norte. Algumas são visíveis durante todo o ano, outras apenas em algumas estações ( isso depende da sua localização, se estiverem mais perto do equador celeste com a rotação do planeta só se vêm em algumas alturas, se estiverem perto do polo norte celeste conseguem ver-se durante todo o ano… Imaginem um daqueles restaurantes rotativos… o que se avista no horizonte vai variando com a rotação, certo?... Mas o que se não houvesse telhado conseguir-se-ia ver sempre o que houvesse no céu…



O Jai Prakash Yantra, tem uma concepção e finalidade semelhantes à do Kapali Yantras. Aqui um mapa do céu visível também está inscrito na superfície interna das taças, com escalas adicionais ao redor do aro (incluindo as divisões zodiacais do ano). Um pequeno anel está suspenso de fios transversais. A sua sombra projecta a posição do Sol no mapa celestial. O instrumento está cortado em secções alternadas (como o Ram Yantra), para permitir aos observadores fazerem medições a partir do interior. À noite, um observador pode através do anel descobrir a posição de qualquer estrela ou planeta de interesse.




Outro instrumento do complexo é o Chakra Yantra, que é um instrumento para encontrar a ascensão recta e declinação de um planeta ou outro corpo celestial observado durante a noite. Para entender essas coordenadas, pode ajudar se visualizarmos as linhas da terra de longitude e latitude projectados no céu assim como o equador e os pólos, de tal forma que a estrela do norte corresponda ao pólo norte da Terra.

A projecção no céu de linhas de latitude da Terra dá-se o nome de "declinação" e varia desde os 0º, no equador celeste, até 90º no pólo norte celeste, e até -90º no pólo sul celeste e a projecção de linhas de longitude da Terra é chamado de "ascensão recta”. Na Terra foi estabelecido um ponto para o início da contagem das longitudes, o meridiano que passa pelo observatório de Greenwich, do mesmo modo, na esfera celeste teve que se estabelecer um ponto fixo para esta marca ou os 0º.

Como no céu tudo está em movimento, escolheu-se o ponto onde o Sol, cruzando o equador celeste, passa do hemisfério sul para o hemisfério norte, isto é, o ponto de cruzamento do plano da eclíptica (o caminho do Sol visto da Terra) e o plano do equador celeste, a esse ponto dá-se o nome de Equinócio vernal (equinócio da primavera, para os habitantes do hemisfério norte), Equinócio do outono (para os habitantes do hemisfério sul) chama-se ainda de Primeiro Ponto de Áries (Carneiro). Ao contrário do sistema geodésico, onde a longitude é medida de 0 a 180º E, e de 0 a 180º W, a longitude celeste é medida de 0 a 360º.




O Chakra Yantra permite medir estas coordenadas. Para encontrar um planeta, imagine que o instrumento está virado para a estrela do norte, e que o planeta está 10 graus abaixo e 20 graus para a direita da estrela do norte. Teríamos de mover o tubo de observação e círculo de metal e esses movimentos dariam as coordenadas que procuramos.




Os 12  Rashivalaya Yantras são outros instrumentos semelhantes aos relógios de sol mas que têm uma orientação é incomum, já que eles não apontam para o norte. Este é um indício da sua finalidade, que é calcular o tempo sideral, ao invés do solar. O Tempo Sideral é útil para determinar onde as estrelas se vão encontrar numa dada altura no céu e o seu nome deriva do latim Sidus que significa "estrela ou corpo celeste”.

Explicando as diferenças entre os tempos: O tempo solar utiliza o Sol como referência e é medido pelo movimento diurno aparente do sol. O meio-dia local em tempo solar é definido como o momento em que o sol está no ponto mais alto no céu, (exacto sul ou norte, dependendo da latitude do observador e da estação), o tempo médio necessário para que o sol volte ao seu ponto mais alto, ou zénite, são 24 horas solares. Contudo durante o tempo necessário para a Terra a completar uma rotação ao redor de seu eixo (um dia sideral), a Terra move-se cerca de 1 ° ao longo de sua órbita em torno do sol. Portanto, depois de um dia sideral, a Terra ainda precisa rodar uma distância adicional angular pequena antes de o sol atingir seu ponto mais alto. Uma estrela observada numa linha perpendicular ao eixo de rotação da Terra às 24h solares de uma noite será observada, aproximadamente, na mesma linha perpendicular em média às 23h56m04 solares na noite seguinte pois nesse caso o tempo de rotação é medido, não em relação ao Sol, mas a uma estrela distante, não considerando o efeito de translação. Um dia solar é, portanto, cerca de 4 minutos solares maior do que um dia sideral ou seja, os dias, horas, minutos e segundos siderais são todos um pouco mais curtos que os dias, horas, minutos e segundos solares (dia solar 24h solares= 24h03m56s siderais; dia sideral = 24h siderais = 23h56m04s solares). O dia sideral médio pondera pequenas diferenças que ocorrem entre o afélio da Terra, onde o dia sideral é maior pois a velocidade angular de translação da Terra é menor, e o periélio, quando a Terra está mais próxima do Sol e a velocidade angular de translação é maior… tudo muito simples…




O tempo sideral permite-nos saber quais objectos astronómicos que são visíveis a qualquer momento no céu. Em vez de graduarmos a longitude celeste de 0 a 360º, podemos usar 0 a 24 horas siderais, com 15º a corresponderem exactamente uma hora sideral. Neste sistema a que podemos chamar Sistema Equatorial Horário a coordenada medida ao longo do equador não é mais a ascensão recta, mas sim uma coordenada não constante chamada ângulo horário. A utilização destas coordenadas têm a vantagem, das mesmas serem fixas independentemente do local de observação.

O tempo sideral local é a ascensão recta de uma estrela no meridiano do observador ie a ascensão recta de um corpo celeste indica o Tempo Sideral a que ele irá passar por cima de cada Meridiano Local. Por isso, se uma estrela tiver uma Ascensão Recta no meu meridiano de 03h, estará no meu meridiano ao TSL= 03h. O mesmo objecto ao TSL=04h (uma hora sideral depois), estará uma hora de Ascensão Recta a oeste do meu meridiano, o que equivale a 15 graus. Esta distância angular do meridiano chama-se o Ângulo Horário do Objecto. Neste contexto, o ângulo horário de um objecto celeste é uma indicação de quanto tempo sideral passou desde que o este cruzou o meridiano local. Expressa a distância angular entre o astro e o meridiano, medida em horas (1 hora = 15 graus). Por exemplo, se um objecto celeste tem um ângulo horário de 2,5 horas, tal significa que cruzou o meridiano local há 2,5 horas e está agora 37,5º a oeste do meridiano (2,5 x 15º = 37,5º). Um ângulo horário de 0 horas indica que o objecto celeste se encontra exactamente sobre o meridiano do lugar. Para facilitar a visualização das posições, são por vezes utilizados ângulos horários negativos para expressar o tempo que falta até à passagem meridiana do objecto celeste: um valor de AH = −3 h significa que faltam 3 h até à passagem, ou seja, expresso na forma padrão, o ângulo horário é de 21 h (24 h - 3 h = 21 h).

A Hora Sideral (HS) ou ângulo horário do ponto Áries, pode ser medida a partir de qualquer estrela, pela relação: HS= ângulo medido sobre o equador, com origem no meridiano local e extremidade no meridiano do astro + ascensão recta




O movimento de translação da Terra em torno do Sol define um plano ao qual se dá o nome de eclíptica. Com a excepção de Plutão, todos os outros planetas têm o seu movimento de translação praticamente sobre a eclíptica. Visto da Terra, o movimento do Sol, da Lua e dos planetas parece efectuar-se sobre uma estreita faixa do céu. As outras estrelas têm a sua posição bem definida no firmamento, e o movimento delas é simultâneo com o movimento de toda a abóbada celeste. Por esta razão, o Sol, a Lua e os planetas eram conhecidos na Antiguidade por "estrelas errantes" e associaram-se heróis da mitologia às constelações formadas pelas estrelas "fixas".

As constelações ao longo da faixa onde pareciam mover-se o Sol, a Lua e os planetas receberam uma importância primordial; foram identificadas doze constelações e a faixa foi dividida em 12 partes tendo sido dada a cada uma o nome da constelação que lá se encontrava, e que se mantém, ainda que algumas delas já tenham mudado bastante quer quanto à sua aparência quer quanto à sua posição. São elas as célebres constelações que definem os doze signos do Zodíaco (por curiosidade, refira-se que a palavra Zodíaco deriva da palavra grega zoidiakós que significa tão somente círculo dos animais).






Um outra curiosidade é que apesar de existirem 12 signos, há 13 constelações zodiacais, sendo a 13ª a Ophiuchus, o Serpentário. Embora já fosse conhecida na Antiguidade, quando se formularam as regras da Astrologia, não é admitida no zodíaco porque há 3 mil anos estava longe da eclíptica (a linha projectada no céu do plano da órbita da Terra, ou o caminho do Sol no céu ao longo de um ano). Porém, hoje em dia com a precessão dos equinócios, já se situa entre Sagitário e Escorpião. Na verdade as próprias constelações do Zodíaco já não seguem o ritmo descrito na Astrologia estão atrasadas em relação aos dias estipulados… Tem a ver com isto as polémicas, sem sentido, que estão a surgir, acerca de os signos das pessoas terem mudado…

É que a rotação da Terra não é uma simples rotação em torno de um eixo que seria sempre paralela a si própria. O eixo de rotação da Terra gira em torno de si num segundo eixo, ortogonal à órbita da Terra, levando cerca de 25.770 anos para realizar uma rotação completa. Este fenómeno é chamado de precessão dos equinócios. Devido a esta precessão, as estrelas parecem mover-se em torno da Terra de uma maneira mais complicada do que uma simples rotação constante. Precessão do Equinócio tem a ver com o facto de os pólos celestes não ocuparem uma posição fixa no céu: cada pólo celeste move-se lentamente em torno do respectivo pólo da eclíptica, descrevendo uma circunferência em torno dele com raio de 23,5º, sendo que o tempo necessário para descrever uma volta completa é 25 770 anos. Actualmente o Pólo Celeste Norte está nas proximidades da estrela Polar, na constelação da Ursa Menor, mas isso não será sempre assim. Daqui a cerca de 13000 anos ele estará nas proximidades da estrela Vega, na constelação de Lira. A precessão não tem nenhum efeito importante sobre as estações, uma vez que o eixo da Terra mantém sua inclinação de 23,5º em relação ao eixo da eclíptica. A única coisa que muda são as estrelas visíveis no céu durante a noite em diferentes épocas do ano. Por exemplo, actualmente Órion é uma constelação característica de Dezembro, e o Escorpião é uma constelação característica de Junho. Daqui a 13000 anos será o oposto contudo para as escalas de tempo vivenciadas por nós mal se notam as variações…




Mas isto tudo para voltarmos aos Rashivalaya Yantras, que são 12 instrumentos, cada um associado a um dos 12 signos do zodíaco. Para qualquer instrumento, a escala curva do instrumento alinha não com o norte mas com cada uma das 12 partes da eclíptica que contém cada uma das constelações do zodíaco. Os doze instrumentos, agindo em conjunto, constituem na verdade, um instrumento único, que abrange toda a eclíptica.

