TIBETE

O Tibete (=བོད་) dispensa apresentações, é a região do planalto da Ásia, a norte dos Himalaias. Considerada a região mais alta da Terra, com uma altitude média de 4.900 metros é às vezes referido como o tecto do mundo.

O Tibete é também a segunda maior região autónoma chinesa, abrangendo mais de 1.200.000 km2, cujas fronteiras coincidem aproximadamente com a zona real de controlo do governo do Tibete antes da ocupação da China em 1959. Faz fronteira com a Índia, Mianmar, Butão e Nepal.



A etimologia da palavra Tibete é duvidosa mas seja qual for a origem exacta da palavra os tibetanos não a usam, chamam o seu país Pöd yu e a si mesmos Pöd pas.

1. KODARI (Nepal)

Deixei o meu relato da viagem a meio a friendship bridge... Tinhamos demorado cerca de 7h desde Kathmandu até Kodari e aqui, após as formalidades de fronteira do Nepal, dirigimo-nos à ponte que a meio do caminho passa a território chinês... Ainda na ponte tivemos de mostrar as autorizações de entrada e mostrar que estavamos com um guia, (para entrar no tibete é necessário um visto especial e ir acompanhado de um guia...) Também tivemos que mostrar que não tinhamos guias loney planet do Tibete nem qualquer outra literatura que pudesse questionar a soberania chinesa. Depois deste primeiro controlo, lá passámos a ponte e dirigimo-nos ao posto fronteiriço onde após o controlo automático da temperatura do corpo devido à gripe A e após nova revista de malas, carimbos etc, lá nos aventurámos mais à séria pelo território eheh

Notem que estas fotografias que se seguem não são minhas... não nos deixaram tirar fotografias na ponte... não tinham ar de brincadeira e ninguém queria arriscar não entrar no Tibete...




Só para entenderem melhor a questão China-Tibete faço aqui uma breve explicação da história desta região:

O Tibete foi unificado sob o rei Songtsän Gampo no século 7, tendo sido a partir da década de 1640 e até 1950, um governo nominalmente encabeçado pelos Dalai Lama, uma linha de líderes espirituais políticos, que governaram grande parte da região do Tibete. Ainda assim, durante parte deste período, o governo tibetano esteve subordinado à Dinastia Qing chinesa.

No caos na China, após a Revolução de 1913, o 13 º Dalai Lama expulsou os representantes Qing e tropas chinesas do que é hoje a Região Autónoma do Tibete e governou de forma autónoma.

Contudo nem a nova República Popular da China, nem qualquer outro Estado estrangeiro ou das Nações Unidas, reconheceu como legal a independência do Tibete e em 1950, a República Popular da China, emergindo vitoriosa da Guerra Civil Chinesa, reprimiu o exército do 14 º Dalai Lama e negociou com sucesso para o reconhecimento da soberania chinesa.

Em 1951, os representantes do Tibete, assinaram um acordo de 17 pontos com o Governo Popular Central Chinês afirmando a soberania da China sobre o Tibete. O acordo foi ratificado em Lhasa, alguns meses depois e embora o acordo previsse um governo autónomo, liderado pelo Dalai Lama, em 1955 foi criada a "Comissão Preparatória da Região Autónoma do Tibete" (PCART) com o intuito de criar um sistema paralelo de administração comunista.

Em 1959, alguns tibetanos durante a maior parte da região tentaram revolta contra o domínio chinês, mas essa tentativa foi prontamente derrotada, e na violência que se seguiu, o Dalai Lama e o resto de seu governo fugiram para Dharamsala na India.

A CIA incentivou a revolta tibetana contra a China e eventualmente controlou o seu movimento de resistência, enviando agentes secretos para o Tibete, treinando tibetanos exilados em campos da CIA nos EUA e acabando por ajudar o 14 º Dalai Lama a ir para o exílio político na Índia.
No entanto, o esforço interrompido quando Richard Nixon decidiu procurar uma aproximação com a China no início dos anos 1970.

Em 1965 a China apresentára o Tibete como Região Autónoma com uma divisão administrativa em pé de igualdade jurídica como qualquer província chinesa e hoje em dia a Região Autónoma do Tibete é governada por um Governo do Povo, liderado por um presidente. Na prática, o Presidente é subordinado ao secretário de filial do Partido Comunista da China. Por uma questão de convenção, o presidente tem sido quase sempre um tibetano, enquanto o secretário do partido tem sido quase sempre um não-tibetano.

Sendo uma região com inúmeras reivindicações territoriais e políticas por diversas partes, tem sido uma área fortemente isolada pela China e só em 1980 é que os primeiros turistas foram autorizados a visitar a Região Autónoma do Tibete e como já referi, ainda hoje é necessário para entrar na região viajar em grupo e acompanhado por um guia autorizado e algumas áreas ainda permanecem restritas aos turistas.


2. ZHANGMU 2,300 m

Já em território Tibetano e pouco depois da passagem da fronteira chegámos a Zhangmu འགྲ་མ.
Zhangmu་ é a cidade aduaneira com um clima ameno e húmido subtropical, que é uma raridade no Tibete. É uma vila pitoresca, muito mais limpa que qualquer cidade indiana ou nepalesa, com marcada influência tanto tibetana como chinesa. A vila desenvolve-se ao longo de uma íngreme estrada de montanha, as ruas são estreitas ao longo da encosta e de cada lado encontramos casas coloridas empuleiradas nas colinas... Os camiões vêm pela estrada Amizade para descarregar mercadorias em Zhangmu e transferi-los para os camiões do país oposto. A rua estreita em ziguezague de Zhangmu torna esta operação especialmente difícil...



Almoçámos em Zhangmu e aproveitámos para para levantar dinheiro chinês, com esse pretexto corremos a vila espreitando ora para as casas estreitas ora para o vale profundo que se estendia à nossa frente. Aqui tivemos de certa forma o primeiro contacto com os nepaleses facilmente identificáveis quando vestidos com os trajes da região.




3. ZHANGMU - NYALAM

Após o almoço seguimos por estradas estreitas de montanha em direcção ao nosso próximo destino Nyalam. 




A China tem investido na construção de estradas no Tibete, e em 15 de janeiro de 2009, até anunciou a construção da primeira auto-estrada do Tibete, um trecho de 37,9 quilómetros no sudoeste de Lhasa... Na verdade as estradas eram em geral excelentes! A excepção foi apenas um pequeno percurso logo à saída de Zhangmu que estava em construção e era tão ou tão pouco agreste que optámos todos por fazê-lo a pé e deixar os motoristas aventurarem-se sozinhos pela estrada... diga-se que o trajecto a pé não era exactamente bom mas, ainda assim, parecia seguramente melhor... eheh




4. NYALAM 3,750 m

Ninalmente lá chegámos a Nyalam onde iamos passar a noite, Nyalam é ma cidade de edifícios de pedra e telhados de zinco, que é apelidada de "O Portão do Inferno" pelos comerciantes do Nepal, porque o caminho entre a fronteira do Nepal e Nyalam ser muito traiçoeiro como já vimos...

O guia já nos tinha avisado que esta primeira noite não podiamos esperar um bom hotel mas também não nos explicou que iamos ficar numa casa gelada que parecia que ia cair a qualquer momento... mas até teve piada, de qualquer forma dormi cheia de roupa e com 500 cobertores e mantas e até com um saco cama e mesmo assim tive frio eheheh De resto... também com piada ou não... a "casa de banho" era na rua... diga-se de passagem que ninguém se aventurou em duches eheh




Na noite em que chegámos a Nyalam fizemos questão de percorrer as ruas da cidade e depois de observarmos espantados a rapidez com que construiram um passeio com blocos de cimento, deambulámos pelos bares e acabamos por conhecer algumas pessoas, o Tom um dos membros deste nosso do grupo que se estava a aventurar nesta viagem de Kathmandu até Lhasa por terra, fez um sucesso entre os locais ao desafiar um nepalês para jogarem uma partida de snooker, o jogo foi renhido, apesar da mesa estar num estado lastimável, nunca tinha visto uma mesa assim ehhe... e acho que nós até ganhámos apesar dos nepaleses terem feito fita eheh. No fundo foi divertido porque se junto uma série de gente simpática à nossa volta.




E dali fomos jantar...

No Tibete cultiva-se principalmente cevada, e a massa feita de farinha de cevada, a tsampa, é o alimento básico do Tibete, seja consumido em esparguetes ou em bolinhos cozidos e recheados chamado momos. Os pratos de carne são normalmente de carne de iaque, cabra ou carneiro, e são comidos ou secos ou guisados com batatas picantes. Também se cultiva mostarda no Tibete,portanto é uma característica predominante na sua cozinha. O iogurte de iaque, a manteiga e o queijo são consumidos frequentemente, e iogurte bem preparado é considerado como um alimento de prestígio. O chá de manteiga é muito popular e horrível!!!

Claro que enquanto não invadimos a cozinha não descansámos! E valeu bem a pena, vejam as fotografias...






5. NYALAM - TINGRI

No dia seguinte bem cedo e após um excelente pequeno almoço começámos a viagem propriamente dita e que viagem fabulosa! Só as primeiras paisagens já prometiam...




A característica mais distintiva da arquitectura tibetana é que muitas das casas e mosteiros estão construídos sobre elevações solarengas viradas a sul, e muitas vezes são feitas de uma mistura de pedras, madeira, cimento e terra. Como há pouco combustível disponível para o calor ou iluminação, telhados planos são construídos de modo a conservar o calor, e são construídas várias janelas para permitir a entrada da luz solar. As paredes são geralmente inclinadas para dentro em 10 graus como medida de precaução contra terremotos frequentes nesta área montanhosa

Já vos apresento o resto do grupo mas eu e o Tom, de que já falei atrás eramos os mais reguilas e enquanto não convenciamos o motorista a parar onde queriamos não descansavamos, por nós se tivessemos parado sempre que queriamos ainda lá estavamos a esta hora ehehe. Aqui parámos junto de alguns tibetanos que trabalhavam na construção, mulheres inclusivé... eram todos uma simpatia o que dá para ver pela fotografia desta tibetana!




A Região Autónoma do Tibete é a província chinesa com a menor densidade populacional, principalmente devido ao seu terreno montanhoso e áspero e passávamos tempos durante a viagem sem ver vivalma....




As paisagens eram divinais, ainda hoje me espantam quando olho para as fotografias, que região mais bonita!



A beleza era o factor comum a uma série de paisagens que oscilavam entre o desértico e o verde, o montanhoso e o plano...




Encontra-se frequentemente, nos mosteiros, casas e até mesmo paissagens de montanha, aglumerados de bandeiras de oração. Acredita-se que o poder da bênção especial dos mantras, orações e símbolos auspiciosos impressos nelas é espalhado pelo mundo através do vento.


Normalmente, as bandeiras têm cinco cores diferentes: o azul corresponde ao céu, o branco às nuvens brancas, o encarnado ao fogo, o verde à água e o amarelo à terra.




Em algumas destas paragens estava mesmo muito frio e sabia bem voltar para o carro e aquecer o corpo com o calor e a alma com as paisagens!




Para alguns também sabia bem dar descanso à mente eheheh Então vamos lá apresentar o grupo! Em destaque o nosso guia, Gyaltsen, eu sou péssima para nomes e acho que nunca o consegui chamar duas vezes a mesma coisa... eheh, era um simpático, sempre muito calmo, só é pena que a minha capacidade para entender inglês com pronúncia seja péssima e metade do que ele disse passava-me ao lado eheh. Atrás estão o Phil, Holandês e o Hong Jun, Coreano (que também teve vários nomes durante o percurso eheh). Na fotografia em baixo vêm-se também o Frank, também holandês e o Tom, inglês, o Norberto, mexicano ia à frente e por isso não aparece nestas fotografias por isso já o apresento mais tarde... Foram todos umas excelentes companhias e divertimo-nos imenso.




E a viagem continuou... de resto não tenho mais palavras para descrever as paisagens...




No meio das paisagens a perder de vista lá conseguiamos a custo desvendar alguns vestígios de civilização...




E lá fomos fazendo umas paragens para ver melhor as vilas espalhadas pela estrada...




... e para cumprimentarmos os habitantes locais.




Geograficamente o Tibete pode ser dividido em duas partes, a região dos lagos, a oeste e noroeste (mais a norte da região que percorremos) e a região do rio, que se espalha a leste, sul e oeste.

Ambas as regiões recebem quantidades limitadas de chuva devido à barreira criada pelos Himalaias, na verdade todo o planalto está rodeado por montanhas que formam um sistema divisor das águas que fluem ora para os rios que mais tarde desaguam no Oceano Índico, ora para os lagos (salgados) do norte, e as suas diferentes estruturas hidrológicas explicam os contrastes entre a cultura nómada da região dos lagos e a cultura agrícola na região do rio.