Para fazer uma observação, em primeiro lugar deve escolhe-se o instrumento que abrange a constelação onde está o Sol nesse momento (o Jai Prakash Yantra dirá qual a constelação). Então, a posição da sombra haste sobre a escala dará o tempo sideral.




Neste caso obtivemos a longitude celeste do sol em sideral. Da mesma maneira que usamos o equador celeste como base para o sistema equatorial, podemos usar outros sistemas…

Por exemplo, o plano da eclíptica, o plano da órbita da Terra, projectado na esfera celeste é a base de outro sistema: o sistema de coordenadas eclípticas. Neste caso utiliza-se a longitude celeste, medida em graus, de 0º a 360º, no sentido leste a partir do equinócio vernal. Este sistema é especialmente útil para o estudo das órbitas planetárias do sistema solar e tem a vantagem de ser muito mais simples que o sistema equatorial…

Mas há outros sistemas para localizar corpos celestes, um muito usado na astronomia e na navegação marítima é o sistema horizontal, no qual a base de coordenadas é o plano definido pela perpendicular à tangencial à superfície da Terra a que chamamos horizonte celeste. Podemos definir também um ponto acima de nossas cabeças, bem no prumo, que chamamos zênite. Por definição o ponto oposto, abaixo de nossos pés é chamado nadir. Neste sistema, adoptamos um ponto para início da contagem do ângulo horizontal, o norte, e estabelecemos que a medição dos ângulos se fará no sentido do norte para o leste, sul, oeste até zerar novamente no norte. O ângulo formado entre o ponto norte e a intersecção do plano que passa pelo zênite, pelo observador O e pela estrela chamamos azimute. Medimos o ângulo entre o horizonte celeste e a estrela sobre este plano e obtemos a altura. Só que na navegação, ao contrário da astronomia, partimos da posição das estrelas para localizar o ponto do observador sobre a Terra. Na astronomia, o sistema tem uma deficiência básica: à medida que a Terra gira, tanto o azimute como a altura variam. Este sistema pode ser usado na localização de uma estrela num determinado instante, mas não serve para posicionar as estrelas num mapa.


Para o estudo da Via Láctea e dos corpos além das suas fronteiras, pode ser usado um quarto sistema: o sistema de coordenadas galáticas. Neste caso usa-se o plano da galáxia para projectar o nosso equador galático na esfera celeste. A longitude galática é medida de 0º a 360º no sentido leste, a partir da direcção do centro da galáxia, que fica na constelação de Sagitarius




 Podemos determinar também os polos galáticos e desde o equador galático a latitude galáxica de maneira similar às anteriores… tudo muito simples, como já disse…




O Ram Yantra mede a altitude do Sol, de acordo com a altura da sombra lançada pela estaca. Durante o dia, a haste, ao ser iluminada pelo Sol, forma uma sombra cujo tamanho depende da hora do dia e da época do ano. A direcção da sombra ao meio-dia ou a bissectriz das duas maiores sombras do dia, dão a direcção Norte-Sul. Isto porque as sombras apontam sempre para o Norte no hemisfério Norte e no hemisfério Sul apontam para o Sul, e o longo de um dia, a sombra é máxima no nascer e no pôr-do-sol, e é mínima ao meio-dia…

A superfície está cortada para permitir a observação desde o interior. Um segundo instrumento está cortado em posições complementares ao primeiro, de modo que uma observação possa ser feita em qualquer momento num dos dois instrumentos.

Uma observação simples que permite ver o movimento do Sol durante o ano consegue-se comparando a sombra da haste à mesma hora do dia ao longo do ano. As sombras ao meio-dia, durante o Inverno, são mais longas do que no Verão sendo máximas e mínimas nos solstícios de Inverno e Verão. A bissectriz entre as direcções das sombras nos dois solstícios define a posição dos equinócios, quando o Sol está sobre o equador.

Foi observando a variação do tamanho da sombra da haste ao longo do ano que os antigos determinaram a duração das estações e do ano solar…




Na astronomia, solstício é o momento em que o Sol, durante seu movimento aparente na esfera celeste, atinge a maior declinação em latitude, medida a partir da linha do equador. Os solstícios ocorrem duas vezes por ano: em Dezembro e em Junho. No hemisfério norte o solstício de Verão ocorre por volta do dia 21 de Junho e o solstício de Inverno por volta do dia 21 de Dezembro. Já no hemisfério sul, o fenómeno é simétrico: o solstício de Verão ocorre em Dezembro e o solstício de Inverno ocorre em Junho. Os momentos dos solstícios marcam o início das respectivas estações em cada hemisfério. O dia e hora exactos variam de um ano para outro. Quando ocorre no Verão significa que a duração do dia é a mais longa do ano. Analogamente, quando ocorre no Inverno, significa que a duração da noite é a mais longa do ano. Os trópicos de Câncer e Capricórnio são definidos em função dos solstícios. No solstício de Verão no hemisfério sul, os raios solares incidem perpendicularmente à Terra na linha do Trópico de Capricórnio. No solstício de Inverno do hemisfério sul, ocorre a mesma coisa no Trópico de Câncer.




O Raj Yantra é um disco circular feito de uma liga de 7 metais de modo a permanecer do mesmo tamanho apesar da mudança de clima. Uma abertura no centro do instrumento indica a posição da Estrela Polar. O círculo exterior está dividido em 24 horas. Os planetas mais importantes estão marcados no círculo exterior na sua respectiva posição no céu. Ao colocar um telescópio na abertura podem-se calcular as posições dos vários planetas e a velocidade de rotação de um planeta em particular o que permite calcular as datas dos eclipses do sol e da lua bem como a hora do sol e lua se porem e nascerem.




O movimento diurno dos astros, de leste para oeste, é um reflexo do movimento de rotação da Terra, de oeste para leste. Ao longo do dia, todos os astros descrevem no céu arcos paralelos ao Equador. A orientação desses arcos em relação ao horizonte depende da latitude do lugar. Nos pólos todas as estrelas do mesmo hemisfério do observador permanecem 24 h acima do horizonte (não têm nascer nem ocaso), e descrevem no céu círculos paralelos ao horizonte. As estrelas do hemisfério oposto nunca podem ser vistas. No equador todas as estrelas nascem e põem, permanecendo 12h acima do horizonte e 12h abaixo dele. A trajectória das estrelas são arcos perpendiculares ao horizonte. Todas as estrelas do céu (dos dois hemisférios) podem ser vistas ao longo do ano. Num lugar de latitude intermédia, algumas estrelas têm nascer e ocaso, outras permanecem 24h acima do horizonte, outras permanecem 24h abaixo do horizonte. As estrelas visíveis descrevem no céu arcos com uma certa inclinação em relação ao horizonte, a qual depende da latitude do lugar.





Ali perto do Jantar Mantal fica o complexo do Palácio de Jaipur que está localizado a nordeste do centro da grade padrão da cidade. Inclui os palácios de Chandra Mahal e Mubarak Mahal e outros edifícios. O Chandra Mahal Palace que ainda é uma residência real abriga agora um museu. O palácio foi construído entre 1729 e 1732, inicialmente por Sawai Jai Singh II, o governante de Amber, aditamentos posteriores foram feitas por sucessivos governantes até o século XX. Incorpora um impressionante conjunto vasto e de pátios, jardins e edifícios. Penso que valerá a pena visitar…
O Nahagarh Fort, que se pode avistar do Jantar Mantal, fica no extremo dos montes de Aravalli, com vista para a cidade-rosa. Junto com o Forte Amber e Fort Jaigar, forma um anel de defesa forte para a cidade. A palavra Nahargarh significa, lar dos tigres. A vista da cidade a partir do forte, dizem, é de tirar o fôlego.




Tinhamos arranjado uns "guias", uns miúdos simpáticos,  para nos levarem a alguns locais mais afastados do centro da cdade...

Um dos locais onde nos levaram foi ao  Templo do Deus Sol ou Galtaji. Este é um antigo local de peregrinação hindu situado do lado de fora de uma das portas originais de Jaipur, o Suraj Pol. A subida até ao templo é longa mas vale a pena…


Pelo caminho encontramos alguns peregrinos a cozinhar alegremente (presumi serem peregrinos, uma vez que na Índia se vê muita gente a viver na rua) e as habituais vacas e cabras…




Distraídos com o caminho e e com a soberba vista lá fomos subindo, subindo…




A luz do ambiente era qualquer coisa de espectacular… fazia pensar se o nome “cidade rosa” seria mesmo pelas casas pintadas ou por aquela luz surreal… parecia mesmo que estávamos noutro mundo… talvez em marte… ahahah

Penso que tirei esta fotografia com filtro por isso está mais azul… ou então a certa altura o ambiente mudou… já não me lembro…
Este lugar é conhecido como templo dos macacos Galwar Bagh devido à grande tribo de macacos que ali vivem… acompanham-nos ao longo da subida, sempre matreiros e brincalhões, mas de certa forma ameaçadores, a tentar convencer os passantes a lhes darem algum petisco…




O lugar é conhecido como templo dos macacos Galwar Bagh devido à grande tribo de macacos que ali vivem…




Há vários templos na subida e a certa altura fomos raptados para um deles. Estivemos um bocad à conversa e tive direito a uma pinta na testa… mais para a frente em Varanasi falarei melhor da religião hindu e do significado destas coisas…





Quem não saiba ao que vai pode achar que ao longo ou depois daquela subida não há nada de especial para ver a não ser a vista… acreditem que foi o que se passou comigo e com o Rui que quando nos disseram que o templo estava fechado nem ligamos… Mas há e julguem pelas fotografias a baixo, se não vale a pena…

O local está repleto de templos, pavilhões, fontes naturais e kunds (tanques) sagrados.
O templo principal é o Templo de Galtaji, construído em pedra rosada. O templo apresenta uma série de pavilhões com telhados arredondados, colunas bem esculpidas e paredes pintadas, está cercado por nascentes e reservatórios naturais que são considerados sagrados.

Há sete tanques e o Kund Galta é considerado o mais sagrado. Um grande número de pessoas toma um banho sagrado nesses reservatórios, especialmente no Makar Sankranti.

Há mais dois templos de destaque no complexo o templo de Balaji e o Surya dedicado ao deus Sol.




Um outro  lugar onde nos levaram foi ao Royal Gaitor, é um lugar de cenotáfios da realeza, os memoriais de mármore marcam o lugar onde os reis e príncipes do clã Kachhwaha foram cremados, os menores são os dos príncipes que morreram jovens.




 Após a capital ter sido transferida para Jaipur Sawai Jai Singh escolheu Gaitor como lugar da cremação para a família real.




Cada chhatri ou cenotáfio tem um estilo diferente e está de acordo com a majestade e poder do rei durante sua vida. 




O lugar tem uma serenidade fora do normal e uma beleza especial, contrastantes com o espaço vizinho.




O cenotáfio mais bonito é o de Jai Singh II, construído por seu filho Ishwari Singh. É uma cúpula de mármore branco construída sobre 20 pilares esculpidos sob uma plataforma quadrada e profusamente gravadas com cenas da mitologia hindu.




 Existem também uns santuários em miniatura dos dois filhos das amantes de Madho Singh II.




O Rui não é muito dado à "photo opportunity" e eu por natureza não gosto de fotografar pessoas e a não ser que me peçam nem me passa pela cabeça... mas se me aparecerem à frente acho giro tirar e sempre é uma recordação, assim de vez em quando lá o apanhei numa ou noutra fotografia... no Sri Lanka é que tenho mais...

De resto, eu que gosto sempre fotografias minhas nas viagens e desta vez tomei eu a iniciativa e convidei-me para me sentar com este grupo de estranhos parar tirar uma fotografia com eles... Vingança! É para eles verem que eu também sei ser melga!ahaha




O Chhatri do segundo filho do Jai Singh II, Madho Singh I é uma estrutura de dois andares com um pequeno pavilhão no telhado.




Uma lâmpada é acesa todos os dias no cenotáfio de Sawai Man Singh desde a sua morte...




Os guias também nos levaram a Amber e pelo caminho passámos pelo Jal Mahal que significa "o palácio da água" é um palácio localizado no meio do Man Sagar Lake. No passado, no local do lago, havia uma depressão natural, onde a água se acumulava. Em 1596, houve uma escassez aguda de água e consequente fome na região que levou à ideia da construção de uma barragem para armazenar água... Assim surgiu o lago e depois o palácio que tiveram a restauração definitiva no século XVIII com Jai Singh II.




O lago, situado ao norte da cidade de Jaipur fica entre Amber e Jaipur. É uma boa surpresa avistar este lago e o seu palácio no meio do caminho...




O Amber Fort आमेर क़िला, está localizado em Amber, a 11 km de Jaipur. Era a antiga cidadela antes de a capital ter mudado para Jaipur. O nome vem de Amba, a deusa-mãe a quem Amber foi consagrada.

A estrutura que hoje é conhecida como Amber Fort era o complexo do palácio dentro do forte original de Amber, que hoje é conhecido como Jaigarh Fort e que está localizado numa colina acima do complexo de Amber. Tal como o complexo inteiro, o Amber Fort foi construído de arenito branco e encarnado.




O exterior, uma imponente e robusta estrutura defensiva, é marcadamente diferente do seu interior, luxuoso e ornamentado. Os  Jardins à entrada na base do forte, só por si já prometem uma visita especial... o lugar é mesmo bonito e está muito bem arranjado...




Alguns pormenores dos jardins exteriores...




...onde encontramos algumas famílias a descansar e crianças a brincar alegremente...




A subida para o forte é lonnnggaaa... e o calor não ajuda... as fotografias vão sendo boas desculpas para umas pausas... uff uff...  Quem não possa ou queira subir a pé tem alternativas... acho que se pode subir de jeep ou de elefante... mas eu sou fortalhaça ahaha e um pouco de exercício nunca fez mal a ninguém...




Vá mais uns metros e lá estaremos... Não desistam... a vista vale muito a pena... 

Uma das coisas que me surpreenderam na índia foram as cores em dias de sol... se pintasse um quadro para representar a Índia, saberia bem que cores colocar em cada pedaço... estes tons suaves de Amber são inesquecíveis...




A entrada principal do Forte Amber, Surajpol, leva à Chowk Jaleb, no pátio principal do Forte, onde a escadaria do palácio está localizada.  

Nos tempos antigos, Jaleb Chowk era a área onde os exércitos desfilavam ao voltarem a casa.




Alguns pormenores da entrada...




O forte é conhecido pela sua beleza e pelo seu estilo artístico único que mistura elementos hindus e muçulmanos (Mughais).

É deveras impressionante... acreditem que nos transporta para um verdadeiro conto de fadas...




As paredes do interior da fortaleza estão cobertas com pinturas murais, frescos e outras pinturas que retratam várias cenas da vida quotidiana ou com entalhes, mosaicos e minuciosos trabalhos de espelhos.




Uma das partes mais marcantes do Forte é o Sheesh Mahal (Salão dos Espelhos). Dizem que o salão pode ser iluminado à noite por uma única vela devido aos milhares de minúsculos espelhos incrustados.

Só estando lá acreditem... não há fotografias ou palavras que descrevam...




As habituais fotografias... aqui com um grupo de indianos que me fizeram tirar umas 20 fotografias... mas como todos os outros, eram uns simpáticos!




As varandas frescas, viradas para a paisagem são outra das maravilhas do forte...




E através delas podemos ver aquilo que me pareceu ser um jardim-horta... fantástico, não?
Eu adoro jardins e hortas e pomares e tudo mais... já na minha casa me farto de plantar tudo o que posso... gosto mesmo... acho que um dia gostaria de ter uma horta com este aspecto!




O Palácio é omposto por uma série de corrdores labirinticos... presumo que propositadamente para proteção em caso de ataque...  Uma coisa é certa eu com a minha mania de tirar fotografias, distraida devo ter saído das zonas de visita e acabei perdida no meio de imensos corredores que subiam, desciam, viravam para a direita e esquerda e não iam ter a lado nenhum... ahaha Mas lá encontrei uns indianos que estavam a remodelar uma sala e que (também meio hesitantes com o caminho...) me levaram para fora dali...

Foi uma aventura engraçada e achei giro acima de tudo verificar que a construção foi feita de forma a proporcionar uma circulação de ar que arrefecia as diversas áreas... era cómico e interessante por exemplo, entrar num corredor e sentir de imediato uma corrente de ar fresco...





No complexo existe um restaurante muito giro e recomendo a quem tenha tempo que experimente jantar por ali e assistir ao espectáculo de som e luz durante a noite... depois contem-me se valeu a pena!




E com o Amber Fort termina a minha narrativa da visita a Jaipur...

Por esta altura tinhamos encontrado um guia-motorista que nos ia levar a visitar o resto do Rajastão...

Bem, está na hora de nos metermos ao caminho, a viagem não será livre de obstáculos mas o motorista estaria habituado e nós só tinhamos de nos concentrarmos nas paisagens e no que de interessante fossemos encontrando pelo caminho...




5. PUSHKAR पुष्कर (Rajasthan)

Pushkar é uma das cidades mais antigas da Índia e é um dos locais de peregrinação sagrados para os hindus. Estes locais sagrados prendem-se com a relação que é feita entre as histórias dos deuses referidas nos vedas e nos épicos indianos  e os locais da Índia onde se pensam que essas histórias se terão passado... mais à frente vou falarei melhor disto...




A cidade tem muitos templos, a maioria são recentes já que muitos foram destruídos durante conquistas muçulmanas na região. O mais famoso entre todos é o Templo de Brahma construído durante o século XIV… A lenda associa Brahma com a criação de Pushkar. Diz-se que Brahma realizou aqui penitência durante 60.000 anos para ter um vislumbre de Vishnu.

No hinduísmo as funções cósmicas da criação, manutenção e destruição são personificados pelas formas de Brahma, o criador, Vishnu o conservador, e Shiva o destruidor ou transformador. Estas três divindades são chamadas de a Trimurti ou Tríade Hindu muitas vezes referida como Brahma-Vishnu-Mahesh. A Trimurti pode ser considerada uma personificação do Brahman (com n no fim) que é o equivalente ao nosso conceito de Deus, e é como que o princípio activo por trás dos fenómenos do universo. Mais à frente falarei um pouco mais da religião hindu...

A água é um elemento fulcral das cidades santas indianas e é ponto de honra para os peregrinos poderem banhar-se nessas águas. O Lago de Pushkar possui 52 ghats (escadarias em direcção à água), onde os peregrinos descem para o lago para se banharem. Nesta altura do ano o lago estava praticamente seco…

De certa forma Pushkar e o lago sagrado têm um ambiente de degradação devido às más infra-estruturas e desmatamento da área circundante. Confesso que não adorei… Penso que a falta de água e o dia cinzento não ajudavam…De resto não seria eu que colocaria um pé que fosse naquelas águas...  Não que não acredite que são sagradas, aliás penso que só o facto de tomar balho ali e sobreviver é por si só um grande milagre.. Estou a brincar porque não resisto a uma piada, mas na verdade respeito muito todas estas crenças.




Uma das características mais marcantes do Rajastão são os cenários que nos remetem para os contos das mil e uma noites… e que são bem visíveis nesta cidade…




Além dos habituais mercados, aqui encontramos à venda artigos bem mais das arábias…




… como os sapatos do Aladino…

Vêem-se também imensos homens com turbantes e uma outra curiosidade é que devido à grande presença de turistas israelitas o hebraico tornou-se segunda língua em Pushkar, com placas, painéis e informações escritas em hebraico…




Vê-se a mesma pobreza que se vê no resto da Índia, e muitas crianças na rua ou a trabalhar… o que a meu ver a distiguiu mais foi aquele toque das arábias que transpira na cidade... E assim sendo, não podiam lá faltar os famosos sabres que identificamos com as histórias dessas terras… e que ao que parece tiveram a sua origem, incerta, possivelmente com os Turcos ou com os Mongóis. Eu e o Rui ainda tentámos "esgrimar" mas mal pegámos nos sabres,,, fugiu toda a gente! (brincadeira)




A passagem por Pushkar foi curta, aproveitámos só para uma visita breve e almoçar e seguimos viagem...


6. KUMBHALGARH (Rajasthan)

Um lugar e paragem obrigatória para que viaja de Jaipur para Udaipur é o Forte de Kumbhalgarh.que está situado numa colina inexpugnável a 1100 metros de altitude. Foi construído por um Imperador Mewar no século XV.





O Forte Kumbhalgarh tem uma muralha que se estende por 36 km. Erroneamente dizem ser a mais longa no mundo depois da Grande Muralha da China mas a segunda maior é na verdade a Grande Muralha da Gorgan no Irão.