A região do rio é caracterizada por vales férteis e inclui o rio Yarlung Tsangpo e seus principais afluentes, o rio Nyang, o Salween, o Yangtze, o Mekong, e o rio Amarelo. Entre as montanhas existem muitos vales, como os de Lhasa, Shigatse, Gyantse e Brahmaputra livres de gelo e cobertos com solo de boa qualidade, bem irrigado, e ricamente cultivado e em alguns casos até com bosques de árvores . O South Valley é formado pelo rio Yarlung Zangbo durante o seu curso médio, que se desloca de oeste para leste. O vale tem cerca de 1200 km de comprimento e 300 km de largura e desce dos 4.500 metros acima do nível do mar até aos 2800. As montanhas de ambos os lados do vale têm na maioria dos casos a cerca de 5000 metros de altura. Os Lagos aqui existentes incluem Paiku Lake e Lake Puma Yumco.




Já a região dos lagos é um deserto árido varrido pelo vento. Esta região é chamada "Planalto Norte" pelo povo do Tibete. Com cerca de 1100 km (de largura, cobre uma área aproximadamente igual à da França. As montanhas arredondadas estão espalhadas e separadas por vales de relativamente de pouca profundidade. A região é pontilhada por lagos, grandes e pequenos, em geral, salgados ou alcalinos e é cortada por riachos. Devido à presença de um “permafrost” descontínuo (permafrost existe quando um solo que se mantém a temperaturas iguais ou abaixo do ponto de congelamento da água, 0 °C, por dois ou mais anos, o gelo não está sempre presente, mas ocorre com frequência e pode existir em quantidades superiores à da saturação do potencial hidráulico do solo) o solo é pantanoso e está coberto com tufos de relva. Os lagos de água salgada e doce estão interligados, mas geralmente estanques ou têm apenas um afluente de pequeno porte. A região dos lagos também é conhecida por um grande número de nascentes de água quente mais numerosos a oeste de Tengri Nem (a noroeste de Lhasa). O frio é tão intenso nessa parte do Tibete que essas fontes são muitas vezes representadas por colunas de gelo, resultantes da água fervente quase ter congelado.

Penso que apesar de não termos estado assim tão a norte pudemos ficar com uma boa impressão de como será a paisagem nessa zona.




Seguiamos pela estrada quando avistámos umas pessoas junto a um riacho... eu e o Tom tinhamos seguramento saltado pela janela se não tivessemos conseguido parar o motorista... eheh




Lá saímos do carro que, após o alvoroço que eu e o Tom tinhamos feito, teve mesmo de parar eheh e fomos ter com estes simpáticos tibetanos! Penso que a fotografia em que apareço foi tirada pela pequenita que era uma querida! Não dá para imaginar a tranquilidade daquele sítio! Divinal!




Lá seguimos viagem sempre a enchermos a alma com as vistas...




6. TINGRI དིང་རི 4,300 m

Tingri é uma cidade no sul do Tibete com uma população de cerca de 523 habitantes... É frequentemente utilizada como base por alpinistas que se preparam para subir o Monte Everest 60 km a sudeste. É famosa pelas suas vistas espectaculares, quando o tempo o permite, do Monte Everest, Monte Lhotse e Monte Monte Makalu, que são considerados o grupo de montanhas mais alto do mundo.

Os tibetanos eram mesmo uma simpatia e aproveitávamos cada oportunidade para brincar um bocado com eles.




Um à parte, todos vimos o filme "slumdog millionaire", lembram-se daquelas casas de banho na rua com um buraco no chão?... pois aqui havia um casa de banho dessas... assustador... acreditem...

7. TINGRI - LHATZE

Cada vez mais paisagens de sonho... cada vez menos palavras...




Uma placa interessante... para o Monte Everest, vire à direita...




A paisagem sempre imaculada...




Vários grandes rios têm sua origem no planalto tibetano, incluem o Yangtze, o Rio Amarelo, o Indus, o Mekong, o Ganges, o Salween e o Yarlung Zangbo (rio Brahmaputra). Os rios Indus e Brahmaputra têm a sua origem num lago Tso Mapham no oeste do Tibete, perto do monte Kailash (um centro de peregrinação sagrada para os hindus e os tibetanos, os hindus consideram que a montanha é a morada de Shiva, explicarei melhor quando falar da Índia).

Mas independentemente de tudo isso são sempre uma boa desculpa para uma bela tarde de pesca... ehehe




E a paisagem sempre impressionante...



Aqui a placa indica que o Base Camp para o Everest fica à esquerda... pois é o Everest estava mesmo ali ao lado...

Não cheguei a contar a história do carro era suposto fazermos a viagem em 3 jeeps (o grupo contava ainda com mais dois casais um pouco mais velhos) mas quando chegámos ao tibete tinhamos apenas à nossa disposição um jeep e uma carrinha... Apesar de não ter sido o acordado já sabemos que nestes países é mesmo assim e achámos que seria divertido irmos todos na carrinha e deixámos o jeep para os casais. Só não sabiamos era que a carrinha iria começar a perder gasolina a quase 5000 metros de altitude, sim possivelmente no ponto mais alto da nossa viagem que acho ter sido 5200/5300 metros... por pouco não tivemos de nos juntar a uns que estavam acampados por ali...eheh. Na fotografia de baixo da direita aparece finamente o Norberto o membro do grupo, mexicano, que não aparecia na fotografia em que os apresentei a todos.




A história da carrinha teve o seu quê de engraçado... é que um dos problemas e preocupações de viajar no tibete é eventualidade de sentirmos os efeitos da altitude que podem ser bastante graves consoante as pessoas... agora imaginem estarem a mais de 5000 metros e terem um motorista que tinha ficado com o casaco ensopado em gasolina a libertar esses vapores para dentro do carro... surreal... na verdade foi a única vez que senti os efeitos da altitude... eheheh Nessa altura e quando saimos do carro e andavamos um pouco sentia-se logo o cansaço... ficávamos ofegantes só com dois passos...

Aproveitámos uma das 4 paragens para concertar a carrinha para falarmos um pouco com o nosso guia e o questionarmos sobre o Tibete, a China, etc... mas não acho que ele tenha adiantado muito... mais à frente em Lhasa fiquei com uma ideia melhor do que os tibetanos pensam e nessa altura conto...




Ah mas ainda falta contar que entretanto o motorista que era simpático mas detestava ter de parar quando queriamos e ter música a tocar no rádio ficou o meu melhor amigo porque numa das tentativas de arranjar o carro entrou-lhe gasolina para os ouvidos e ficou em pânico, eu que o vi assustado fui ao encontro dele, dei-lhe água e alguns conselhos e lá ficou bom, a partir daí sempre que alguém queria alguma coisa eu era a porta voz ehhehe.

Apesar de não termos chegado até tão longe é de mostrar umas fotos do Base Camp North o do Tibete. É que há dois acampamentos em lados opostos do Monte Everest um a sul, no Nepal, e outro a norte no Tibete, este está situado a uma altitude de 5.545 metros e é utilizado pelos alpinistas durante a subida e descida, nas escaladas através do cume nordeste.

Estes campos são rudimentares, são basicamente acampamentos com filas de tendas. Os mantimentos podem ser transportados para os campos por sherpas com a ajuda de animais embora o base camp do lado norte ter acesso de veículos (pelo menos nos meses de verão). Os alpinistas ficam normalmente no base camo durante uns dias para aclimatação e para reduzir os riscos da doença da altitude que, como disse, pode ter efeitos muito graves.




8. LHATZE 4,050 m

E após uma viagem inebriante, (imaginem descer uma montanha ingreme dos 5000 para os 4000 metros numa carrinha com problemas e com um cheiro a gasolina do pior... ehehh quem suporta este adaptação à altitude aguenta tudo ehehh), lá chegamos a Lhatse.

Lhatse é uma pequena cidade de alguns milhares de pessoas no Tibete, no vale do rio Yarlung. Como as estradas para o Monte Everest e ao Monte Kailash se dividem a oeste de Lhatse, a cidade é uma paragem popular para grupos com destino a esses locais.

Como sempre, lá andámos pela cidade a meter conversa com as pessoas.




Em Lhatse encontrámos um outro grupo bem grande de gente jovem que estava a viajar como nós e acabámos por fazer uma festa com direito a karaoke numa discoteca que faria inveja a muitas das nossas... eheh

9. LHATZE - SHIGATSE

Sempre que pensávamos que já não nos podiamos surpreender mais com as paisagens tibetanas, viamos que tal era impossível...




Agora predominava o verde...




Como tinha referido atrás, na região do rio abundam caudáis rasos de água originária da neve derretida o que permite o crescimento da vegetação ideal para a pastagem de animais. E este local de passagem de pastores foi mais um pretexto para uma paragem!




O Norberto a falar com alguns tibetanos, enquanto o Tom coloca uns tampões nos ouvidos do motorista que já não aguentava mais ouvir música!! ehehhe




Mais uns quilómetros de belas paisagens... até Shigatse...




10. SHIGATSE 3,840 m

Shigatse ou Xigaze é a segunda maior cidade da Região Autónoma do Tibete, com uma população de 80.000... bem maior que todas as que vimos até aqui... a cidade está a uma altitude de 3.840 metros, na confluência dos rios Yarlung Zangbo e do Nianchuhe.

Apesar de ser uma grande cidade não deixámos de ver nas ruas tibetanos com o traje típico do Tibete.




A simpatia das pessoas, assim como as paisagens do Tibete, são inesquecíveis!




Os tibetanos tradicionalmente dependiam da agricultura de subsistência , com o cultivo de cevada, trigo sarraceno, centeio, batatas e frutas e legumes variados e pecuária, com a criação de ovelhas, cabras, camelos, iaques e cavalos. Desde a década de 1980, no entanto, outros trabalhos, tais como condução de táxis e hotelaria tornaram-se disponíveis, na sequência da reforma económica da China e do crescente interesse turístico, esta abertura promoveu também o crescimento da comercialização de artesanato (chapéus tibetanos, jóias (ouro e prata), artigos de madeira, roupas, cobertores, tecidos, carpetes e tapetes tibetanos).




Impressionante a destreza com que trabalham...




Em 2005, o sector terciário contribuiu com mais de metade do crescimento do PIB e pela primeira vez, superou a indústria principal da zona e nos últimos cinco anos, o crescimento anual do PIB do Tibete tem sido em média 12%.




A política de desenvolvimento da China ocidental foi recentemente aprovada pelo governo central para impulsionar o desenvolvimento económico do oeste da China, incluindo a Região Autónoma do Tibete.

Em Janeiro de 2007, o governo chinês publicou um relatório descrevendo a descoberta de um grande depósito mineral sob o planalto tibetano. O depósito tem um valor estimado de US $ 128 bilhões e pode dobrar as reservas chinesas de zinco, cobre e chumbo. O governo chinês vê isso como uma maneira de aliviar a dependência do país das importações de minerais estrangeiros para a sua economia em crescimento. No entanto, críticos temem que a exploração desses recursos vastos irá prejudicar o frágil ecossistema do Tibete e minar a cultura tibetana… esperemos que não




Em 2008, a população tibetana era de 5,4 milhões sendo os tibetanos étnicos 92,8% da população. Segundo a tradição os antepassados originais do povo tibetano, representado pelas seis faixas vermelhas na bandeira tibetana, são os: Se, Mu, Dong, Tong, Dru e Ra. A bandeira do Tibete, que foi introduzida pelo 13º Dalai Lama em 1912 e proibida pela República Popular da China em 1959 (quando entrámos no país uma das coisas que procuraram foi se tinhamos imagens da bandeira connosco). É usada fora da China em manifestações pró-tibete.




A maioria dos chineses que vivem na região (6,1% da população total) são os migrantes recentes, porque todos os outros tinham sido expulsos do Tibete. A questão da proporção da população Han chinesa no Tibete é um assunto político sensível. Ao contrário de outras regiões autónomas, a grande maioria dos habitantes são de etnia local. Como resultado, há um debate em torno do grau de autonomia real da região. Os defensores étnicos tibetanos temem uma "aceleração" crescente da migração de chineses desde o término, em 2006, da ferrovia Qinghai-Tibet que liga o Tibete à província de Qinghai e a Administração Central Tibetana, um grupo de exilados, afirma que a República Popular da China tem inundado Tibete activamente com os migrantes chineses da etnia Han, a fim de alterar a composição demográfica do Tibete.




Mas já tendo falado um pouco da história, geografia, das pessoas e da economia, vamos estão falar um pouco de algo muito importante no tibete: a religião...