Mais uma vez vou ter que pedir que me acompanhem ao longo de mais uma extensa subida… mas é tudo tão bonito que nem vão reparar e num instante estarão lá em cima…




O forte permaneceu inexpugnável excepto uma vez quando caiu, por um curto tempo perante as forças combinadas dos exércitos do Imperador Akbar, do Raja Man Singh de Amber e Udai Raja Singh de Marwar. A capitulação da fortaleza foi acelerada pela escassez de água potável.




A vista do alto do palácio estende-se por dezenas de quilómetros. Dizem que as dunas de areia do deserto de Thar podem ser vistas das muralhas do forte… eu na verdade não vi nada, mas o dia não ajudava… e sinceramente com uma vista soberba daquelas quem precisa de saber se se vêm as dunas ou não?.




Os recantos são magníficos… proporcionando sempre umas boas desculpas para as paragens durante a subida ahahah




Segundo o folclore popular, Maharana Kumbha usou lâmpadas, que consumiam 50 kgs de Ghee e 100 kg de algodão durante a construção do forte, para fornecer a luz aos agricultores que trabalharam no vale durante as noites.




E mais uma sessão de fotografias, desta vez com um grupo animado e simpático de indianos que também tinham vindo visitar o forte… Assim como na China, onde reparei mais nisso, também aqui se vêm muitos turistas do próprio país nos locais mais turísticos.





Há mais de 360 templos estão dentro da fortaleza, 300 Jainistas e os restantes Hindus.




Este é também um santuário para a vida animal… Mais um dos paraísos da Índia…




Alguns templos transportam-nos para a Grécia antiga ou Roma… outros fazem lembrar Angkor Wat no Cambodja ou até o Perú… Mas independentemente de tudo, toda a atmosfera do sítio transporta-nos para um passado longínquo, parado no tempo, calmo tranquilo de certa forma inviolado.




Alguns pormenores do exterior dos templos…




A conjugação da construção com a beleza da paisagem era perfeita…




E após esta também breve visita lá seguimos novamente caminho sempre atentos à paisagem verde, verde, verde… (bem falo por mim… pois acho que o Rui foi dormitando ahahah)…




Como dizia, lá seguimos por estradas estreitas, ultrapassando não sei bem como, o que nos aparecia no caminho desde autocarros a elefantes... mas sempre com a maior das naturalidades, claro, … afinal em Roma…





7. RANAKPUR (Rajasthan)

Ranakpur é uma vila localizada, num bonito vale, entre Jodhpur e Udaipur. É famosa pelo complexo que engloba um Templo Jainista do séc XIV e o Templo do Sol, um templo muito mais antigo…




O Jainismo é uma religião da Índia, fundada no século VI. Não reconhece a autoridade dos Vedas (textos sagrados do Hinduísmo), ou Brāhmanas (textos explicativos dos Vedas). Os Janistas são ateus: acreditam que o mundo é eterno e por isso não teve começo. Não há nenhuma divindade pessoal, e todos os possivelmente considerados deuses são almas perfeitas, não a emanação ou manifestação de qualquer divindade ou qualquer outra unidade (o todo ou o Absoluto), conceito este rejeitado no Jainismo, juntamente com o de um Deus criador. Acreditam que a vida é toda a realidade e que o universo é um todo vivo.

Reparem na riqueza do Templo do Sol… os templos jainistas são absolutamente  fabulosos…




Os jainistas defendem que todos os seres possuem uma alma, mais ou menos complexa ou pesada. Desde a terra ao vento, dos insectos aos mamíferos, todos os seres reflectem o universo e são dignos de respeito. O maior pecado no jainismo é prejudicar um ser vivo, mas também evitam danos ao solo ou à alma da água ou do ar. Os humanos enquanto únicos possuidores dos seis sentidos: visão, audição, paladar, olfato, tacto e pensamento devem agir de forma responsável para com toda a vida, sendo compassivos, desinteressados, destemidos, racionais e misericordiosos.




Têm 5 principios como código de conduta: ahimsa (não violência), satya (veracidade), asteya (não roubar), brahmacharya (castidade/renúncia às pessoas) e aparigraha (desapego do material/ renúncia às coisas). É interessante como todos este conceitos existem e se intercruzam na cultura indiana… por exemplo alguns destes princípios foram defendidos por Ghandhi… falarei mais disso em Delhi…




Os Jainistas dão muita importância ao desapego das coisas materiais através do auto-controle, da penitência, a abstenção, autolimitação das necessidades, incluindo o jejum e a mortificação do corpo, que diminuem a agressividade e aliviam o peso kármico das suas almas e evitando novas reencarnações.
O Templo de Ranakpur de mármore claro, ergue-se majestosamente no horizonte, com suas fantásticas cúpulas e torres… mas a imponência não se limita ao exterior…




Mais de 1.444 pilares de mármore, esculpidos com extraordinário pormenor, suportam o templo. Os pilares são todos esculpidos de forma diferente e não há dois pilares iguais. Também se diz que é impossível contá-los…




As estátuas dos templos jainistas são semelhantes às budistas mas têm traços distintivos muito próprios… aqui neste templo, todas as estátuas estão viradas para uma outra estátua.




O templo foi concebido com quatro lados, simbolizando os quatro pontos cardeais e, portanto, o cosmos…É definitivamente um espanto!




Os jainistas são vegetarianos estritos por compaixão a todos os seres vivos porque vivem de acordo com a prática da não-violência. Comem vegetais, frutas, plantas, sementes, pois isso é visto como uma forma de sobreviver que provoca o mínimo de violência contra os seres vivos. Além disso preferem frutas ou legumes de raiz por implicarem simplesmente a remoção de parte da planta e não a sua destruição total…

Possivelmente é devido a este respeito pelos animais que aqui encontramos uns macacos lindos e que têm ar de ser muito bem tratados…




8. UDAIPUR उदयपुर RAJASTHAN

Conhecida como a “Cidade de Lagos” e a "Veneza do Oriente" é a capital histórica do antigo reino de Mewar.

Manteve-se relativamente pacífica e longe das investidas do império Mughal por ser uma região montanhosa e inadequada aos seus cavalos pesados com as armaduras. Em 1818 tornou-se um estado principesco da Índia britânica e após a independência da Índia em 1947, o Marajá de Udaipur aderiu ao Governo da Índia, e a região foi integrada no estado do Rajastão.



O Lago Pichola, com 4 km de comprimento e 3 km de largura, foi construído por Maharana Udai Singh II…



O Lago Pichola tem duas ilhas, Jag Niwas e Jag Mandir, que são autênticos palácios flutuantes…
Na verdade, além da sua história, cultura e lagos que são considerados alguns dos mais belos lagos do estado, Udaipur é famosa pelos seus palácios, muitos deles convertidos em hotéis de luxo.

O Lake Palace, por exemplo, foi construído em 1743-1746. É feito de mármore e ocupa toda a ilha Jag Niwas no Lago Pichola. Foi originalmente construído como um palácio real de Verão, mas agora é um luxuoso, hotel 5 estrelas do Grupo "Taj Hotels Resorts and Palaces". Ficou ainda mais famoso com um filme do James Bond…




Jag Mandir é outra ilha do Lago Pichola que é conhecida pelo seu jardim...

Os meus planos e do Rui, inicialmente, eram tirarmos duas semanas, mais coisa, menos coisa para viajarmos pelo Rajastão, nas calmas… e se eu estava a precisar de férias… Daí ele seguiria para a China e eu viajaria pela costa da Índia, até ao sul de onde tentaria ir ao Sri Lanka e depois regressaria ao norte do país… Mas… (lá vem outro mas…) o Rui trocou-me as voltas à séria… propôs depois do Rajastão irmos com o Rui Rapazote ( também o conhecem do post da China), que estava nesse momento na Malásia, ao Sri Lanka e depois regressarmos os dois e passarmos por Goa de onde ele partiria Bombaim para apanhar o avião para a China…

Não tive dúvidas, claro que preferia ir com eles ao Sri Lanka e com o Rui Bom a Goa. Mas (mais um) isso implicaria não só que ia andar às voltas pela Índia (iria do Rajastão para Chennai dai para Goa, daí para Kerala para voltar a subir para Bombaim… vejam no mapa mas acreditem eu tinha um plano todo direitinho que virou uma confusão de anda para trás e para a frente ahaha), como implicaria que para apanharmos os aviões para Chennai e para o Sri Lanka a tempo e horas, teríamos de visitar o Rajastão com prazos bem definidos…

Assim houve coisas que vimos mais a correr e outras que nem conseguimos ver, ou por falta de tempo ou porque não tínhamos muito tempo ou cabeça para estudarmos bem o que havia para ver… No caso desta ilha por exemplo, quisemos visitá-la mas nesse dia não havia barcos por um motivo qualquer que já não recordo…
Isto só para explicar porque é que há várias coisas aqui que não aprofundo muito… De resto não me importei nada, tenho um lema que vem das viagens com os meus pais e que é: “o que não virmos desta vez, vimos da próxima…” É sempre um bom motivo para se voltar aos sítios que gostámos, não é?




Outro lago de Udaipur é o Fateh Sagar que está situado a norte do Lago Picholas. Foi originalmente construído por Maharana Jai Singh, no ano 1678, mas mais tarde foi reconstruído e ampliado após a destruição causada por fortes chuvas.




Há muitos ghats à volta do lago Pichoa. O lago é pouco profundo mesmo nos anos de fortes chuvadas, e seca facilmente em tempos de seca severa.




O Palácio de Udaipur, situado na margem leste do Lago Pichola é composto por uma série de palácios construídos em diferentes épocas a partir de 1559.

A entrada principal é pelo portão triplo arco - o Tripolia, construído em 1725.




Já no interior do palácio o caminho da visita, leva-nos a uma série de pátios, zonas sobrepostas, terraços, corredores e jardins...
Este jardim interior era um encanto!




Reparem nestas salas… os jogos de espelhos são incríveis…




O palácio contém muitas antiguidades, pinturas, móveis e utensílios decorativos.




E também outros utensílios menos decorativos e mais utilitários… Existe também uma sala com as fotografias dos governantes britânicos que para ali foram destacados ao longo da regência inglesa…




Um lugar fascinante é o Mor-Chowk (pátio pavão), é mesmo impressionante, lindo! As fotografias dão uma boa ideia…




O Pátio tem o nome de Pátio Pavão devido às autênticas obras de arte que decoram as suas paredes.




As janelas rendilhadas e recortadas e uma reminiscência dos vitrais…




As varandas do palácio oferecem vistas panorâmicas sobre a cidade… a Índia tal como ela é…




… assim como excelentes vistas sobre a "Jag Niwas" com o seu Lake Palace Hotel e sobre Jag Mandir…




A visita termina num enorme pátio…




… que por sua vez dá para a uma zona exterior ao palácio mas ainda dentro do complexo e onde se pode sentar numa esplanada ou na relva a observar o edifício e as suas fabulosas varandas…




O Templo de Jagdish é um grande templo hindu no centro de Udaipur... Confesso que não fiquei grande fã dos templos hindus em geral…





A cidade habituada a receber turistas tem para ofecer os habituais passeios de camelo e elefante…por isso é  habitual cruzarmo-nos no caminho com estes meios alternativos de locomoção…




Udaipur é um bom sítio para fazer uns passeios pelas lojas e mercados onde tivemos oportunidade de observar alguns artistas de rua a fazerem trabalhos impressionantes…




Também oferece alguns espaços agradáveis como este restaurante onde fomos, julgo que comi um bife… eu quando viajo na ásia ando sempre a sonhar com bifes assim com natas e batatas fritas… cada maluco… ahaha

Mais uma vez aqui fui raptada para mais uma fotografia…




A cidade à noite é deslumbrante, ganha uma nova magia, com a iluminação ténue desaparece aquela crueza própria das cidades indianas… Este ambiente é especialmente encantador junto ao lago de onde se avistam os palácios-ilha iluminados… e ainda mais quando se ouve ali perto o som melodioso de um espectáculo de música e dança…




Seguimos a música… aliás já andávamos à procura do espectáculo quando a música começou… Lá o encontrámos e por ali ficámos a observar estarrecidos os “malabarismos” da dançarina ao som da sublime música regional…




Um lugar que se pode visitar a uns km de Udaipur é o Palácio Sajjan Garh … vale a pena pela paisagem do caminho e pela vista sobre a cidade distante e lagos.




Este palácio também conhecido como Monsoon Palace estava preparado para guardar a água da chuva para consumo durante todo o ano.





Tem um jardim e uma esplanada agradáveis mas além da vista pouco mais tem para ver…




A estância de verão dos Marajás está no topo de uma colina com vista para todos os lagos de Udaipur.







Outro lugar onde fomos perto de Udaipur foi a Ahar... Os Cenotáfios de Ahar são um grupo de cenotáfios reais localizados a cerca de 2 km a leste de Udaipur. O lugar contém mais de 250 cenotáfios dos Marajás de Mewar, que foram construídas ao longo de aproximadamente 350 anos. Há 19 chhatris que comemoram os 19 marajás que foram cremados no local.




O guardião do local contou-nos que também ali tinham sido imoladas algumas viúvas que estariam dessa forma a cumprir a regra do Sati . Contou também que muitas vezes elas era drogadas para aceitarem tal sorte por interesse religiosos e financeiros das respectivas famílias, que garantiam assim as honras para o marido e a riqueza para si próprios...




Alguns cenotáfios estão marcados com placas que assinalam quem construiu em memória de quem e quando…




Os pormenores de alguns chatris são impressionantes…




Mais uma vez seguimos caminho, agora em direcção a Jodhpur. Mais uma vez as paisagens eram bonitas...




... as ruas estreitas e os obstáculos originais…

Vá lá que nem eu nem o Rui éramos de sobressaltos… qualquer outra pessoa mais susceptível era capaz de ter abandonado o carro antes do fim do primeiro dia… ahah



9. JODHPUR जोधपुर (Rajasthan)

Esta cidade do Rajastão, localizada no meio do austero deserto Thar, é conhecida tanto como “Cidade do Sol” - pelo tempo ensolarado que goza todo o ano, como “Cidade Azul” - devido às casas pintadas de azul à volta do Forte Mehrangarh.

Vimos Jodhpur muito a correr… mas gostei do que vi… talvez por ter visto menos da cidade fiquei com uma impressão melhor… é que as cidades indianas em geral são mesmo muito feias … têm é sítios fantásticos, como aqui apesar de pouco termos visto nos focámos nos sítios mais giros acabou por ser essa a imagem principal que guardei…




A cidade situada numa rota comercial importante fê-la beneficiar de um florescente comércio de ópio, cobre, seda, sandálias, tâmaras e café. Tendo sido uma importante cidade na época do Império Mughal, foi durante o Império Britânico que mais cresceu, passando a ocupar uma posição dominante no comércio em toda a Índia.

A Torre do Relógio é um marco da cidade...




O Forte Mehrangarh é a característica mais proeminente de Jodhpur, está situado no coração da cidade velha de Jodhpur no topo de uma colina de 125 m de altura. A construção foi iniciada no séc XIV mas a maioria do que sobreviveu data do séc XVII. As impressionantes paredes do Forte têm até 36 m de altura e 21 m de largura. Dali tem-se uma deslumbrante vista da cidade.





O Jaswant Thad, perto do forte, é um monumento de mármore branco construído em 1899 em memória do Marajá Jaswant Singh II. Todo o monumento é construído com folhas esculpidas em mármore, extremamente finas e polidas para emitirem um brilho especial quando os raios do sol batem na sua superfície... Não conseguimos visitar... fica para a próxima... eheh






O Palácio de Jodhpur, Umaid Bhawan Palace é um dos mais imponentes palácios indianos, mas também entre os seus mais recentes. O palácio tem o nome de seu construtor, Maharaja Umaid Singh que foi o presidente do Royal Institute of British Architects. Foi construído como projecto de emprego durante um longo período de seca. O projecto empregou três mil artesãos por um período de 15 anos (1929-1943). Mais de 90.000 m² do melhor mármore foi usado na construção do palácio. Também foi usado um tipo especial de arenito, o Chittar, que lhe dá um acabamento especial e é responsável pelo nome que lhe é dado pelos locais: Chittar Palace. Em 1977, o palácio foi segmentado em residência real, o Hotel Heritage e um museu.




10. JAISALMER जैसलमेर (Rajasthan)

Jaiselmer era o nosso último ponto de destino no Rajastão, e como é bastante distante de Jodhpur, decidimos deixar o motorista regressar a Jaipur e fizemos a viagem, que durava uma noite... de comboio. Era uma boa opção para poupar tempo…

Jaiselmer é a última estação de uma das ferrovias das Indian Railways… chegámos de madrugada... Imaginem o bem que sabe acordar olhar pela janela e ver este bonito deserto... as paisagens eram mesmo bonitas...




Falando um pouco mais dos comboios... viajei em várias classes, desde a pior como sabem quando fui de Patna para Agra até à melhor com ar-condicionado e todas as mordomias... sinceramente já nada me metia medo pelo que a opcção era feita com base nos horários dos comboios e no tipo de viagem. Por exemplo não iria perder 3h à espera de um comboio para ir numa classe melhor a não ser que estivesse messsmmo ko, e já sabia que mesmo que fosse numa classe má se a viagem fosse de noite era só trepar para um beliche de cima e era como se saísse imediatamente da confusão... foi o que aconteceu nesta viagem de Jodhpur a Patna...

Quando acordámos éramos praticamente os únicos na carruagem... delicia... aproveitei para fotografar a carruagem... imaginem isto apinhado de gente...




Jaiselmer é simplesmente incrível… está situada no coração do deserto de Thar e é apelidada de "A Cidade Dourada", porque a areia dá uma cor amarelo-ouro à cidade e arredores. 




O nome Jaisalmer deriva do seu fundador Rawal Jaisal e significa "Forte do Monte de Jaisal". De facto a cidade parece como coroada pelo Forte de Jaisalmer. Criado em 1156 pelo governador Rajput Bhati Jaisal, situa-se no monte Trikuta e foi palco de muitas batalhas. As suas paredes de arenito maciço são de uma cor “camel” durante o dia, e de um mágico mel dourado quando o sol se põe.




Esta é uma fortaleza viva pois cerca de um quarto da população da cidade ainda vive no seu interior. As principais atracções no interior da fortaleza são o: Raj Mahal (Palácio Real), os templos jainistas e o templo Laxminath  e alguns Havelis, todos fabulosamente esculpidos e ornamentados.




Jaisalmer tem a sua origem no clã Bhatti que encontrou refúgio no deserto indiano. Em 1156, Rawal Jaisal, o sexto em sucessão, fundou a fortaleza e a cidade de Jaisalmer, e fez dela a sua capital. Mais tarde a cidade foi saqueada e capturada e ao fim de que há algum tempo ficou completamente deserta. Já no séc XVIII e no séc XIX os príncipes de Jaiselmer foram conseguindo retomar algum poder. Jaiselmer foi um dos últimos estados a assinar um tratado com os britânicos. O actual descendente é Brijraj Singh. Hoje em dia embora a cidade esteja sob a governação do Governo da Índia, uma grande quantidade de trabalho social é realizado por ele e pela sua família.

Apesar de Jaisalmer ter sido sempre um lugar remoto, está repleto de muitas estruturas artísticas e monumentos de importância histórica local. Alguns dias mais tranquilos passados deambulando pela cidade, arredores e deserto podem ser uma óptima maneira de relaxar do caos das grandes cidades indianas.




O Raj Mahal (palácio real) ou Taj Juna, cuja construção começou em 1500, é um palácio de sete andares e uma das mais antigas do Rajastão. O palácio está aberto ao público e abriga um museu.




Vou falando um pouco mais de Jaiselmer enquanto visitamos o palácio...

Jaisalmer foi posicionada estrategicamente como um ponto de paragem ao longo de uma rota de comércio tradicional percorrida pelas caravanas de camelos de comerciantes indianos e asiáticos. O percurso ligava a Índia ao Egipto, Arábia, Pérsia e África.




Tradicionalmente, a principal fonte de renda eram as taxas sobre as caravanas, no entanto, a glória de Jaisalmer desapareceu quando Bombaim emergiu como um porto e do comércio marítimo substituindo as rotas tradicionais. Mais tarde a independência e divisão da Índia em 1947, levou ao encerramento de todas as rotas de comércio na fronteira indo-paquistanesa e rendida Jaisalmer permaneceu um remanso deserto, propenso à seca, na fronteira internacional.




Mas ironicamente, as escaramuças entre a Índia e o Paquistão deram a Jaisalmer uma importância estratégica enquanto depósito de suprimentos do exército...




Mais tarde, o canal do Rajastão serviu para reavivar as áreas desérticas ao seu redor e foram construídas estradas e ferrovias que tornaram Jaiselmer, uma cidade, mais “próxima” do resto do Rajastão e esta passou a ser promovida como mais um destino turístico deste Estado... A Jaiselmer, não há dúvidas, vale mesmo a pena ir…




Mas continuemos a nossa visita ao palácio... com mais uma história...