A religião é extremamente importante para os tibetanos e tem uma forte influência sobre todos os aspectos da vida. A antiga religião do Tibete, foi quase eclipsada pelo budismo tibetano, introduzido no Tibete a partir da tradição budista em sânscrito do norte da Índia. A maioria dos tibetanos praticam o Budismo Tibetano e Bön (uma espécie de budismo misturado com crenças anteriores), embora haja uma minoria étnica tibetana muçulmana e grupos tribais mais pequenos como os Monpa e Lhoba, que seguem uma combinação do budismo tibetano e de animismo. O budismo tibetano é praticado não só no Tibete mas também na Mongólia, partes do norte da Índia e algumas outras partes da China, além do Tibete.

Comecemos a nossa viagem pelo budismo tibetano com a visita ao Mosteiro Tashilhunpo, fundado em 1447 por Gendun Drup, o Primeiro Dalai Lama.

Mas antes disso toca a tapar os ombros e as pernas como teve que fazer o Hong Jun... ehehe




Localizado sobre uma colina no centro da cidade, o nome completo do mosteiro significa: "toda a fortuna e felicidade aqui reunidos" ou "monte de glória".




Durante a revolução cultural na China, quase todos os mosteiros do Tibete foram saqueados e destruídos pelos Guardas Vermelhos. Perderam-se escrituras, imagens e estátuas, algumas queimadas outras deitadas aos rios e que conseguiram ser salvas pela população. Muitos monges foram mortos ou aprisionados, outros conseguiram fugir para os países vizinhos.




Contudo, alguns mosteiros começaram a ser reconstruídos desde os anos 1980 (com suporte limitado do governo chinês) e ao que parece tem sido concedidatem sido concedida uma maior liberdade religiosa. Os monges voltaram para os mosteiros em todo o Tibete e a educação monástica prossegue apesar de o número imposto de monges ser estritamente limitado.




Mas antes de avançarmos há que esclarecer algumas coisas acerca do budismo tibetano.

O budismo foi reintroduzido no Tibete a partir do século XI, com a ajuda do monge indiano Atisa, que chegou ao território em 1042. Com o passar do tempo, formaram-se quatro escolas: Sakyapa, Kagyupa, Nyingmapa e Gelugpa. Em 1578, membros desta última escola converteram o mongol Altan Khan à sua doutrina. Alta Khan criou o título de Dalai Lama, que concedeu ao líder da escola Gelugpa, criando uma linhagem de líderes religiosos. Em 1641, com ajuda dos mongóis, o 5º Dalai Lama derrotou o último príncipe tibetano e tornou-se o líder temporal do Tibete. Os seguintes dalai lamas foram na prática os governantes do Tibete até à invasão chinesa. O actual Dalai Lama o líder oficial do governo tibetano em exílio. O Dalai Lama é muitas vezes considerado o chefe da Escola Gelug, mas esta posição oficialmente pertence ao Ganden Tripa, um cargo de nomeação que não segue uma linhagem de reencarnação (diferente da dos dalai lamas em que após a morte do Dalai Lama, uma pesquisa é instituída pelos seus monges para descobrir o seu renascimento). Este cargo, que dura 7 anos, é atribuído com base nas capacidades distintas do eleito, já houve 101 Ganden Tripas contra apenas 14 Dalai Lamas. Outro título importante no budismo tibetano é o do Panchen Lama, criado pelo 5º Dalai Lama e que é o nome atribuído ao número dois da hierarquia Budista (após o Dalai Lama) e que também pertence à escola Gelug. A sucessão dos Panchen Lamas também formam uma linha de reincarnação tulku que se acredita que sejam encarnações do Buddha Amitābha , da sabedoria. O nome, que significa "grande sábio”.

O Mosteiro Tashilhunpo é o lugar tradicional do Panchen Lama.




Continuando com algumas explicações antes de avançarmos, agora de ordem um pouco mais espiritual: Buddha, é geralmente o termo usado para designar Siddhārtha Gautama que aos 35 anos atingiu a iluminação mas na verdade o termo Buddha não é usado estritamente para designar Siddhārtha mas qualquer ser que tenha atingido a iluminação, a raiz Budh significa "estar ciente ou completamente consciente de". Um Buddha é qualquer ser totalmente iluminado. Lama é um termo que designa alguém com um nível de realização tão elevada que lhe permite ensinar, um mestre. Dalai Lama (oceano de sabedoria) designa a reencarnação de uma longa linha de tulkus, que optaram pela reencarnação, a fim de esclarecerem a humanidade, são a manifestação de Avalokiteshvara, o Bodhisattva da Compaixão. Tulkus são lamas que conseguiram, escolher conscientemente reencarnar, às vezes por mais de uma vez, de maneira a continuarem o seu juramento de Bodhisattva. Bodhisattva designa seres de sabedoria elevada, que seguem uma prática espiritual que visa remover obstáculos e beneficiar todos os demais seres sencientes, ainda não atingiram a iluminação (buddhas) mas estão perto.

Isto porque nos templos por vezes ficamos um pouco baralhados ao ver estátuas de vários Buddhas diferentes... São diferentes porque são representações de diversos, Buddhas, Bodhisattvas, Dalai Lamas, etc...



Um momento de pausa, tanto para tibetanos como guias e turistas (Norberto e Phil), na paz das sombras frescas do complexo.




À entrada o sino que se toca, em sinal de reverência e para anúnciar a chegada, acho que o guia explicou que tinha um significado espiritual, estilo para avisar as divindades que ali estávamos... pelo menos servirá seguramente para indicar aos monges que chegou alguém...




Tivemos a oportunidade de visitar algumas salas interiores do mosteiro onde os monges estudam, meditam e descansam...




À semelhança do catolicismo em que temos a grande devoção aos santos, que em muitos casos é mais fervorosa que a adoração Deus ou a Jesus, no Budismo Tibetano, também existe a devoção pelos seus Mestres: Buddhas, Bodhisattwas, Lamas... A devoção ao mestre é algo comum no Oriente, tanto reverenciando as figuras e estátuas (note-se que o sentido de devoção no budismo tem acima de tudo a ver com a devoção pelo exemplo e ensinamentos que os mestres deram, a ideia é reverenciar as atitudes mais que as pessoas), tanto procurando um Mestre com quem praticam o tempo necessário, sempre observando o seu obedecimento às regras de moral, ética e realização espiritual.




O complexo quase labirintico era composto de vários espaços e templos que podiam ser visitados.

A suástica marca as fachadas de muitos templos budistas. As suásticas costumam ser desenhadas no peito de muitas esculturas de Buddha, e frequentemente aparecem ao pé da estatuária de Buddha. A sua origem é hindu, derivando do sânscrito svastika, significando um amuleto da sorte, e uma marca particular de pessoas ou coisas que trazem boa sorte e simbolizando o sol, o relâmpago, o fogo e o fluxo da água. No budismo tibetano, representa o Dharma ou Dhamma (ensinamentos de Buddha), representa a virtude, a bondade e a pureza do "insight" de Buddha em relação ao alcance da iluminação, a harmonia universal e o equilíbrio dos opostos. O símbolo virado à esquerda representa amor e piedade; voltado para a direita é força e inteligência. Em razão da associação da suástica voltada para a direita 卐 com o nazismo após a segunda metade do século XX, a suástica budista, fora da Índia, tem sido utilizada apenas na sua forma 卍 virada para a esquerda.

Uma curiosidade o simbolo é bordado com frequência nos colarinhos das blusas das crianças chinesas, para os proteger de maus espíritos… E uma outra, uma vez que o símbolo parece ter aparecido em vários locais do globo há alguma especulação acera da sua origem uma das teorias é a de que na antiguidade um cometa possa ter-se aproximado bastante da Terra de forma que os jatos de gases que fluiam dele, vergados pela rotação do cometa se tornaram visíveis naquela forma… a base que suporta esta teoria é um manuscrito chinês que exibe algumas variedades de cometas: a maioria são variações de cometas com caudas simples, mas outras apresentam o núcleo dos cometas com quatro braços curvados, lembrando a suástica.






Aqui o templo principal do complexo, na segunda imagem a parede branca no alto serve para se estenderem comunicações para a população. O mastro central tem o mesmo significado do mastro nas Stupas (vejam Nepal).




A vista fabulosa sobre a cidade... pois é este é o aspecto da segunda maior cidade do Tibete... fantástico, não?




A Roda da Vida (Bhavachakra em sânscrito भवचक्र; tibetano སྲིད་པའི་འཁོར་ལོ་), geralmente é encontrado nas portas de entrada dos mosteiros tibetanos. Também é conhecida com a Roda da Existência, do Devir, do Renascimento, do Samsara, do Sofrimento e da Transformação e é uma representação simbólica complexa do Samsara, encontrado principalmente na arte budista tibetana. Samsara é o ciclo contínuo de nascimento, vida e morte a partir do qual os seres se libertam através da iluminação. As suas ilustrações representam simbolicamente os doze elos da existência interdependente, os seis reinos da existência cíclica e os três venenos da mente. Portanto, ilustra de uma maneira popular a essência do ensinamento budista, as Quatro Nobres Verdades: a existência do sofrimento, sua origem e sua causa, a cessação do sofrimento e o caminho que leva à cessação do sofrimento.




A assustadora figura que segura a roda é Yama, o demónio da morte ou Kala o senhor do tempo. Aqui, sua terrível presença simboliza a impermanência; nenhum ser vivo pode escapar de suas garras. Entretanto, Buddha está a flutuar no céu e aponta para a lua cheia, significando que os seus ensinamentos apontam o caminho para a libertação. A maioria das pessoas vive negando a morte, os budistas vivem com a constante consciência de sua existência. De acordo com o pensamento budista a morte não é o fim é o começo de uma nova existência, tal como acontece em tantos exemplos na natureza. A morte, para eles, é uma poderosa directriz para encontrar o significado essencial da vida. Alguns símbolos budistas servem para relembrar da sua proximidade para que tenham consciência de que também morrerão e para que se lembrem de usar bem o corpo e não desperdiçarem o tempo que resta.

No centro da roda há três animais que representam os três venenos da mente reactiva, a origem dos seis reinos e dos doze elos: o desejo (apego/avidez) é representado por um galo; o ódio (aversão/inveja) é representado por uma serpente; e a ignorância (conhecimento erróneo/ilusão) é representada por um porco ou javali. O morderem a cauda uns dos outros significa sua interdependência, ou o facto de o círculo ser um círculo vicioso. A ignorância (porco) leva às tentativas cegas de satisfazer os desejos (galo), conduzem à agressão (serpente), tornando-nos cada vez mais insensíveis e ignorantes (porco). Essa ignorância faz-nos ainda mais egoístas continuando o ciclo que nos liga à roda de samsara constante. Ao transcendermos estes três venenos, podemos nos libertar do sofrimento dos seis reinos e extinguir os doze elos que nos prendem a ele.

Ao redor do círculo central há uma barra circular dividida em duas metades. Uma delas é de cor suave e radiante, enquanto a outra é escura. A parte mais escura mostra os indivíduos que escolheram o caminho da escuridão que leva aos infernos e aos maus renascimentos e que por isso descem em sofrimento nas profundezas sombrias. O outro, o caminho brilhante, da bem-aventurança, conduz a melhores renascimentos, às alturas e à libertação final (Nirvana)e é tomado por aqueles que seguem o caminho de ascensão espiritual e que por isso ascendem no círculo, notem que estes estão com uma aparência feliz. As nossas vidas são dominadas essencialmente por duas forças contraditórias: o desejo evolutivo dentro de nós que nos impulsiona a atingir novos níveis de consciência e o peso morto da nossa ignorância que nos puxa de volta para horizontes mais limitados. A nossa tarefa, ao assumirmos um caminho espiritual, é a de conscientemente permitirmos que as forças de evolução nos elevem e impedirmos que a ignorância nos puxe para baixo. O impulso evolutivo não é mais que elevarmo-nos ao estado de Buddha que existe dentro de nós. Assim, para qualquer progresso a ter lugar, devemos fazer um esforço constante para superar a força da ignorância que nos liga aos estágios inferiores do ser.




A parte principal da roda é dividida em seis partes, representando os seis reinos da existência cíclica (samsara) que no total representam 31 níveis diferentes. Estes seis domínios constituem todos os estados possíveis de existência no universo e todo o ciclo de seres entre esses estados, depende do seu karma, nenhum destes estados é permanente ou eterno. Assim, as pessoas virtuosas diz-se que nascerão no céu, os seres virtuosos dominado por emoções negativas da inveja nascerão no reino dos titãs, as pessoas dominadas pelo apego nascerão no reino fantasmagórico, os que sofrem com o ódio e a raiva nascerão no inferno e aquelas dominadas pela apatia nascerão no mundo dos animais. Cada reino tem um âmbito de experiência específico mas ainda assim podemos vivenciar em corpo humano — embora com muito menos intensidade — as experiências dos seis reinos

Na parte de cima estão os três reinos superiores:

1. Mundo dos deuses (deva) - As palavras em sânscrito, que são geralmente traduzidas como "deus" vêm de uma raiz que significa "brilhar". Os deuses são o brilho radiante ou aqueles que vivem em pura felicidade e prazer. Os deuses tem corpos específicos subtis e deslocam-se no espaço podendo existir na Terra produzindo benefícios para os seres humanos em dificuldades. Na parte superior, o Buddha é visto com o alaúde, lembrando aos deuses os seus prazeres limitados e guarnecendo-os contra vaidade e altivez, o que os encoraja a acreditar na sua própria imperecibilidade. Estes deuses não estão ainda libertos da tristeza, nem da roda da vida; eles também, após milhares de anos humanos, estão sujeitos à velhice e morte. O seu sofrimento especial é a ilusão da eternidade do seu estado paradisíaco e a sua miséria está na sua eventual compreensão desse erro. É importante notar aqui que os deuses são mostrados a participar em vivências semelhantes às humanas significando isso que os deuses não estão assim tão longe da dimensão humana e que os humanos podem alcançar a divindade seguindo o caminho do carma virtuoso. A pessoa que ganhou a realização espiritual é aquele que criou seu céu na terra e que evoluiu para um ser superior num sentido puramente espiritual. Mas este reino que os seres humanos buscam em seus sonhos, pode ser a sua perdição se nos conectamos com esse reino através do orgulho.

2. Mundo dos titãs (semideuses, antideuses, deuses invejosos, demónios) - Os Titãs apenas conhecem a guerra, não contentes com o que têm, tentam roubar aos deuses a sua felicidade e alegria e tentam capturar a árvore celestial que satisfaz todos os desejos. O seu desejo de possuir não vem do desejo ou cobiça mas da inveja dos bens e das conquistas dos outros. O sucesso dos outros deixa-os com um sentimento de inadequação e de serem desprezados. A mensagem subjacente a este reino é a de que “o homem não está contente com ele próprio não tem senão descontentamento com aquilo que os outros têm”.

3. Mundo dos humanos - O reino humano é o mundo da experiência quotidiana. A dor constante é desmoralizante e iniciativa entorpece. Da mesma forma o prazer e sucesso persistentes tendem a gerar complacência. A vida humana, tanto com prazer como dor, torna-nos conscientes de ambos os aspectos da vida num equilíbrio harmonioso que nos permite na passagem de um estado de felicidade para um de dor e vice-versa, buscar os ensinamentos. Assim, uma vez que a vida humana nos dá essa oportunidade rara para a realização espiritual, o budismo ensina que é muito preciosa.




Na parte de baixo, estão os três reinos inferiores:

4. Mundo do inferno - As imagens do inferno na tradição budista são geralmente locais de intensa dor e tormento, onde as vítimas são submetidas à tortura mais dolorosa infligida por seres furiosos e vingativos. Mas esta representação do inferno mais do que uma representação visual do que se pode esperar de nós se preenchermos os corações com ódio ao invés de compreensão compassiva, é também uma representação de um estado mental humano que se manifesta em todos estes detalhes dolorosos. Ninguém pode descansar em paz, quando tem no seu coração ódio para com os outros, o inferno na terra é o fluxo dos enganos e fantasias da mente, dos pensamentos e interacções raivosos, e das palavras e acções nocivas que eles produzem e que se não forem controlados, não há como deixarmos de vivenciar o inferno, aqui e agora. Depende de nós se queremos fazer da nossa vida um inferno na terra e fazer de cada situação um tormento para nós mesmos. De resto a concepção do inferno budista é diferente da concepção cristã, na medida em que o inferno não é um lugar de permanência eterna, processo é impermanente, nem o renascimento nesse local é o resultado de um castigo divino, os seres que vivem no inferno libertam-se dele assim que o mau karma que os conduziu ali se esgotar.

5. Mundos dos fantasmas famintos (ou espíritos carentes) - Aqui vimos grupos de criaturas amontoadas com corpos cinzentos distendidos, insubstanciais, como se feitos de névoa, com pequenas bocas, com apenas espessura de uma agulha e olhos arregalados e encarnados, cheios de dor e saudade, são um conjunto de massas flácidas com estômagos inchados que seus pés mal podem suportar. Estas criaturas patéticas, são obcecadas com a fome perpétua e uma sede insaciável. Elas cambaleiam fracas em busca de sustento. Motivados por uma fome e sede avassaladoras, os fantasmas famintos vivem as suas vidas para nenhuma outra finalidade que a comida e bebida. As suas pernas fracas e bocas pequenas tornam quase impossível alimentarem-se, mas não importa o que consigam, mesmo que eles consigam o que querem, nunca é suficiente pois estão permanentemente insatisfeitos, ofegando por mais, acham sempre que falta alguma coisa. Assim, esse mundo é a personificação do espírito em que predomina o desejo. O fantasma humano com fome é o avarento que vive para o seu dinheiro, o cobrador que nunca se contenta com o que tem e só quer ter mais.

6. Mundo dos animais - Aqui, a vida é a vida do corpo. Todo o esforço é direccionado para a satisfação dos desejos físicos e de auto-preservação. Esta representação é uma representação visual da recusa ignorante de ver para além das necessidades do corpo. Tal horizonte é propositadamente limitado espelha a recusa em olhar para o aspecto superficial da vida, ou seja seu significado e propósito.

Nas representações budistas da roda, dentro de cada um dos seis reinos, há sempre retratado pelo menos um buddha ou bodhisattva, tentando ajudar os seres a encontrarem o seu caminho para o nirvana.




O anel externo concêntrico da Roda da Vida está dividido em doze unidades, cada uma representando uma fase peculiar do ciclo de causa e efeito, que mantém os seres presos nos seis reinos da existência cíclica acima mencionados:

1.Uma velha mulher ou homem cegos, andando com uma bengala, representam a ignorância: A ignorância é a cegueira de ser incapaz de ver mas ainda acreditando que sabemos tudo, não significa apenas o que não podemos ver, mas também o que achamos que podemos ver, representa a falta de esclarecimento sobre a realidade das coisas e a falta de empenho em utilizarmos os nossos próprios poderes de análise e observação.

A ignorância molda a nossa vontade.

2. Um oleiro transformando blocos de argila na sua roda fazendo um pote ou tigelas, panelas e pratos o que representa a vontade: O resultado de cada peça depende do oleiro, da sua habilidade e experiência, sentido estético, e até mesmo o seu humor no momento da criação. As actividades volitivas são como o oleiro, são as forças formativas que moldam o nosso próprio futuro. Eles são a soma de todos as nossas vontades quer as que se manifestam quer as que permanecem como desejos nos nossos corações. Na verdade, é o acumular de todas as nossas vontades, que determina o fluxo de nossas vidas. A corda é trançada de muitos fios. Mas nenhum deles atinge sequer uma fracção de todo o comprimento da corda. Da mesma forma a direcção e tendência do nosso ser é moldada pelos incontáveis actos de vontade que fazemos no decorrer de nossa existência diária. Na verdade cada pensamento tem uma direcção, um impulso inerente que se descarrega sobre o mundo. Cada pensamento, cada desejo, cada ideia coerente, irradia uma energia subtil mas poderosa sobre o nosso ambiente. São os nossos pensamentos, palavras e acções que moldam o nosso destino.

A nossa vontade molda a nossa consciência

3. Um macaco saltando de galho em galho representa a consciência ou mente: O macaco salta de galho em galho arrancando e mordendo a fruta para logo de seguida se distrair com uma outra à qual se dirige apressado ansiando pela nova peça de fruta que morde e larga. Ele repete isto engolindo tudo à pressa deixando à sua volta um monte de frutas semi-mastigadas. Isto representa a inquietação que é uma parte inerente da nossa natureza. Um objecto perde o seu encanto, logo que somos capazes de adquiri-lo, a atenção, então, é desviada para outro e no processo, somos incapazes de desfrutar de qualquer um deles. Isto é verdade também para as actividades que realizamos, não tendo terminado o trabalho em mão que permanece assim por cumprir partimos para outro desprovendo a nossa vida de qualquer sentido de realização. Por isso a importância no budismo do controlo da mente e da meditação.

A consciência determina a capacidade de entendimento da dualidade corpo e mente.

4. Um barco com duas pessoas representa o nome e forma: Cada indivíduo é composto de uma mente e um corpo. Estes são representados por cada uma destas duas pessoas. A direcção do barco resulta da conjugação dos dois corpo da mente, sem o outro, cada um é incompleto e insuficiente.

O corpo e mente dão-nos os sentidos.

5. Uma casa com seis janelas representa o conjunto dos seis sentidos: Um homem senta-se dentro de uma casa que tem cinco janelas e uma porta. Através destas aberturas, ele observa o mundo. As janelas e a porta representam os seis sentidos (visão, audição, cheiro, sabor, tacto e mente), os sentidos são os portais que nos dão as nossas impressões do mundo. Os sentidos físicos apenas dão acesso aos mundos mais baixos, é somente através da porta da mente que podemos ter acesso a mundos superiores, que não são menos reais do que o físico. A capacidade para os percepcionar é cultivada através da meditação é definida como o exercício para a mente.

Os sentidos levam ao sentir.

6. Um casal que se abraça representa o contacto/impressões sensíveis: O abraço representa o contacto dos órgãos dos sentidos com seus objectos, a sua realização final.

O sentir leva à sensação.

7. Um homem dramaticamente ferido por uma flecha no olho representa a sensação: A seta representa os dados dos sentidos que colidem com os órgãos dos sentidos, neste caso, o olho. De uma forma muito vívida, a imagem sugere que a nossa experiência sensorial invoca sentimentos fortes dolorosos ou agradáveis. O prazer e a dor são experienciados em diferentes graus que vão desde as sensações físicas directas até mais elevada felicidade ou dor. Segundo a psicologia budista, a experiência da dor directa está confinado a uma área relativamente pequena do total das possibilidades da experiência consciente, infelizmente aquelas em que habitualmente estamos sintonizados.

A sensação leva ao apego.

8. Um homem a tomar uma bebida alcoólica representa o apego; O beber a vida. O álcool remete pata a natureza viciante do prazer.

O apego leva ao desejo.

9. Um homem ou um macaco a agarrar uma peça de fruta numa árvore representa o desejo: O ser que sobe a árvore para colher uma fruta representa o desejo na forma de acções concretas. O fruto é um antigo símbolo de desejos mundanos. O ser vai até ao limite de escalar uma árvore para alcançar o que a percebe como a realização de seus desejos. Esta é uma metáfora para os esforços quase desproporcionais que gastamos na procura de satisfações semelhantes.

O desejo leva à existência.

10. Uma mulher grávida ou um casal representam a existência: a criação de uma nova vida.

A existência leva ao nascimento.

11. Uma mulher a dar à luz representa o nascimento: entrada no mundo humano

O nascimento leva à morte.

12. Uma pessoa que carrega um cadáver representa o envelhecimento e morte: Tudo o que nasce é obrigado a enfrentar o ataque da doença, a dor da separação e da perda, o declínio da força física na velhice e, finalmente a morte. Uma vez que o nascimento tenha ocorrido um processo que deve terminar com a morte, foi posto em marcha. Nascimento e morte são partes integrantes do ciclo de samsara.




A roda da vida budista representa, então, simbolicamente todos os seres conscientes, presos a um ciclo de existências, cuja natureza é de sofrimento e em que o karma é a força de samsara sobre alguém. Boas acções e/ou acções más geram "sementes" na mente, que virão a aflorar nesta vida ou num renascimento subsequente. Não é um processo que necessariamente precise ser monitorado. As acções desenrolam-se do seu próprio modo, sem que ninguém controle o resultado. Não é como se alguém tivesse que contabilizar tudo para que cada qual fosse parar no reino certo, etc. As acções de cada ser determinam as experiências futuras desse ser. O simbolismo é representado por uma série de pictogramas que se destinam a funcionar como um dispositivo mnemónico, os antigos mestres dizem que se deve reflectir sobre o esquema e nos devemos focar nele dia e noite para nunca esquecermos o seu significado e o interiorizarmos. Quando isso acontecer, o desejo de ser sem esse sofrimento estúpido é espontâneo e constante, tomamos consciência do sofrimento e das limitações da existência cíclica e passamos a ter motivação para encontrar uma saída, da mesma forma que, quando nos damos conta de que estamos doentes, buscamos algum remédio. Ao compreender que a virtude e a não-virtude determinam se a nossa experiência será de felicidade ou tristeza, prazer ou dor, cabe-nos uma escolha: podemos mudar nossas acções e cultivar qualidades virtuosas, buscando a liberação para nós mesmos e para os outros seres, ou podemos continuar a criar não-virtude, perpetuando sofrimento sem fim.