Durante a invasão islâmica da Índia, Jaisalmer escapou à conquista muçulmana directa, devido à sua situação geográfica na região do deserto. O primeiro cerco de Jaisalmer ocorreu durante o reinado de Alauddin Khilji. Foi provocada por ataque Bhatis sobre uma caravana cheia de tesouros.




De acordo com as cantigas locais, os Bhatis defenderam o forte por sete anos até que face a para uma derrota certa, proclamaram o rito de Jauhar. Jauhar e refere-se à auto imolação de mulheres a fim de evitarem a captura e desonra às mãos de seus inimigos. Tal método doloroso foi preferido em relação a outras formas indolores e rápidas como envenenamento porque os invasores muçulmanos enterravam as mulheres mortas em vez de as cremarem. O Jauhar geralmente era feito antes ou ao mesmo tempo que os seus maridos, irmãos, pais e filhos, defrontavam os seus atacantes e a morte certa. O transtorno causado pelo conhecimento de que suas mulheres e crianças estavam mortas, sem dúvida, enchia-os de raiva na luta até à morte chamada Saka.




A cidade de Jaisalmer foi enriquecida pela sua comunidade Jain, que decorou a cidade com belos Templos Jain nomeadamente os templos chandraprabhu, Rikhabdev, Parasnath, Shitalnath, Sambhavanth, Gyan Bhandar, Shantinath e Kunthunath.

Jaisalmer possui também algumas das mais antigas bibliotecas da Índia que contêm raros manuscritos e artefactos da tradição Jain. Há muitos centros de peregrinação Jainista em torno de Jaisalmer como Lodarva, Amarsagar, Brahmsar e Pokharan.

Nos templos podemos falar com alguns jainistas que nos explicam o que quisermos saber... o pior é que eu sou terrivel a entender inglês com pronuncia indiana...




Durante a minha visita um guia explicou-me que devia colocar os pés em cima dos relevos do chão que funcionavam como a reflexologia... para quem não sabe o que é, a reflexologia identifica e trata dos distúrbios orgânicos e dos desequilíbrios emocionais através de estímulos por acupressão nas terminações nervosas em pontos específicos dos pés... já recebi massagens nos pés e é muito bom mas nunca experimentei a reflexologia própriamente dita, por isso não posso dar opiniões de qualquer forma experimentei colocar os pés em cima dos relevos... das duas uma... ou estava já perfeitamente bem... ou acho que precisava de lá ter ficado umas horas para dar algum efeito visível... fico-me pela primeira e continuemos a visita... ahah




Não consigo ficar indiferente aos pormenores fabolusos destes templos...




Em Jaiseklmer há que ficar ou pelo menos visitar os Havelis हवेली . Haveli, é o termo usado para uma mansão na Índia e no Paquistão. Haveli deriva do persa que significa "um lugar fechado". Os Havelis compartilham características semelhantes com outras mansões derivadas da arquitectura islâmica, como as moradias tradicionais em Marrocos chamadas Riads. Os mais famosos são o Patwon-ki-Haveli, o Salam Singh-ki-Haveli, o Nathmalji-ki-Haveli e o Drysdale Kot.




Estes pequenos paraísos são mesmo encantadores...




Jaisalmer é quase totalmente um banco de areia, que abrange uma grande parte do Deserto Thar indiano. A temperatura máxima no Verão é de cerca de 41,6 ° C.

A paisagem evidencia uma beleza austera e os safaris de camelo pelas dunas do deserto nas proximidades são populares entre turistas, isto apesar do distrito de Jaisalmer estar delimitado a oeste e sudoeste, pela fronteira de 471 km com Paquistão… Claro que eu não podia deixar de embarcar nesta aventura e passar uma noite no deserto mesmo ao lado do Paquistão...




No meu grupo éramos 4 com mais 2 guias... ao inicio lá fomos muito alinhadinhos em fila indiana, claro está...




Mas a certa altura já estávamos todos convencidos que dominavamos e já estava cada um para seu lado... ahaha




Os guias eram muito simpáticos mas ao mesmo tempo muito reservados, calmos, notavam-se neles alguns traços culturais menos indianos e possivelmente mais árabes...




Apesar do deserto paraecer todo igual, os guias lá nos iam levando para onde achavam e durante o caminho iamos fazendo algumas paragens, ora para beber um chai, ora apenas para descansar as costas...




Eram também os guias que faziam as nossas refeições... bem boas...




E às vezes até tinhamos a sorte de arranjar uma sombra para nos deitarmos enquanto a comida não vinha e com direito a salgadinhos como aperitivos...




Os camelos, os grandes protagonistas desta aventura também não se puderam queixar...




A água é escassa, e geralmente salobra, a profundidade média dos poços é de 76 m. Na região não existem ribeiros perenes, e apenas um pequeno rio, o Kakni, que, após fluir durante uma distância de 28 metros, se espalha sobre uma grande superfície de terreno plano - o Orjhil Lake.




É engraçado ver os guias a carregar e descarregar os camelos, aquilo que parece apenas um conjunto de trapos acaba por constituir tudo o que se precisa para um belo acampamento..




Pelo caminho encontrámos algumas "manadas" (não sei como se chama um conjunto de camelos...) de camelos selvagens... Muito giro...




Mas não é só de camelos que é feito o deserto...




Durante a viagem passámos por vastos campos de areia cobertos a oeste com arbustos e a leste com tufos de capim alto... uma coisa é certa fosse como fosse a paisagem era sempre brutal!




Bonito, não é?




Umas zonas eram mais verdes e tinham  árvores altas...




Com mais ou menos areia, mais ou menos verde, a paisagem e a calma eram espantosas... ao oongo destes posts já deu para perceber que gosto de sítios bonitos e tranquilos..usando uma expressão da minha amiga Ana B... refúgios de tranquilidade... são sempre um bom complemento para a vida agitada das grandes cidades... e de quando em quando gosto de me perder no meio do nada...




O aspecto geral da área é a de um interminável mar de morros de areia, de todas as formas e tamanhos, alguns chegando a uma altura de 46 m.




É lindo, não é? Para mim quem nunca viu o deserto é como quem nunca viu a neve ou o mar...




Mais umas fotografias das dunas...




... e as fotografias da praxe...




... e as fotografias mais artísticas... a sério voc~es já sabem que não me podem pôr máquinas na mão...




e mais umas tantas... agora à areia...  e a um insecto local... mas é melhor não pensar muito em insectos nesta altura porque em breve vou ter de dormir no chão...




Pelo caminho fomos encontrando, pessoas, acampamentos e algumas casas...

A maior parte da população da região leva uma vida errante de pastoreio de rebanhos e manadas de camelos... e já viveu épocas de fome. Vivem principalmente do comércio de lã, ghee (manteiga) de camelos, bovinos, ovinos e caprinos.




O clima é seco e permitindo apenas a cultura da estação da chuva, as culturas de Primavera de trigo, cevada, etc, são muito raras. Devido à escassez das chuvas, a irrigação é quase inexistente.




Interessante como as casas se misturam com a paisagem.... e quem disse que não há flores no deserto?




O aspecto limpo do interior das casas, inacreditável... reparem nas paredes e no chão de terra imaculados...




A família adorável que vivia nesta casa...  As principais importações da região são de grãos, açúcar e tecidos estrangeiros... fiquei com pen de não ter uns rebuçados para dar às crianças...




Mais uma casa... o contraste com o resto da Índia é marcante, aqui parece tudo tão cuidado...




O turismo é presentemente a principal indústria em Jaisalmer. Estas pessoas que vivem no deserto estão certamente habituadas a receber estranhos...




Convidávam-nos para entrar e mostravam-nos ou deixavam-nos ver as suas casas... o olhar desta miúda marcou-me achei-a triste... infeliz... quando olhamos para o deserto ficamos fascinados, mas claro que a realidade de quem ali vive parece ser bastante dura e viver para sempre no meio do nada para  uma rapariga indiana com sabe-se lá que destino pode parecer um suplício...




Reparem mais uma vez na limpeza e arrumação das casas... Como é que uma casa tão simples pode ser tão bonita?




Jaiselmer é um bom exemplo de como uma região aparentemente mais pobre consegue ser tão mais encantadora que outras cidades bem mais ricas... e que como a simplicidade consegue ganhar pontos à ostentação.

Jaisalmer é também conhecida pelos sacos de couro dos mensageiros, feitos a partir de camelos selvagens. O petróleo e gás natural poderão estar a ganhar mais importância na região mas a principal exportação é cultural, com os seus músicos e dançarinos que encantam por todo o mundo...

Termino a narrativa acerca de Jaiselmer com este passeio no deserto. De Jaiselmer seguimos para Jaipur onde apanhámos um avião para Chennai... com destino final no Sri Lanka...

11. CHENNAI சென்னை (Tamil Nadu)

A nossa passagem por Chennai consistia em chegar, esperar pelo próximo voo e seguir viagem... Praticamente não visitámos a cidade... fomos só de fugida ao centro para jantar... Não sei se já contei mas não sou fão de comida picante e deste jantar lembro-me que me tinham garantido que um prato qualquer não tinha picante... pois... por duas vezes voltou para trás e por duas vezes veio na mesma... estava de tal forma que despejei o lassi para dentro do prato para o conseguir comer... ehehe

Chennai, localizada na costa de Coromandel da Baía de Bengala era conhecida anteriormente como Madras மெட்ராஸ். Com uma população estimada em mais de 8,2 milhões de pessoas é a quarta área metropolitana mais populosa da Índia e a quinta cidade. A economia de Chennai tem uma ampla base industrial autmóvel, IT, tecnologia de fabricação de hardware, e saúde. A música, teatro dança e indústria cinematográfica tem um peso muito importante na região.

Depois do jantar regressámos ao aeroporto que não tinha grandes condições e "acampámos" por umas horas enquanto esperávamos pelo avião...




De Chennai fomos para o Sri Lanka onde ficámos cerca de uma semana, um pouco mais, acho... Daí regressámos à Índia a Chennai... O desafio nesta altura era ir de Chennai para Goa (tinhamos de atravessar a Índia de leste a oeste)... e o Rui não tinha dias para fazermos a viagem nas calmas... além disso estava quase a ser o aniversário dele e a ideia era estarmos em Goa nessa alura... Já não me lembro bem mas acho que não havia comboios para Goa nos próximos dias e acabámos por regressar aio aeroporto para apanhar um avião para Bangalore de onde apanharíamos um autocarro para Goa...

12. BANGALORE ಬೆಂಗಳೂರು (Karnataka)

Como o destino era Goa, a nossa passagem por Bangalore foi ainda mais curta que a de Chennai... Do aeroporto apanhámos um autocarro para a cidade onde fomos logo comprar um bilhete de autocarro... jantámos num restaurante ali perto e seguimos viagem...

Mas aproveito esta breve passagem por aqui para falar um pouco de Bangalore...