Algumas curiosidades:

Acredita-se que os primeiros europeus a chegarem ao Tibete foram os missionários portugueses jesuítas António de Andrade e Manuel Marques, chegaram ao reino de Gelu no oeste do Tibete em 1624 e foram acolhidos pela família real e foram autorizados a construir uma igreja e introduzir a fé cristã. Mais tarde, o cristianismo foi introduzido Rudok, Ladakh e Tsang e foi recebido pelo governante do reino de Tsang, onde Andrade e seus companheiros jesuítas estabeleceram um posto avançado em Shigatse em 1626. O cristianismo foi utilizado por alguns monarcas tibetanos, tribunais e lamas da seita Karmapa para contrabalançar a influência da seita Gelugpa no século XVII, até que em 1745, todos os missionários foram expulsos por insistência do lama.

Também é defendido em especial pela análise dos textos gnósticos que Jesus foi influênciado pelo budismo, com que teve contacto durante a sua vida, inclusivé há quem defenda que uma parte da vida de Jesus de que não há registo foi passada no Tibete.

Penso ser fácil descobrir pontos em comum em cada uma das duas filosofias, a compaixão, o conceito de pecado como algo que nos afasta do caminho ascendente (a origem da palavra é pecatore significando aquele que se perdeu no caminho), a aceitação vs a revolta, o amor a nós próprios como base do amor aos outros, as acções virtuosas, a equanimidade perante as circunstâncias negativas, a visão da vida como um caminho espiritual e indo mais longe, como alguns defendem, a ressureição vista como reencarnação .

11. SHIGATSE - GYANGTSE

Um dos conceitos do budismo é que tudo é impermanente e que não faz sentido desejarmos a permanência de estados bons pois isso só nos vai trazer sofrimento.

Isto para dizer, em modo de brincadeira, que tudo pode ser impermanente mas a beleza das paisagens foi felizmente uma constante ao longo da viagem!




Escusado será dizer que ficámos contentissimos quando o guia anuncia uma paragem neste local:




Ia mostrar-nos um moinho...




Adorei ver como funcionava!




Pelas fotografias dá para ver que era um local além de rudimentar, bem bonito...




...mas também bastante rústico...




Depois de sairmos dali alguns cheios de farinha eheh lá continuamos viagem sempre comprovando que no Tibete só havia paisagens de sonho...




Palavras para quê?




12.GYANGTSE 3,977 m

Gyangtse རྒྱལ་རྩེ་, terá uma população de cerca 8.000 pessoas. já foi das maiores cidades mas neste momento já não o é. É frequentemente referida como a "Cidade Heróica", porque durante a expedição britânica de 1904, as forças tibetanas apenas com armas tibetanas mantiveram os ingleses à distância durante cerca de dois meses ( isto num altura em que houve interesses ingleses pela região do Tibete).

É mais outra cidade imaculada, onde bancas de arte tibetanas (reparem nas botas) contrastam com características notórias da presença chinesa, como são as "game arcades"... e as inovadoras maneiras de cozinhar... vejam a última imagem da panela aquecida pela parabólica...




Em Gyangtse visitámos o Mosteiro Palchoe. O recinto do mosteiro é um complexo de estruturas que, para além do Templo Tsuklakhang, também inclui a famosa Kumbum Pagoda Stupa, que se acredita ser a maior estrutura do género no Tibete e é um dos locais de onde se pode avistar o forte Gyantse Dzong. Tem a característica de abarcar no mesmo espaço aspectos específicos de diferentes escolas.

Mas antes de entrarmos temos um corredor com rodas de oração (de que falei no Nepal) , pelo que vou aproveitar para, tal como prometido, contar quais os tipos de rodas que existem... Relembrando, a roda de oração, é um corpo cilíndrico montado num cabo de madeira ou metal. O cilindro em si é preso a um cabo ou corrente que lhe permite ser girado por uma ligeira rotação do punho, juntamente com o mantra que ele contém. Girar a roda é equivalente a ter verbalizado o mantra ou mantras que a roda contém tantas vezes como as voltas que a roda dá.

As rodas de oração que existem são: Roda de Água - é uma roda de oração que girada por água corrente. A água que é tocada pela roda é abençoada, e a roda purifica a energia de todas as formas de vida dos oceanos e lagos de que se alimenta; Roda de Fogo - é girada pelo calor de uma luz de vela ou dispositivo eléctrico. A luz emitida a partir da roda de oração, em seguida, purifica o karma negativo dos seres vivos que toca; Roda de Vento - é girada pelo vento. O vento que atinge a roda de oração ajuda a aliviar o carma negativo daqueles que toca; Roda Estacionária - Muitos mosteiros tem grandes rodas de metal fixas em conjunto lado a lado numa linha. Os transeuntes podem fazer girar toda a linha de rodas simplesmente deslizando as mãos sobre cada um delas (como é o caso desta roda da fotografia). Também pode ser apenas uma roda; Rodas Eléctricas - accionadas por motores eléctricos. Há quem diga que mérito de girar uma roda de oração eléctrica vai para a companhia eléctrica enquanto que se cada um usar a sua própria energia já terá o mérito pessoal; Rodas Digitais - O Dalai Lama comentou que GIFs animados em sites funcionam tão bem como outras rodas de outra oração emanando ondas de compaixão em todas as direcções na área circundante. Alguns sugeriram que um disco rígido com vários milhares de rotações por minuto pode agir com uma função semelhante a uma roda de oração, bastando salvar uma imagem de mantra Om mani padme hum ou outro no computador local ehehe No fundo acho que o que conta é mesmo a intenção...; Roda da Internet - Este tipo de oração é uma roda estacionária que pode ser activada através de uma interface web e visualizada através de uma webcam. Antes de girar a roda um desejo ou um mantra pode ser inserido no interface da web.... eheh

Bem mas deixando-nos de tecnologias vamos é entrar no templo...




Kumbum Pagoda Stupa. A arquitetura mais impressionante no complexo e um símbolo de Gyantse é o "Kumbum". Com 32 metros de alta estrutura, esta estrutura de nove camadas com 108 portas (108 interpretada como estrutura de nove níveis que representam espaço multiplicado pelo factor tempo de 12 signos do zodíaco), e 76 capelas e santuários que se sobrepõem uns aos outras. Os cinco primeiros andares são em formato quadrado, enquanto os restantes são circulares dando-lhe uma aparência piramidal.




Também lhe é dado o nome de "10.000 Buddha Pagode", devido às cerca de dez mil figuras de Buddhas em estátuas e pinturas murais existentes nas suas capelas que têm a melhor exibição de arte tibetana de "cores vibrantes e estilo naturalista". Três seitas budistas, Sakyapa, Kadampa e Gelugpa estão representadas no Kumbum.




As 76 imagens formam "uma hierarquia progressiva de três mandalas dimensionais, garantindo que a stupa encapsula dentro de si todo o caminho espiritual e gradação dos tantras. Parece confuso mas resumindo as mandalas representam normalmente o universo, ou um microcosmos externo ou interno, sendo o centro a terra de Buddha ou o simbolismo da mente iluminada e os tantras são as escrituras ou revelações que fazem a alusão a técnicas ou métodos de crescimento espiritual e que no budismo tibetano são divididas em 3 grupos. No fundo penso que representa o caminho em direcção à iluminação.

Bem mas algo que todos entendemos é a vista que se consegue ter quando se percorrem os vários andares do Kumbum, talvez também um simbolismo da cada vez mais mente iluminada... Só não sei se se perde mais a respiração por subir as escadas ou pela vista...




Não sei se era da Stupa ou não mas realmente a paisagem era divinal...




E dalí também se conseguia avistar um outro marco importante de Gyangtse, o seu forte Gyantse Dzong.




O Gyantse Dzong (Jiangzi Dzong) construído nas colinas que cercam a cidade em 1390 servia para proteger o vale e o acesso sul a Lhasa, a fortaleza era rodeada por um muro de 3 kilometros de comprimento.




Tsulaklakang é o templo principal do mosteiro. Tem um salão comum, "Tshomchen", bem preservado. A estrutura possui três pisos e tem pinturas murais e imagens do século XV bem preservadas.

O piso térreo tem na entrada se quatro imagens quatro reis guardiãos, deuses protectores do mundo e os combatentes do mal, cada um capaz de comandar uma legião de criaturas sobrenaturais que prometeram proteger Buddha, o Dharma e os seguidores de Buddha, quando estejam em perigo. Cada um deles tem a atenção virada para um dos pontos cardeais.




Pois como viram encontram-se imensas figuras com o aspecto de Buddha nos templos que representam diferentes divindades. Este templo é um excelente exemplo disso além destas figuras encontramos à porta encontramos dentro do templo imensas figuras de diferentes buddhas e bodittsavas:

Buddha Shakyamuni (Fundador do Budismo) — Nasceu na Índia. Em busca da verdade, deixou sua casa e, disciplinando-se severamente, tornou-se um asceta. Finalmente, aos 35 anos, debaixo de uma árvore Bodhi, compreendeu que a maneira de libertar-se da cadeia de renascimento e morte era através de sabedoria e compaixão – o "caminho do meio". Aqui podemos ver uma estátua sua de 8 metros de altura feita de 14.000 kg de cobre.
Buddha Amitabha (Buddha da Luz e Vida Infinitas) — Tem o atributo da longevidade e da consciência profundas.
Bhaishajya Guru (O Buddha da Medicina) — Cura todos os males, inclusive o mal da ignorância.
Buddha Maitreya (O Buddha Feliz) — É o Buddha do Futuro é aguardado como sendo o próximo Buddha.
Bodhisattva Avalokiteshvara (Aquele que olha pelas lágrimas do mundo) — Este Bodhisattva oferece sua grande compaixão para a salvação dos seres. Os muitos olhos e mãos representados em suas várias imagens simbolizam as diferentes maneiras pelas quais todos os seres são ajudados, de acordo com suas necessidades individuais.
Bodhisattva Kshitigarbha (Guardião do Mundo) — Sempre usando um cajado com seis anéis, possui poderes sobre o inferno, tendo feito o grande voto de salvar os seres que ali sofrem.




Os gestos das mãos que geralmente se vêem nas representações do Buddha, são chamados de "mudras", os quais propiciam comunicação não-verbal. Cada mudra tem um significado específico. Por exemplo, as imagens do Buddha Amitabha, normalmente, apresentam a mão direita erguida com o dedo indicador tocando o polegar e os outros três dedos estendidos para cima para simbolizar a busca da iluminação, enquanto a mão esquerda mostra um gesto similar, só que apontando para o chão, simbolizando a libertação de todos os seres sencientes. Nas imagens em que ele aparece sentado, ambas as mãos estão posicionadas à frente, abaixo da cintura, com as palmas voltadas para cima, uma contendo a outra, o que simboliza o estado de meditação. No entanto, se os dedos da mão direita estiverem apontando para baixo, isso simboliza o triunfo do Dharma sobre seres desencaminhados que relutam em aceitar o autêntico crescimento espiritual.


Na entrada do salão principal da Assembleia, existe um santuário protector chamado Gonkhang. A sala é impressionante com colunas decoradas com seda numerosas imagens frescos e várias pinturas e esculturas originais do século XV.




Apesar de Buddha não ter deixado nada escrito, no séc I dc os seus ensinamentos começaram a ser escritos. Um dos primeiros lugares onde isso aconteceu foi no Sri Lanka, dando origem às escrituras do budismo a que hoje se chamamos o Canone Páli, por ter sido escrito nessa lingua que é uma espécie de sânscrito simplificado. Foram textos como esses em sânscrito que foram levados para o Tibete e foram traduzidos para tibetano e duplicados para estarem acessiveis aos monges estudantes. São milhares e os monges podem consultá-los nestes templos e mosteiros... dêem uma vista de olhos a uma pequena parte da biblioteca...



O complexo tinha mais um templo mas a subida era grande e ninguém, a não ser o Tom, se atreveu... ehehe




Mas também havia alguns templos mais acessiveis, e mais pequenos onde pode ver alguns tibetanos a conversarem com um monge certamente da mesma forma que se fala com os padres...




Podemos encontrar sempre um grande número de pessoas e famílias a visitarem os templos... e alguns turistas... ehehh




E, onde quer que haja mosteiros, há monges, a maioria dos que vêm de famílias de agricultores que vivem nas proximidades. Muitas vezes os meninos serão persuadidos a se tornarem mais tarde os monges pelo significado espiritual que isso tem para a família. Outras vezes como os monges da seita Gelug não podem casar nem ter filhos e quando envelhecem normalmente escolhem um dos seus sobrinhos que esteja disposto para cuidar dele, esse sobrinho pessoa entra no mosteiro para estudar os sutras e outros conhecimentos relevantes. Após a morte do velho monge, normalmente o jovem irá tornar-se monge no mesmo mosteiro.