Apelidada de Garden City é terceira cidade em população da Índia e quinto aglomerado urbano.
Durante o Império Britânico, tornou-se um centro do governo colonial no sul da Índia. A partir de 2009, Bangalore foi introduzida na lista de cidades globais e classificada como uma  "Beta World City" ao lado de Genebra, Copenhaga, Boston, Cairo, Riade, Berlim, etc .

Hoje, como uma grande cidade e metrópole em crescimento, Bangalore é o lar de muitos dos colégios reconhecidos e instituições de pesquisa. Inúmeras indústrias do sector público pesado, empresas de software, aeroespacial, telecomunicações e organizações de defesa estão localizados na cidade. Bangalore é conhecida como a Silicon Valley da Índia por causa de sua posição líder na exportação de TI. A cidade é um dos principais centros económicos e culturais, e é a metrópole que mais cresce na Índia.




13. GOA गोवा (Goa)

Chegámos a Goa após umas boas horas em viagem, se contarmos desde que partimos do Sri Lanka estávamos a viajar há mais de 24h...  Claro está que a viagem que fizemos de autocarro desde Bangalore foi toda passada a dormir… o autocarro era confortável e como havia bastante espaço livre pudemo-nos esticar à vontade…

Mas falemos um pouco de Goa… O Estado de Goa é famoso pelas suas praias banhadas pelo mar arábico e que se estendem por mais de 100 km e pela paisagem tropical quase imaculada onde se vêem aqui e ali igrejas, fortes e casas coloniais. É o mais pequeno estado da Índia em área, o quarto menor em população e o mais rico com um PIB per capita duas vezes e meia a do país como um todo...



A região esteve ao longo dos séculos sob o domínio de vários impérios desde o do imperador budista, Ashoka de Magadha, aos impérios islâmicos Bahmani e de Bijapur, passando pelos impérios hinduísta/jainista de Kadamba e pelo império hinduista de Vijayanagara…Isto até que, em 1510, depois da derrota do imperador Bijapur, o território veio parar às mãos cristãs dos Portugueses…que criaram um assentamento permanente na região hoje chamada Old Goa (ou Velha Goa). Nesta altura, as guerras repetidas dos Portugueses com os povos nativos juntamente com as políticas de repressão religiosa portuguesa levaram a grandes migrações dos goeses para áreas vizinhas.

Mais tarde Goa foi ocupada pelos britânicos entre 1812 e 1815 e em 1843 estes transferiram a capital de Velha Goa para Panaji. Apesar da presença inglesa, os Portugueses mantiveram territórios na região e quando a Índia conquistou a independência aos britânicos em 1947, Portugal recusou-se a negociar a transferência de soberania dos seus enclaves indianos. Em 1961, cerca de 450 anos depois, o exército indiano conquistou Goa, Damão e Diu a Portugal e os territórios foram anexados à União Indiana e governados com uma região à parte. Em 1987, as regiões foram divididas. Damão e Diu foram anexados ao estado de Gujarat e Goa tornou-se o 25º Estado da Índia.




Mas deixemo-nos de história e voltemos à viagem... Chegados a Goa, só queriamos arranjar um sítio onde ficar e de preferência na praia... pareceu-nos, pela explicação do guia e tendo em conta a próximidade ao que queriamos visitar, que a Praia de Candolim seria uma boa opção...

Descobrimos uma guest house junto à praia, aliás o guia falava dela mas bem que tivemos que a procurar... basta olharem para as fotografias para entenderem que não era muito fácil descobrir os caminhos para as guest houses ao pé da praia...




Estas guest houses eram todas muito parecidas com as moradias típicamente portuguesas...




Lá encontrámos a guest house, não sei se a que procurávamos mas pelo uma que nos pareceu boa e acho que fomos dormir mais um bocado para a praia...

Dali via-se um navio que encalhou em 2000 durante uma noite de tempestade na estação chuvosa a cerca de 500 metros de distância da praia Candolim. E lá ficou... não fosse o calor tropical, eu diria sim, que estavamos em Portugal... ahaha



Movimentar-se pelo extenso estado de Goa não é exactamente prático se contarmos com táxis, autocarros e riquexos e até moto-táxis. O ideal é recorrer a transportes próprios como carros alugados ou motos, foi o que fiz…

Desde os 16 anos que tive uma scooter em Vilamoura... Custou-me uma boa dose de latim para convencer os pais, sete 5 e três 4 e um prémio de boa aluna no 9º ano do colégio que deixaram os pais finalmente sem argumentos... Contudo o acordo a que chegámos foi de que a mota (o aspirador, digamos antes) não sairia nunca de Vilamoura... Assim, lá me tornei uma condutora de Verão e de ocasionais fins-de-semana durante o ano... mas até era uma boa condutora da minha Yahama Target que dava 80 km/h ahah e mesmo depois de tirar a carta de carro continuei a dar uns passeios de mota sempre que ia a Vilamoura... Mas a mota passava grande parte do ano parada e estava a começar a estragar-se e a certa altura oferecêmo-la ao jardineiro... praticamente pouco mais guiei desde essa altura...  a não ser em viagens como quando estive em Bali.

Tudo isto para dizer que apesar de saber guiar e ter carta de mota (aos 16 tirei a licença de scooter e aos 18 tirei a carta de mota - porque estava habituada a andar de mota e porque o meu namorado Pedro também tinha motas e era bom saber que se voltasse a querer ter mota já tinha carta), estava a dizer que, apesar de ter carta não tenho a mania que sou a campeã do asfalto... aliás até evito guiar com pessoas à pendura em especial se são mais pesadas que eu nem que seja 1 kg...é que quem guia não só tem de aguentar com o peso da mota e do pendura, nas paragens, como tem de conseguir equilibrar a mota quando o outro se mexe...

Como só eu é que podia alugar e guiar a mota porque o Rui que não tinha carta e para ele andar tinha de ser à pendura comigo... Disse-lhe tudo isto e ele achou que eu me devia habituar primeiro à mota, andava sozinha um dia e depois logo se via se ele andaria comigo ou não... ahaha confessa Rui que achaste é que eu era uma naba do asfalto ahaha.

Assim no primeiro dia lá fui dar umas belas voltas de mota sozinha... andei quilómetros... eu sou perigosa com uma mota nas mãos... Saí depois de almoço e só voltei já era noite cerrada e pelo meio ainda apanhei uma bela molha... é que fui andando, andando e nem contei com o tempo para regressar... Bem seja como foi, acho que passei na prova porque desde aí o Rui já nao se importou de andar comigo ahaha.

Imaginem-se no meio da Índia e de repente avistam ao longe esta igreja... é o máximo não é? Claro que enquanto não a descobri não descansei... valha-me o meu sentido de orientação...




Alguns pormenores da igreja... é impressionante não é? No meio da ásia num país repleto de templos hindus, budistas, jainistas... encontrar uma igreja tão com o sabor a casa...




Mas comecemos a visita de Goa pela capital do estado. Panaji ou Panjim é a capital do estado embora não seja a maior cidade, Vasco da Gama, mais a sul é a maior.

Em muitas partes de Goa, ainda podemos encontrar mansões construídas num estilo Indo-Português, embora a maioria se encontre em estado degradado. O Bairro de Fontainhas, em Panjim é um exemplo da influência colonial na arquitectura da região. As pessoas que vivem nas casas só podem renovar o interior.



Goa foi também sob o domínio Mughal e, portanto, encontra-se monumentos construídos no típico estilo Mughal completo com as cúpulas mas sem dúvida que a influência colonial predomina.



Após 1961, muitas das igrejas de Goa foram demolidas e reconstruídas como templos em estilo hindu, algumas ainda ficaram e uma delas é a Igreja da Imaculada Conceição em Panjim que ocupa um lugar central e de relevo na cidade.




Um moderno templo hindu de Panjim, talvez onde antes existia uma igreja... o contraste com a construção colonial é brutal...



Em Panjim pudemos ver muitas influências coloniais que ainda persistem... Nomes de lojas com apelidos portugueses, comidas típicas daqui, etc... Mas as influencias coloniais também atingiram o desporto... o futebol, que segundo me lembro não tem grande expressão nas outras cidades indianas onde o críquete prevalece,l é o desporto mais popular em Goa. As suas origens remontam a 1883 quando um padre irlandês estabeleceu o desporto como parte importante de uma "educação cristã”...

Outro lugar a visitar em Goa é Velha Goa गॉय.  Inicialmente foi construída pelo Sultanato Bijapur, no século XV estava cercada por um fosso e continha o palácio do Xá, e suas mesquitas e templos. Mais tarde, a partir de 1510, serviu como capital do Estado Português da Índia do século XVI até ao seu abandono no século XVIII, quando a residência do vice-rei foi transferida para Nova Goa (na época uma aldeia de cerca de 9 km a oeste ) devido às epidemias de malária e cólera que devastaram a cidade. Velha Goa, no entanto permaneceu oficialmente como capital até 1843 quando Nova Goa chamada pelos britânicos de Panaji, sob o domínio Inglês passou a ser a capital oficial. Velha Goa foi incorporada à República da Índia, em 1961, juntamente com o resto de Goa. O que resta da cidade está referenciado como património mundial da UNESCO.


O que mais chama a atenção em Velha Goa são as suas majestosas igrejas.

A Basílica do Bom Jesus tem os restos mortais de São Francisco Xavier que foi um dos membros fundadores da Companhia de Jesus, também conhecida como os jesuítas. São Francisco Xavier, nasceu no castelo da família em Navarra em 1506 e com Inácio de Loyola foi um dos sete primeiros jesuítas que se dedicaram ao serviço de Deus, em Montmartre, em 1534. Liderou uma missão ampla na Ásia, mais notadamente na Índia, mas também no Sri Lanka, no Japão, Bornéu, China, Malásia, e outras áreas que até ali não tinham sido visitadas por missionários cristãos. O seu objectivo era “dar a Deus uma glória sempre maior e trabalhar para a proclamação do Evangelho de Cristo aos povos que tinham sido ignorados”.



Morreu em 1552 e foi enterrado numa praia da Ilha de Shangchuan na China de onde o levariam para Hong Kong, Malaca e depois Goa. Apesar de ter sido enterrado com o dobro da cal para acelerar a decomposição que permitiria o transporte, o seu corpo não se decompôs e permanece incorrupto. Desde 1637 um túmulo aberto de vidro que contém o caixão de prata marca o local da sepultura de Xavier. Uma vez a cada 12 anos, o corpo é retirado para a veneração e para exibição pública. O último evento foi realizado como em 2004.

São Francisco Xavier é considerado um santo padroeiro dos missionários católicos em terras estrangeiras.