As crianças que se tornam monges na idade de 17 ou 18 anos continuam a ser tratados como os seus irmão do sexo masculino e também terão direito a uma parte das posses da família. Normalmente tem acesso à comida proporcionada pela família e a dinheiro para a sua casa e terreno no mosteiro e são conviados para as festividades, por vezes até conseguem ter dinheiro para comprarem bicicletas e telemóveis... Os monges de origens mais pobres não tem a mesma sorte e acabam com pouco para viver e alguns tem mesmo de trocar o mosteiro para sempre com a autorização do mosteiro, se não o fizerem tem que pagar uma multa de 5 yuan por cada dia que fiquem fora além do período aprovado.




13. GYANGTSE - LHASA

A última parte do percurso tinha ainda boas surpresas... e começaram logo pouco depois de sairmos de Gyangtse...



...como é o caso deste troço de estrada... brutal...




Reparem no pormenor da ilhota no meio...




... e tenham com a fotografia que se segue uma ideia da dimensão do lugar...




A certa altura afastei-me um pouco do grupo para explorar uma encosta ligeiramente mais afastada... e valeu imenso a pena... a vista era também muito bonita, no fundo era uma espécie de uma elevação numa parte estreita do rio e olhava para um lado e via aquelas cores de tijolo com a água esverdeada das primeiras fotografias e para o outro e via o verde tranquilo das encostas e a água azul...




Nesta encosta estavam estes montes de pedras que vimos tantas vezes cercados por bandeiras. Não cheguei a entender bem as explicações do guia, mas a minha livre intrepertação é de que este montes são como Stupas, feitas com a mesma intenção e valor como as Stupas monumentais que vimos, afinal Stupa significa amontoado...




Em relação às Stupas existem algumas crenças, por exemplo a construir de uma stupa é considerado algo extremamente benéfico, deixando marcas cármicas muito positivas na mente sendo os renascimentos felizes alguns dos resultados futuros desta acção. Do ponto de vista mundano os benefícios serão por exemplo, nascer numa família rica, ter um corpo bonito, uma voz agradável, ser atraente, ter capacidade de levar alegria aos outros e ter uma vida longa e feliz, em que seus desejos são preenchidos rapidamente. Do ponto de vista espiritual será capaz de alcançar rapidamente a iluminação. Destruir uma stupa, por outro lado, é considerado um acto extremamente negativo, semelhante ao assassinato. Tal acção cria um peso cármico terrível levando a enormes problemas futuros. Diz-se que esta acção irá deixar a mente num estado de paranóia após a morte e levará a renascimentos totalmente infelizes.

Seja como for a devoção com que assisti aqui a um tibetano a amontoarem as pedras não me deixou dúvidas da profundidade espiritual com que o estava a fazer...




No Nepal tinha ficado de falar dos vários tipos de Stupas e do que representam. Há 8 tipos diferentes tipos de stupas, referindo-se cada um aos diversos acontecimentos importantes na vida de Buddha. Não sei se estes amontoados se podem de alguma forma relacionar com alguma delas mas acho interessante a informação.

Stupa flor de lótus - Esta stupa refere-se ao nascimento de Buddha. Diz-se que no nascimento de Buddha deu sete passos em cada uma das quatro direcções. Em cada direcção nasceu um lótus, simbolizando: amor, compaixão, alegria e equanimidade. A stupa é decorada com desenhos de pétalas de lótus; Stupa da iluminação - Esta stupa simboliza a altura em que Buddha, com 35 anos alcançou a iluminação sob a árvore bodhi, em Bodh Gaya. Diz-se que ele conquistou as tentações mundanas e ataques que se manifestam sob a forma de Mara (demónio); Stupa de muitas portas ou portões - Depois de atingir a iluminação, Buddha ensinou os seus primeiros estudantes num parque de cervos perto Sarnath. Aqui, ele deu seus primeiros ensinamentos básicos, com uma série de portas em cada lado da escadaria como a Stupa de Gyangtse.
Stupa da descida do reino de Deus - Aos 42 anos de idade, Buddha passou um retiro de verão em Tushita, onde supostamente a sua mãe tinha renascido. A fim de retribuir a sua bondade, ele ensinou o Dharma à sua mãe reencarnada. Esta stupa é caracterizada por ter uma projecção central em cada lado com uma escada tripla. Stupa de grandes milagres - esta stupa refere-se a vários milagres realizados por Buddha quando tinha 50 anos. A lenda alega que ele dominou vários demónios, conhecidos como maras e tirthikas; Stupa de reconciliação – relativa à reunião da Shangha, que tinha sido dividida em litígio, conseguida por Buddha; Stupa da vitória completa
Esta stupa comemora sucesso de Buddha prolongar a sua vida por três meses. Tem apenas três etapas, que são circulares e sem adornos; Stupa de Nirvana -Esta stupa refere-se à morte de Buddha, quando tinha 80 anos. Simboliza a absorção completa do Buddha no mais elevado estado de espírito. É em forma de sino e, geralmente, não ornamentada.




Mais umas fotografias deste paraíso no paraíso...




E lá seguimos viagem pela estrada nº 318 (o meu nº no colégio ehhe), esta estrada que tinhamos vindo a percorrer chama-se estrada da amizade e liga Kathmandu a Lhasa.




Os campos verdes embalados pelo vento...




O azul, o verde, a paz da paisagem... a quietude faz lembrar os jardins dos templos Zen em Kioto no Japão...




Alguns iaques... Iaque é um bovino de pelagem longa encontrado na região dos Himalaias. Além de uma grande população doméstica, há uma população pequena e vulnerável de iaque selvagem. Em Tibetano, a palavra gyag refere-se só ao macho da espécie; uma fêmea é um dri ou nak.





E mais uma surpresa... o Kalais Kora Glacier.




Cada vez mais próximo...




...mas não faziamos ideia que iamos ficar tão perto...




Aqui fizemos mais uma paragem e aproveitámos para ver as casas...




...e as pessoas...




Seguindo viagem, lá nos dirigimos para mais um espanto...

O Tibete tem vários lagos de altitude. Muitos mesmo, a maioria deles bem mais a norte... mas o um deles o Yamdrok Yumtso, ཡར་འབྲོག་གཡུ་མཚོ que com as suas águas turquesa está no caminho da estrada 318, pouco antes de se chegar a Lhasa...




O Yamdrok Yumtsoé um dos três maiores lagos sagrados do Tibete, tem mais de 72 km de comprimento e 638 km ² de área e tem uma profundidade desconhecida.




Tem a forma de um escorpião, dobrado sobre si mesmo no lado ocidental, criando uma criande ilha no meio. O lago é tipicamente montanhoso com muitas ameias, numerosas baías e enseadas.




Está cercado por muitas montanhas cobertas de neve que o alimentam, possui um fluxo de saída, na sua extremidade ocidental e congela no inverno.




Tal como as montanhas os lagos são considerados sagrados pelo povo tibetano sob o princípio serem os locais de habitação das divindades protectoras e, portanto, têm de poderes espirituais especiais.




O Yamdrok Lake é um dos quatro lagos particularmente santos, é reverenciado como um talismã e é parte integrante da vida espiritual do povo tibetano que faz peregrinações até ao lago.




É o maior lago no sul do Tibete, é diz-se que, se as suas águas secarem, o Tibete não será mais habitável.




Imaginem a nossa surpresa, quando começámos a avistar o lago da estrada... não estavamos à espera de nada e de repente começamos a ver ao longe um "mar das caraíbas", com uma água de um azul turquesa profundo, a mais de 3000 metros de altitude, acho que pensámos que estavamos a alucinar com a altitude ehehe




Claro que tivemos que parar... nem que eu e o Tom nos atirássemos da janela... eheeh




O Tom, louco como sempre... e o Norberto junto à estrada prestes a juntar-se aos dois viciados em fotografias...




Não cheguei a contar mas eu e o Norberto a certa altura fizemos um trato ele tiráva-me fotografias a mim e eu a ele, assim já nem precisavamos de pedir já sabiamos que fazia parte do plano eheh




Apetecia ficar ali mas lá seguimos viagem...




E enquanto se avista o lago não há como deixar de tirar fotografias...





Reparem nesta estrada... Já tinhamos feito uma estrada bastante parecida com esta, naquela altura em que o motorista nos tentou intoxicar com a gasolina a mais de 5000 metros de altitude... tendo em conta que para além tudo mais ele estava a descer a estrada como se não houvesse amanhã, nessa altura não tirei fotografias nenhumas, mas aqui consegui uma gira! eheheh




Já quase a chegar a Lhasa... aqui é um pouco como em África no meio do nada vê-se alguém a ir sabe Deus de onde para onde... eheh




E tão depressa passamos de uma paisagem desértica, para outra que de desértica nao tem nada... Em comum como sempre... a beleza...




Mais umas paisagens imaculadas mesmo antes de chegarmos a Lhasa...




E uma paragem, para vermos umas pinturas murais... As representações de arte tibetana são intrinsecamente ligadas com o budismo tibetano e geralmente retratam divindades ou variações de Buddha em diversas formas de estátuas de bronze budistas e santuários, com pinturas thangka (pintura tibetana) altamente coloridas e mandalas.




E por fim...

15. LHASA 3,490 m

Lhasa ལྷ་ས་ é a capital administrativa da Região Autónoma do Tibete da República Popular da China. A região de Lhasa abrange uma área de cerca de 30.000 km2 com uma área central de 544 km2 e tem uma população total de 500.000 dos quais 250.000 vivem na área urbana.

Lhasa é também o centro tradicional da rede comercial do Tibete e isso é bem claro no Mercado Barkhor no coração da antiga Lhasa...




... com suas ruas estreitas casas brancas de pedra, janelas pintadas e emolduradas em madeira pintada de preto...




... é palco para a venda de praticamente tudo... mesmo petiscos deliciosos que se podem comer em bancas improvisadas na rua...




O mercado é constituido por todo um conjunto de ruas que se desenvolvem à volta de um dos principais templos de Lhasa o Jokhang Temple que tem a entrada principal numa das principais praças da zona, a Barkhor Square.

Os peregrinos circulam o templo, antes de entrarem, como parte da peregrinação ao local. A rota é conhecida como a kora e é marcada por quatro grandes queimadores de incenso colocados nos cantos do complexo do templo.




À porta do templo encontramos uma série de budistas tibetanos devotos aguardando pela abertura das portas...




... e outros em rituais ascéticos...

Ascese, do grego ἄσκησις, askesis, "exercício" descreve um estilo de vida caracterizado por vários tipos de abstinência dos prazeres mundanos, e muitas vezes automortificação, com o objectivo de atingir objectivos religiosos e espirituais. Aqueles que praticam estilos de vida ascética não consideram as suas práticas virtuosas em si, não é para serem entendidas como uma negação do gozo da vida ou masoquismo, mas a persecução de um estilo de vida, que incentiva, ou "prepara o terreno" para, a transformação do corpo-mente, trazendo uma maior liberdade em diversas áreas das suas vidas (como a liberdade de compulsões e tentações) e maior tranquilidade da mente (com um aumento da clareza e poder do pensamento).




O Jokhang Temple que significa " Casa de Buddha". Para a maioria dos tibetanos é o templo mais sagrado e importante no Tibete e diariamente devotos de todos os cantos do Tibete, percorrem longas distância para o visitarem. É uma construção de quatro andares, com telhados cobertos com telhas de bronze dourado num complexo com 25 000 m2. Juntamente com o Palácio de Potala, é provavelmente o mais popular atracção turística em Lhasa e é parte do Património Mundial da Unesco.




Foi fundado durante o reinado do rei Songsten Gampo (605 -650 DC) para celebrar o seu casamento com uma princesa da dinastia chinesa Tang Wencheng, que era um budista.




O templo às vezes é chamado de Tsuklakang "Casa da Sabedoria". O termo tsuklak refere-se a "ciências", como geomancia, astrologia, adivinhação que faziam parte da religião pré-budista xamanistica agora referida como Bon.




O salão principal do templo abriga a estátua do Buddha Sakyamuni Jowo, talvez o objecto mais venerado no budismo tibetano. Uma capela para o sul do salão principal abriga muitas estátuas de vários Bodhisattva e há também no templo famosas estátuas de alguns reis e princesas.

Se reparem com atenção nas fotografias podem ver alguns monges nas salas, dois a conversar e um deitado a descansar.




O interior do Jokhang é, à semelhança dos outros templos, um labirinto escuro de capelas dedicadas a vários deuses e bodhisattvas, iluminadas por velas de manteiga e envoltas num manto de fumo de incenso.