Outra igreja ali mesmo ao lado é a Sé Catedral, sede do Arcebispo de Goa.

Uma estátua dedicada ao Sagrado Coração de Jesus, foi erguida, em frente à Catedral da Arquidiocese de Goa e Damão, por ocasião dos 400 anos da criação da Arquidiocese em 1957.




O interior da sé...




Mas as Igrejas não acabam aqui... no mesmo espaço visual ainda temos mais uma... a  Igreja de São Francisco de Assis. 

São Francisco de Assis nascido Giovanni di Pietro di Bernardone em 1182 , foi um frade católico da Itália que depois de uma juventude irrequieta e mundana, se voltou para uma vida religiosa de completa pobreza, fundando a ordem mendicante dos Franciscanos. Com o hábito da pregação itinerante, ao invés da vida em mosteiros desenvolveu uma profunda identificação com os problemas de seus semelhantes e com a humanidade do próprio Cristo. A sua atitude foi original também quando afirmou a bondade e a maravilha da Criação, quando se dedicou aos mais pobres dos pobres, e quando amou todas as criaturas chamando-as de irmãos. Alguns estudiosos afirmam que a sua visão positiva da natureza e do homem que impregnou a sociedade da sua época. Dante Alighieri disse que ele foi uma "luz que brilhou sobre o mundo", e para muitos ele foi a maior figura do Cristianismo desde Jesus. A sua posição como um dos grandes santos da Cristandade firmou-se quando ele ainda era vivo, e permanece inabalada. Foi canonizado pela Igreja Católica menos de dois anos após falecer, em 1228, e pelo seu apreço à natureza é mundialmente conhecido como o santo patrono dos animais e do meio ambiente.

Há uma oração de São Francisco de assis que acho muito bonita: "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz; Onde houver ódio, que eu leve o amor; Onde houver discórdia, que eu leve a união; Onde houver dúvidas, que eu leve a fé; Onde houver erros, que eu leve a verdade; Onde houver ofensa, que eu leve o perdão; Onde houver desespero, que eu leve a esperança; Onde houver tristeza, que eu leve a alegria; Onde houver trevas, que eu leve a luz. Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar, que ser consolado; Compreender, que ser compreendido; Amar, que ser amado; Pois é dando que se recebe; É perdoando, que se é perdoado; E é morrendo que se vive para a vida eterna."

A Igreja é muito bonita...




Ainda visitámos um museu que tinha quadros quase me tamanho real de imensos governadores portugueses e andei divertida a ver se reconhecia algumas feições ou apelidos...

De resto em velha Goa há outras igrejas, mas tudo o que é demais, é demaise lá seguimos caminho, o Rui à pendura já muito mais confiante na minha condução! Ou em Deus... depois de visitarmos tantas igrejas...

Ah em Velha Goa ainda conhecemos um senhor que tinha família portuguesa e que sabia algumas palavras... Giro...

Por toda a Goa vêem-se várias lojas com apelidos portugueses. O Português, foi utilizado durante a época colonial e é natural sentirmos a nossa influência aqui, afinal 450 de influência não desaparecem de um dia para o outro...  Hoje em dia a lingua que prevalece é o Konkani que é falado como língua nativa por cerca de 61,21% da população do estado. Há ainda outras minorias linguísticas, desde 1991, que são o marathi (27,12%), o canará (3,41%), o urdu (2,81%), e o hindi (2,09%). Esta mescla linguística acontece em todos os estados que apesar de serem hoje em dia parte de uma mesma nação têm origens muito distintas e culturas muito próprias...




Lê-se tanta coisa diferente acerca das diversas Praias que decidi averiguar… Candolim, que já viram acima, e que foi onde ficámos, segundo os guias é uma das mais belas praias de Goa, mas na verdade acho que não é fácil arranjar vencedores e vencidos… Ajudem-me a decidir...

Calangute é a maior praia em do Norte de Goa e estrada que leva à praia com uma série de lojas de artigos de verão e lembranças diversas faz-nos pensar que esta é uma das mais frequentadas da região…




Baga é conhecida pelo riacho, o Creek Baga. Desta gostei...




.... mas não sei se o riacho inspira confiança... mas com banho ou sem banh vale a pena passar por aqui...




O riacho... bonito não é? Estas paisagens de Goa são inesquecíveis...




Outra praia é Anjuna, conhecida como a capital hippie de Goa, embora esta tendência esteja a desaparecer à medida que o turismo se consolida. Boa para umas fotografias... agora para banhos... não sei...




Vagator Beach tem umas bonitas falésias, viradas para a praia e duas nascentes de água doce, está dividida em duas por um promontório à beira-mar. A norte está a Vagator Beach ou Big Vagator e à sua esquerda Ozram Beach, mais conhecida como Little Vagator. O Forte Chapora pode avistar-se ao fundo da Big Vagator... Como paisagem a Little Vagator é a minha favorita...




Muito bonitas estas praias...




E mais umas fotografias... desta vez estes rapazes estavam a tentar tirar fotografias disfarçadamente... comecei a gozar com eles apontando a minha câmara para eles à descarada... começaram a rir...




Morjim e Ashwem são praias isoladas situadas a norte da foz do rio Chapora têm grandes extensões de areia com uma grande quantidade de palmeiras em segundo plano. Aqui podem encontrar-se aves marinhas e tartarugas olive ridley. Bonitas estas fotografias ao anoitecer, não são?




Mandrem é uma praia isolada e tranquila, com uma vasta extensão de areia e pouca sombra. Este também é um bom local para ver aves e tartarugas. Aqui também há umas guest houses giras, o probelma é que ficam um bocado longe dos outros sítios a visitar...




A praia de Mandrem ao pôr-do-sol....




E por fim Arambol tem uma atmosfera boémia, e isso inevitavelmente atrai muitos viajantes hippies. De certa forma está a ganhar uma atmosfera que era mais própria de Calangute e Anjuna.




Como já disse acima andei quilómetros por Goa... e além das praias há muitas Paisagens bonitas para disfrutar..

Coloquem os capacetes e venham daí comigo... (isto online é muito mais fácil...)



Vai valer a pena... acreditem... sentem-se confortáveis e não se esqueçam de sorrir de vez em quando... não irão faltar motivos... afinal estamos na Índia...




Goa abrange uma área de 3.702 km² está delimitada a este por montanhas, a oeste pelo mar e a norte e sul por grandes rios. E é linda!

O que se realça mais na paisagem natural é o verde intenso, a água, e as palmeiras...




Vou mais uma vez aproveitar o caminho para falar um pouco mais de Goa...

A cobertura florestal em Goa é de 1.424 km² e é constituída por tecas, palmeiras, cajueiros e mangueiras... A região dos Ghats Ocidentais, que formam a maioria de Goa Oriental, foi reconhecida internacionalmente como um dos maiores locais de biodiversidade do mundo comparáveis às bacias Amazónica e do Congo.




Goa tem mais que quarenta ilhas estuarinas, oito ilhas marinhas e dezanove ilhas fluviais. O comprimento total de rios navegáveis Goa é 253 km. Goa tem mais de três centenas de tanques antigos construídos durante o reinado da dinastia Kadamba...




Naturalmente, o arroz é a principal cultura alimentar, de resto cultivam-se leguminosas, coqueiros, castanhas, cana de açúcar e frutas como abacaxi, manga e banana, amoras, jacas também são cultivadas.




A cozinha goesa é famosa pela sua rica variedade de pratos de peixe com receitas elaboradas com coco e óleo de coco pimentas, especiarias e vinagre que dão aos alimentos um sabor único. A bebida alcoólica mais popular em Goa é Feni;. Feni caju é feita a partir da fermentação dos frutos do cajueiro, enquanto Feni coco é feita a partir da seiva de palmeiras.




O Turismo é a principal fonte de riqueza de Goa mas não é a única, a terra longe da costa é rica em minerais e esta é uma indústria importante, depois segue-se a agricultura e indústrias acessórias de média escala como a fabricação de pesticidas, fertilizantes, pneus, tubos, calçados, produtos químicos, farmacêuticos, produtos de trigo, rolamento de aço, frutas e conservas de peixe, castanha de caju, têxteis, produtos de cervejaria, etc. (as bebidas alcoólicas aqui tem preços baixos pois o imposto sobre estas bebidas é baixo na região). Outra fonte de riqueza do estado vem de muitos cidadãos que trabalham no estrangeiro e enviarem dinheiro para as suas famílias.




A sul de Panjim e Goa existe uma região que também vale a pena visitar... Aqui, seja em Chandor, Loutolim ou Margão podemos encontrar várias mansões coloniais e algumas podem ser visitadas como a casa Bragança, a casa Fernandes, a casa Aragão-Alvarez e a casa Figueiredo.




Em Loutolim pode ainda visitar-se um museu chamado Ancestral Goa que recria a vida de uma aldeia goesa durante a presença portuguesa. Não que valha muito a pena o desvio mas se estiverem por ali porque não dar um salto lá? De resto tem um site em que se pode fazer uma visita virtual. http://www.ancestralgoa.com/.




E as praias a sul... a visitar (de norte para sul): Varca, Cavelossim, Agonda,  Agonda, Palolem e Patnem...




Em Goa eu e o Rui separámos caminhos, ele já com as férias no fim, oh... iria para norte para Bombaim para apanhar o avião para Shanghai e eu iria seguir viagem para sul em direcção a Kerala...

Rui, antes de nos despedirmos, umas palavras de apreço mais uma vez pela excelente companhia!

Todos sabem que até gosto ou não me importo de viajar sozinha mas custa sempre deixar uma boa companhia pelo caminho e com o Rui viaja-se bem. Na verdade já estava habituada à companhia e fiquei com pena. De resto, também ja me tinha habituado a herdar os bons livros que o Rui ia lendo e não o deixei ir embora sem lhe roubar mais um para o resto da viagem... ahaha



Como a viagem à Índia não cabe toda num só post, vou dividi-lo aqui em duas partes... Assim, a viagem continua no post abaixo ÍNDIA (Parte II)... até já!


1 comment:

Worldphototravel said...

Olá Patricia

Grande fôlego!
Adorei ler as partes que mais me interessaram, difícil "acompanhador" a tua pedalada.
O teu blog tem 3 paixões minhas; Viagens, história e fotos.
Estive por duas vezes na Índia e espero voltar muitas mais.
Escrevo estas linhas para te dar coragem para continuares, para dizer que o lago em Pushkar está lindíssimo agora (estive lá em Maio 2012)e que nas próximas viagens que eu realizar, irei passar pelo teu blog para checar a tua opinião.
Quando tiveres tempo, dá uma vista de olhos às minhas fotos em www.worldphototravel.blogspot.com
Bons passeios
Carlos Martins