As lamparinas e velas de manteiga de iaque དཀར་མེ་ são uma constante nos templos e mosteiros budistas tibetanos. Os tibetanos oferecem estas velas, em representação da iluminação da sabedoria banindo a escuridão, juntamente com sete taças contendo água pura, ou outras ofertas simbólicas como água de lavagem, água potável, flores, perfume, comida, som, dinheiro. Também oferecem incenso aromático que purifica não só a atmosfera, mas também a mente e simboliza que assim como sua fragrância alcança longas distâncias também os bons actos também se espalham em benefício de todos. Também é costume oferecerem-se nos altares, lenços brancos, khata, que depois podem ou não ser devolvidos pelos monges assistentes, com uma bênção. A ideia é que fazer uma oferenda, qualquer que seja, permite que reflictamos sobre a vida, confirmando as leis de reciprocidade e interdependência. Apesar dos budistas tibetanos fazerem ofertas de objectos concretos em abundância acreditam que a oferta mais perfeita é um coração honesto e sincero. Quando se aproximam dos altares dos Buddhas ou Bodittasvas curvam-se em reverência, este acto significa humildade e respeito e serve também para se recordarem das qualidades virtuosas que cada um deles representa.




O Templo, inicialmente construído num estilo indiano, foi posteriormente ampliado resultando numa combinação de estilos do Nepal e da Dinastia Tang.



Embora partes do templo tenham sido reconstruídas, alguns elementos originais dos séculos VII e VIII permanecem, como as vigas de madeira, as molduras Newari e as colunas e florões.




Um conjunto de monges a sairem de uma das salas do templo.




E uma curiosidade: Há dois pilares inscritos nos flanco norte e sul do templo. O pilar do lado sul foi construído pelos chineses em 1793 durante uma epidemia de varíola e contém conselhos sobre as medidas de higiene para a doença. No lado norte, outro pilar muito mais velho tem gravado o tratado sino-tibetana de 822 celebrado pelo rei Ralpacan e inclui a seguinte inscrição: "o Tibete e a China devem respeitar as fronteiras actuais. Tudo a leste é do país da Grande China, e tudo a oeste é, sem dúvida, do país do Grande Tibete. Assim nenhum dos lados deve travar uma guerra, nem fazer qualquer apreensão de território do outro. Se qualquer pessoa suspeita incorrer nisso deve ser presa; o seu empreendimento deve ser examinado e ela deve ser escoltado de volta .”

Em baixo a vista do templo sobre Barkhor Square.




No telhado do templo a roda da vida e uma dhvaja. Muitas variações de dhvajas podem ser vistas nos telhados dos mosteiros tibetanos e simbolizam a vitória de Buddha ao longo de quatro maras - Mara, o "maligno", que tentou impedir Buddha de alcançar a iluminação, o obstruidor demoníaco para o progresso espiritual, é apresentado no budismo tibetano como um grupo de quatro "maras" ou "más influências" .




Apesar do património tibetano ser enorme, cada vez se nota mais em Lhasa a influência chinesa e há quem defenda que os tibetanos a estão em minoria na cidade, por causa do afluxo de migrantes de outras partes da República Popular da China nos últimos anos (sobretudo chineses Han e Hui).




Lhasa em tibetano significa "Lugar dos Deuses" e o Potala Palace པོ་ཏ་ལ, que foi a principal residência dos Dalai Lamas, encarnações na forma humana do Buddha da Infinita Compaixão, diz-se ser a representação terrena de um palácio celestial, Avaloketeswora .

O Potala Palace encontra-se a 3.700m de altitude. O edifício sobe 117 metros acima da colina e 300m acima do vale e tem 400 metros de leste a oeste e 350 metros de norte a sul. Contém mais de 1.000 quartos, 10 mil templos e 200.000 estátuas. É Património Mundial da Humanidade e foi convertido em museu pelo governo chinês.




O local foi usado como um retiro de meditação pelo Rei Songtsen Gampo, que construiu em 637 o primeiro palácio para cumprimentar sua noiva, a Princesa Wen Cheng da Dinastia Tang da China.
O 5º Dalai Lama, iniciou a construção do Palácio de Potala em 1645 , depois de um dos seus conselheiros espirituais, ter apontado aquele lugar como ideal para sede do governo, devido à sua localização entre os mosteiros de Drepung e Sera e a cidade velha de Lhasa (Barkhor). O Dalai Lama e seu governo mudaram-se para o palácio branco em 1649.




O Palácio Branco ou Potrang Karpo é a parte do Palácio de Potala que compõem os aposentos do Dalai Lama foi aumentado para o seu tamanho actual pelo 13º Dalai Lama. O palácio foi usado para uso secular e continha os alojamentos, escritórios, o seminário e a tipografia. Um pátio central pintado de amarelo, conhecido como Deyangshar separa os aposentos do Lama e seus monges, o Palácio Vermelho, do outro lado do Potala é completamente devotado ao estudo religioso e de oração. Contém as stupas de ouro, os túmulos de oito Dalai Lamas e numerosas capelas, santuários cheios de riquezas e bibliotecas com escrituras budistas.




O Palácio Potala foi inscrito na Lista de Património Mundial da Unesco em 1994. A modernização tem sido uma preocupação para a Unesco que expressou preocupação com a construção de estruturas modernas imediatamente em torno do palácio e que ameaçariam a atmosfera única do palácio. O governo chinês reagiu, aprovando uma norma proibindo a construção de uma estrutura mais alta do que 21 metros na área. A Unesco também estava preocupada com os materiais utilizados durante a restauração do palácio, que começou em 2002 a um custo de 22,5 milhões de dólares, embora o director do palácio, Qiangba Gesang, tenha esclarecido que apenas foram utilizados materiais tradicionais e artesanato. O Palácio também recebeu obras de restauro entre 1989 e 1994 que custaram 6.875 mil dólares… O número de visitantes do palácio foi limitado a 1.600 por dia para poupar as estruturas, a partir de 2003 contudo as quotas foram aumentadas para 2,300 por dia para acomodar um aumento de 30% de visitantes desde a inauguração da ferrovia Qinghai-Tibete em 2006, ainda assim esta quota é frequentemente atingida a meio da manhã.

Nesta fotografia vemos alguns tibetanos a fazerem obras nos corredores que dão acesso à entrada do palácio. Como trabalham ao ritmo de batidas, ao início não se percebe o que estão a fazer... parece mais música que trabalho...

A música do Tibete reflecte o património cultural da região, sendo a mais importante a música religiosa, o que espelha a profunda influência do budismo tibetano sobre a cultura. A música tibetana envolve frequentemente cantos em tibetano e sânscrito, como parte integrante da religião. Estes cânticos são complexos, muitas vezes recitação de textos sagrados. O Canto Yang realizado sem tempo métrico é acompanhado por tambores ressonantes e sílabas em baixo sustenido. Outros estilos incluem aqueles exclusivos para as várias escolas do budismo tibetano, tais como a música clássica da escola Gelugpa e a música romântica de outras escolas. A Música Nangma é especialmente popular nos bares de karaoke da zona urbana do Tibete, Lhasa. Outra forma de música popular é o estilo clássico gar, que é realizado em rituais e cerimônias. Lu é um outro tipo de canções que possuem vibrações glóticas e campos altos. Há também canções de poemas épicos que falam do herói nacional do Tibete, Gesar.




Nesta região o ar contém apenas 68% do oxigênio em relação ao nível do mar. O que não favorece as subidas ingremes...




A tradição diz que os três principais montes de Lhasa representam os "Três Protectores do Tibete.", sendo um deles o monte sobre a qual o Potala foi erguido.



A vista impressionante de Lhasa vista do Potala... 
Os tibetanos têm uma série de características próprias. Uma delas é a lingua.
O Tibetano é falado em vários dialectos regionais que, embora às vezes mutuamente inteligíveis, geralmente não o são. É empregado em todo o planalto tibetano e no Butão e também é falado em algumas partes do Nepal e norte da Índia. Em geral, os dialectos do Tibete central (incluindo Lhasa), Kham, Amdo e algumas pequenas áreas próximas são considerados dialectos tibetanos. Outras formas, nomeadamente Dzongkha, Sikkim, Sherpa, e Ladakhi, são considerados por seus falantes, principalmente por motivos políticos, como línguas separadas. No entanto, se considerarmos estes últimos o tibetano é falado por cerca de 6 milhões de pessoas em todo o planalto tibetano e mais cerca de 150.000 tibetanos no exílio que fugiram do Tibete para a Índia e outros países.





Uma vista do Potala de cortar a respiração, tirada numa das saídas há noite, a praça em frente ao Palácio é bastante concorrida e o ambiente com música de fundo bastante animado. Daqui fomos para uma discoteca hiper ocidentalizada, parecia tudo menos que estavamos no Tibete eheheh

 



Numa das nossas saídas passámos um tempo bem animado (veja-se pela quantidade de garrafas de cerveja que bebemos em copos de shot...) num bar com tibetanos e também chineses. Aqui conseguimos ter uma ideia concreta do que pensam os tibetanos da qestão china-tibete. Antes de comentar as minhas conclusões levanto um pouco a polémica:

Desde 1950 que os direitos humanos no Tibete se tornaram uma questão controversa. Segundo a organização não-governamental "Save Tibet", foi negada ao povo tibetano a maioria dos direitos garantidos na Declaração Universal dos Direitos do Homem, incluindo os direitos à autodeterminação, liberdade de expressão, de reunião, de movimento e expressão.Chega a defender-se que as violações dos direitos humanos contribuiu para as migrações de tibetanos para fora do Tibete e alguns têm ido tão longe como acusar que as atitudes da China são próximas do genocídio cultural.

O governo tibetano no exílio reivindica que a China não permite que as organizações independentes de direitos humanos no Tibete, e delegações estrangeiras tenham acesso livre para se reunirem com os tibetanos. O Centro Tibetano para os Direitos Humanos e Democracia afirma que mais de 11 mil monges e monjas foram expulsos do Tibete desde 1996 por se oporem à "reeducação patriótica" sessões realizadas em mosteiros e conventos no âmbito campanha chinesa.

Warren Smith, um estudioso independente retrata a China como "chauvinista" que acredita ser superior aos tibetanos, e afirma que o Partido Comunista Chinês usa tortura, coacção e fome para controlar a população tibetana.

De acordo com a China, o progresso rumo a uma sociedade próspera e livre no Tibete (que por sua vez é parte dos direitos humanos), que tem como pilares o desenvolvimento económico, o avanço legal, e a emancipação dos servos, tem sido substancial.

Daquilo que vi e ouvi no tibete, tudo isto pode bem ser verdade, contudo a impressão mais forte é de que a China trouxe de facto prosperidade para a região e que os tibetanos hoje em dia vivem melhor. Pareceu-me que o único senão é com efeito a ameaça cultural e religiosa e o sentimento de já não se sentirem donos do seu território e de certa forma donos do seu destino. Acredito também que exista ainda alguma dor pelas mortes causadas pelos chineses e por tudo o que de sagrado para os tibetanos foi destruido mas para nós turistas isso não é visivel. 






Mosteiro de Drepung encontra-se a cerca de 8 km a oeste de Lhasa. O seu nome Drepung significa "monte de arroz" e foi o maior e mais rico de todos os mosteiros no Tibete e do mundo. Antes da invasão chinesa, albergava mais de 10 mil monges e estava dividido em quatro faculdades, cada com os seus dormitórios, cozinhas e escritórios. Foi fundado em 1416 pelo discípulo de Je Tsonkhapa, fundador da escola Gelukpa (também chamada de Chapéu Amarelo). O segundo, terceiro e quarto Dalai Lamas viviam e foram sepultados aqui. Hoje, vivem no Drepung cerca de 400 monges.




Da encosta, avista-se a cidade de Lhasa.




Os caminhos exteriores contrastam com o ambiente solene das salas e capelas dos templos.





Alguns pormenores das casas dos monges existentes no mosteiro. 








O mosteiro e a entrada do templo principal…
 




Mais alguns pormenores…




Os frescos e as cores vivas tão típicas dos mosteiros.




Existe um outro mosteiro em Lhasa que é bastante famoso, o Sera Monastery, que ao que dizem não é tão grandioso como o Drepung mas é mais sereno rodeado por pequenos templos. Contudo achámos que já tínhamos tido uma boa quota de museus e preferimos assitir a uma “aula” sobre Medicina Tibetana num hospital tibetano.

Sintetizando o conhecimento de vários sistemas médicos e a partir de milhares de anos de conhecimento empírico e da intuição sobre a natureza da saúde e da doença, os tibetanos criaram uma abordagem à ciência médica estabelecida.


Nesta apresentação foi-nos explicado o modo como é feito o diagnóstico e foram-nos apresentados alguns manuscritos que representam as diferentes situações possíveis de saúde ou doença, as suas causas e consequentemente os modos de recuperar o equilíbrio do sistema físico.




Séculos atrás, antes de o Budismo entrar no Tibet, os tibetanos, como todos os povos antigos tinham um significativo grau de conhecimento médico. No começo do século IV muitas novas ideias sobre a medicina começaram a entrar no país. As primeiras influências vieram da Índia, sob a forma do que hoje é chamado de medicina ayurvédica, mas também vieram outras inclusivé algumas baseadas nos sistemas budistas de natureza mais espiritual e psicológica.




Por volta dos séculos VII-VIII o governo tibetano começou a patrocinar conferências, onde médicos especializados em sistemas médicos da China, Pérsia, Índia e Grécia apresentavam e debatiam as suas ideias relativas à saúde e ao tratamento da doença. Aqueles com habilidades superiores ao nível do diagnóstico, tratamento e compreensão da doença foram convidados a permanecer e contribuir para o conhecimento médico do país.




No século XI, esse conhecimento foi compilado num sistema único, contendo uma síntese dos princípios da medicina física e psicológica imbuídos de uma compreensão espiritual budista, reconhecendo a saúde e a doença como resultados da relação entre a mente e o corpo e da conexão das pessoas com o mundo natural e sentido de espiritualidade.




Ao lado da sala havia uma estátua de Bhaiṣajyaguru, mais formalmente Bhaiṣajyaguruvaidūryaprabharāja भैषज्यगुरुवैडूर्यप्रभाराज " mestre da medicina e rei do reino da luz pura de lápis lazuli" que é o Buddha da Cura e da Medicina no budismo tibetano. É comummente referido como o Buddha da Medicina e é assistido por dois bodhisattvas que simbolizam o sol e a lua. O Buddha da Medicina fez 12 votos que podemos condensar na expressão: "Eliminar todos os sofrimentos e aflições dos seres sencientes”.

Diz-se que aumenta os poderes de cura de doenças físicas, mentais , ajudando a superar as doenças interiores do apego, do ódio e da ignorância e ajuda na purificação do carma negativo, aliviando os seres de todo o sofrimento.

Uma curiosidade: Um ritual em que alguns tibetanos acreditam é o de que um paciente deve recitar o mantra do Buddha da Medicina 108 vezes para um copo de água, esta fica abençoada pelo poder do mantra e pela bênção do próprio Buddha da Medicina e o paciente deve beber a água. Esta prática deve ser repetida todos os dias até que a doença seja curada. 





Em Lhasa tivemos bastante tempo livre para visitar o Mercado Barkhor e a cidade e decidimos alugar bicicletas, foi uma óptima ideia e divertimo-nos imenso a passear pelas ruas ao estilo daquela série espanhola em que eles andavam todos de bicicleta uns atrás dos outros... ( não me lembro do nome, acho que não adorava mas agora lembrei-me disso). Mas teve graça andarmos todos juntos pela rua a tocar nas campainhas quando passávamos por peões e toda a gente se ria com o nosso grupo, parecia que nunca tinham visto um grupo de turistas a passear de bicicleta por ali... eheh.




Percorremos a cidade e passámos novamente no Potala... 




Entrámos de bicicleta pelos mercados... nada de mais... já que até motas andavam por ali...




E fomos até ao Palácio de Verão...

Norbulingka ནོར་བུ་གླིང་ཀ་ "Jardim do Tesouro” é um palácio que serviu como residência de verão tradicional dos sucessivos Dalai Lamas. O palácio, com 374 quartos, abrange uma área de cerca de 36 hectares e é considerado o maior jardim do Tibete e talvez do mundo. O parque é tão grande que a bicicleta é a melhor forma de apreciar a beleza do ambiente. Está localizado a 3 km a oeste do Palácio de Potala, que era o palácio de inverno. É reconhecido como um Património Mundial da Humanidade.

Durante os meses de verão e outono, os parques no Tibete, incluindo o Norbulinga, tornam-se centros de entretenimento com dança, canto, música e festas.

Aqui uma família que pediu para lhes tirar uma fotografia, os tibetanos, são mesmo uma simpatia!!




Quando a construção do palácio foi iniciada, o local era um enorme terreno baldio, cheio de ervas daninhas, arbustos e animais selvagens. No seu auge, embora situado a 3.650 metros de altitude, podia vangloriar-se de ter bonitas flores como rosas, petúnias, malmequeres, crisântemos e outras plantas raras. Também existiam árvores de fruta (maçãs, pêssegos e damascos), embora os frutos não amadurecessem em Lhasa, e árvores de álamo e de bambu. Ainda podiam encontrar-se pavões e patos nos jardins e nos lagos. Há também um jardim zoológico em Norbulingka, inicialmente criado para manter os animais que foram dados ao Dalai Lama.

Durante a invasão chinesa do Tibete em 1959 uma série de edifícios foram danificados. Foi somente a partir de 2003 que o Governo chinês iniciou obras de renovação aqui para restaurar algumas das estruturas danificadas, e também os jardins e os lagos.




O palácio tem uma grande colecção de lustres italianos, frescos, tapetes tibetanos, e muitos outros artefactos e obras de arte e escultura de vários grupos étnicos do Tibete (30 mil relíquias culturais da história antiga do Tibete). Os aposentos do 14 º Dalai Lama quarto, quarto de meditação, casa de banho e sala de conferências, fazem parte da exposição...




O complexo todo Norbulingka era delimitado por dois conjuntos de muralhas. A parte interior delimitada por um muro amarelo, era exclusiva para o Dalai Lama e habituais acompanhantes. Os funcionários e da família do Dalai Lama ficavam na zona entre a parede interna amarela e a parede exterior.




Foi a partir do palácio Norbulingka que o Dalai Lama fugiu para a Índia a 17 de Março de 1959 sob a forte convicção de que seria capturado pelos chineses. Nesse dia, o Dalai Lama, saiu do palácio vestido como um tibetano carregando uma espingarda, devido a uma tempestade de poeira não foi reconhecido. Segundo as notícias da altura o Dalai Lama e seus funcionários, que também haviam escapado do palácio, sairam da cidade em cavalos para se juntarem às suas famílias para a caminhada para a Índia. Os chineses apenas descobriram a fuga dois dias depois. O grupo viajou através dos Himalaias, durante duas semanas e, finalmente, cruzou a fronteira indiana, onde receberam asilo.

16. CANYON DO YARLUNG ZANGBO E LAGO NAMTSO

Dois sítios que não visitei mas que me parecem de ver numa próxima viagem: O Canyon do Yarlung Zangbo, ao longo do rio com o mesmo nome, e que está entre os mais profundos e mais longos desfiladeiros do mundo e a região dos lagos e o Lago Namtso.
 




17. LHASA - KATHMANDU

O meu próximo destino era a India e tinha decidido regressar de avião via Kathmandu, é que o voo de Lhasa a Kathmandu é algo a não perder...





Primeiro dá-nos a oportunidadade de vermos de cima toda o caminho que tinhamos feito...




... e depois dá-nos a oportunidade de vermos os Himalaias do avião...

Os Himalaias, são a mais alta cadeia montanhosa do mundo, localizada entre a planície indo-gangética, ao sul, e o planalto tibetano, ao norte. A cordilheira abrange sete países (Índia, China, Butão, Nepal, Paquistão, Myanmar, Afeganistão) e contém a montanha mais alta do planeta, o Monte Everest. O nome Himalaia vem do sânscrito e significa "morada da neve". Os Himalaias espalham-se, de oeste para leste, do vale do rio Indo ao vale do rio Bramaputra, formando um arco de cerca de 2500 km de extensão e com uma largura variando de 400 km no oeste, na região da Caxemira-Tibete, a 150 km no leste, na região do Tibete- Arunachal Pradesh. O Tibete tem algumas das montanhas mais altas do mundo, com várias fazendo a lista das dez maiores.



... e ainda nos dá a oportunidade de sobrevoar o Monte Everest...

O Monte Everest é a montanha mais alta do mundo, acima do nível do mar em 8848 metros. Fazendo parte da Cordilheira dos Himalaias está localizado na fronteira entre o Nepal e o Tibete, China.





A determinação da altura exacta do Everest demorou cerca de 50 anos... Durante o ano de 1808, os britânicos começaram a grande estudo cartográfico da Índia para determinar a localização e os nomes das montanhas mais altas do mundo. Houve dificuldades em atribuir a altura correcta ao Everest devido ao facto de tanto o Nepal como o Tibete terem fechado as suas fronteiras a estrangeiros devido ao medo da invasão dos respectivos territórios. Assim os britânicos tiveram de fazer as suas observações desde uma distância considerável. Em 1849 conseguiram aproximar-se até aos 174 km de distância para as medições mas não tiveram em conta a refracção da luz nos seus cálculos e atribuíram-lhe 9,200 m. Em 1854/6 baseados em estudos de um matemático indiano e já corrigindo os cálculos com problemas da refracção da luz, pressão barométrica e temperatura chegaram aos 8 840m (o valor calculado era de exactamente 29.000 ft (8,839.2 m) de altura, mas foi declarado publicamente a 29.002 pés (8,839.8 m). A adição arbitrária de dois pés (61 cm) foi para evitar a impressão de que uma altura exacta de podia ser uma estimativa arredondada. Em 1856, o grande estudo cartográfico da Índia estabeleceu a altura do Everest, então conhecido como Pico XV, a 29.002 pés (8.840 m). Os 8848 m (29.029 pés) de altura dada são agora a altura oficialmente reconhecido tanto pelo Nepal como pela China. Em 2005, após vários meses de medição e cálculo, a Academia Chinesa de Ciências e Agência Estadual de Pesquisa e Mapeamento anunciou oficialmente a altura do Everest como m 8,844.43, com precisão de ± 0,21 m. Alegaram que foi a medida mais exacta e precisa a data, foi baseada no ponto mais alto de rocha e não sobre a neve/gelo que o cobre, mas a equipa chinesa também mediu a altura da neve/gelo em 3,5 m que está de acordo com uma elevação líquida de 8,848 m. A neve e a espessura do gelo varia ao longo do tempo, fazendo com que a medida exacta da capa de gelo seja impossível de determinar. 




O nome é alvo de alguma polémica... Em tibetano chama-se Qomolangma ou Chomolangma ཇོ་མོ་གླིང་མ, que significa "santa mãe", o nome do local em Darjeeling é Deodungha que significa "montanha sagrada", no final do século 19, muitos cartógrafos europeus incorretamente acreditavam que o nome Nepalês para a montanha era Gaurisankar (resultado da confusão do Monte Everest com o real Gauri Sankar, que, quando visto de Kathmandu, está quase em frente do Everest)... Andrew Waugh, o topógrafo britânico geral da Índia, entendeu que com a infinidade de nomes locais e desentendimentos políticos, seria difícil para favorecer um nome específico sobre todos os outros. Então, decidiu que o Pico XV deveria ser nomeado em honra de George Everest, o seu antecessor e escreveu: Fui ensinado pelo meu respeitado chefe e antecessor, o Coronel Sir George Everest, a atribuir a cada objecto geográfico a sua denominação local ou nativa. Mas esta é provavelmente uma montanha das mais altas do mundo, sem qualquer nome local que consigamos descobrir, cuja denominação indígena, se existir alguma, não vai muito provavelmente ser determinado antes de podermos entrar no Nepal. Assim, o privilégio, bem como o dever recai sobre mim de atribuir um nome que possa ser conhecido entre os cidadãos os geógrafos e tornar-se uma designação comum entre as nações civilizadas . Em 2002, o jornal chinês Diário do Povo publicou um artigo contra a continuação da utilização do nome em Inglês, pelo mundo ocidental, insistindo que se deve utilizar o seu nome tibetano. O jornal argumentou que a utilização do nome chinês do Tibete precedeu o Inglês, como o Monte Qomolangma como foi marcado num mapa chinês há mais de 280 anos atrás.

Algumas fotografias, tiradas da web, de Everest, homem e montanha..





A maior montanha do mundo atrai montanhistas bem experientes, bem como alpinistas inexperientes, que estejam dispostos a pagar somas substanciais por licenças e guias de montanha, para completarem uma escalada de sucesso. A montanha, embora não represente dificuldade substancial em técnica de escalada em tem muitos riscos devido à sua altura, como a doença da altitude e perigos iminentes criados pelas condições meteorológicas e do vento. As condições são tão difíceis na zona da morte (altitudes superiores a 8.000 m) que a maioria dos que ali morreram foram deixados onde caíram. Esta fotografia que se segue foi retirada da internet mas é semelhante a uma que me mostraram tirada do base camp... parece que é lindo ver o nascer do sol no Everest...




Passada a cordilheira começamos a avistar o Nepal e em poucos minutos estamos sobre Kathmandu.

E é o fim desta excelente aventura com a chegada ao Nepal, ao aeroporto de Kathmandu de onde segui para a Índia... mas essa história ficará para o próximo Post...




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